Idealizado há cinco anos em Nova Friburgo através da Caravana Cultural da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), o projeto Apagando Cicatrizes, tem a finalidade de amenizar os impactos visuais causados pela tragédia climática de 2011. Desde então, vários muros de contenção foram construídos nos locais afetados por deslizamentos de encostas. Essas construções de concreto armado mais se assemelham a grandes cicatrizes desencadeando nos moradores lembranças de episódios de dor e tristeza.
Visando a contribuir com o bem estar, com o resgate da autoestima e a valorização da cidade e da população, o Apagando Cicatrizes têm o intuito de minimizar o impacto visual que essas contenções causam na paisagem através da técnica de muralismo, transformando as contenções em painéis narrativos em grande escala, que além de decorar o local levará conteúdo e informações aos espaços escolhidos.
Sobre tirar esse cinza que remete a tragédia e trazer uma vida aos muros da cidade, os idealizadores do projeto ressaltam que “quem pinta coloca amor. Se você não gosta daquilo você deixa cinza no reboco, pichado e abandonado”, observa o idealizador do projeto, Robson Sark (foto), ao citar cidades como Lisboa, Miami, Amsterdam entre outras do cenário internacional, que já utilizam de projetos envolvendo muralismo como ferramenta de revitalização e reintegração de locais estratégicos. Além disso, essa novidade traz a possibilidade de interação com todas as classes sociais, trazendo acesso à cultura e arte. “A utopia máxima era conseguir colocar a cidade em um circuito de arte urbana, fazendo com que a cidade vire referência de turismo com arte”, ressalta Sark.
O Apagando Cicatrizes saiu da gaveta em 2019 e, desde então, Robson Sark e Vinicius Figueira estão tentando conseguir as liberações burocráticas para a sua concretização. O projeto está na etapa final, só esperando a aprovação da Prefeitura de Nova Friburgo, para que algumas encostas recuperadas da cidade ganhem vida com as intervenções artísticas.
O friburguense Vinicius Figueira (foto) é o principal parceiro do projeto, cuidando da parte burocrática, de imprensa e apoiadores. Ele conheceu Sark em 2016, em um galpão de arte, onde Vinicius trabalhava. Em 2018 se reencontraram. Entusiasta da arte e apaixonado por Nova Friburgo, ele abraçou a causa.
O projeto possui ainda um manifesto para sensibilizar os órgãos responsáveis a liberarem os murais para a intervenção dos artistas. Quem quiser assinar, é só clicar aqui.
“Queremos contar a história de Friburgo. A ideia é passar uma nova mensagem. Em cada muro nós queremos entrar em contato com as pessoas, como os responsáveis pelas colônias de Friburgo, por exemplo”, esclarece Vinicius. Quem quiser acompanhar de perto o projeto e saber um pouco mais, é só acessar o Instagram @apagando_cicatrizes.
Sobre os artistas
Robson Sark é artista visual, grafiteiro, tatuador, customizador de objetos, pintor, desenhista, muralista e ilustrador. Tem trabalhos no Boulevard Olímpico, Belém, com a ONG Start Upcycling na África do Sul e Berlin, fez o muro do Centro de Refugiados em Botafogo, diversos murais no Rio, participou do projeto Street River no Amazonas. Além disso, tem trabalhos com Lulu Santos, Geraldo Azevedo e fez as ilustrações do premiado livro de Eduardo Maciel, SonetILUSTRA. Já Vinicius Figueira é empreendedor e bartender. Trabalhou em diversos cruzeiros pelo mundo.
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