Aos profissionais de saúde, mais do que agradecer...

...Precisamos reconhecer, valorizar e estimular o trabalho de cada um deles
sexta-feira, 16 de outubro de 2020
por Jornal A Voz da Serra
Aos profissionais de saúde, mais do que agradecer...

Médicos e enfermeiras não são super-heróis, entretanto, sempre carregaram consigo uma aura de anjos da guarda de seus pacientes. Com a tragédia mundial provocada pelo novo coronavírus, em todos os hospitais do planeta, nunca foram tão necessários e amados. Por sua entrega diária em uma luta muitas vezes inglória e sob condições adversas, fazemos aqui um especial agradecimento aos profissionais da Saúde. 

Conheça aqui alguns pontos importantes sobre o cotidiano dramático dos hospitais provocado pela devastadora ação do Covid-19, como: material humano; no front da guerra; medo e Burnout; foco permanente; atualização diária; dilema da escolha, o colapso do sistema; solidariedade no Covidários; vida pessoal.

Antes de qualquer consideração, para que possam cumprir perfeitamente seu papel, os hospitais devem estar devidamente equipados e dispor de alta tecnologia. Todavia, e no combate à pandemia, de nada adianta ter disponíveis, por exemplo, leitos de UTI, respiradores e medicamentos, se não contar com profissionais da saúde.

Assim, é fundamental não somente o trabalho de médicos e enfermeiras, mas também de toda uma equipe, que abrange biomédicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, farmacêuticos, auxiliares e técnicos de enfermagem e de laboratório. Além disso, ressaltamos a importância dos pesquisadores, que atuam para definir estratégias para tratamento da doença.

No front 

Médicos e enfermeiras, principalmente, estão na linha de frente desta guerra contra um inimigo acerca do qual persistem muitas dúvidas. Dessa maneira, eles estão muito mais expostos ao risco de serem contaminados. A homenagem aos profissionais da Saúde, e não apenas aos médicos, se faz necessário como justo reconhecimento a uma luta incansável, uma vez que cumprem jornadas extenuantes de trabalho, com uma alta carga de tensão emocional. Além disso, testemunham de perto, como nunca antes em suas vidas, cenas pelas quais não imaginavam que veriam.

Medo e Burnout

Mesmo com todas as regras de segurança e recomendações para a correta utilização de todos os EPIs dentro do hospital, o medo é uma realidade. Esses profissionais estão expostos constantemente e qualquer manifestação, ainda que seja uma tosse com febre baixa, pode implicar no isolamento da equipe. Afinal, como se comportar diante da notícia de que um colega foi afastado, está na UTI ou foi a óbito? Com desfalque na equipe, como resultado, há sobrecarga nas tarefas e, além disso, a tristeza é uma ameaça constante para a continuidade do trabalho. Eles sabem que é preciso continuar, reunir forças e não se deixar abater. Desse modo, estão em alerta também para sinais que possam indicar, por exemplo, a síndrome de Burnout (esgotamento mental), depressão, ansiedade e pânico.

Foco permanente

Ainda que estejam sob o estado de alerta, cada profissional reage de uma maneira particular a tudo que acontece ao seu redor. Seja de uma maneira mais emotiva, demonstrando tristeza e desânimo, ou procurando manter uma postura indecifrável, a fim de não provocar desânimo na equipe. Contudo, entre colegas acostumados no duro trabalho das UTIs, principalmente, cada qual é capaz de reconhecer o sentimento e a dor do outro. E todos, dessa maneira, procuram manter o foco, uma vez que é preciso seguir adiante.

Atualização diária

É muito difícil para os profissionais ligados diretamente no combate ao covid-19 se desligarem do drama diário por que passa o planeta. E, ainda que estejam de folga ou em algum momento de descanso, procuram encontrar tempo para se manterem atualizados. Afinal, esta é uma pandemia cheia de interrogações, com características próprias e que dificultam seu diagnóstico. Desse modo, como encontrar tempo para acompanhar o que sai no noticiário para se manter atualizado, estudar, revisar a literatura e se capacitar? Para aqueles que são pesquisadores, primordialmente, o intercâmbio de informações com colegas é primordial.

Dilema da escolha,  o colapso do sistema

No Brasil, e em várias partes do mundo, os efeitos catastróficos do coronavírus têm exposto as falhas, a saturação e até mesmo a inexistência de um sistema de Saúde eficaz. No cenário de terror vivido no Brasil, que já matou mais de 150 mil pessoas e contaminou mais cinco milhões, qual formando de medicina poderia imaginar que um dia estaria diante de um processo de macabra seleção? 

Da mesma forma que aconteceu na Itália, também no Brasil esta realidade cruel foi relatada. Ter que escolher quem receberá o tratamento urgente: o mais idoso ou o mais jovem, qual paciente deverá ser tratado primeiro? Como fazer, por exemplo, se não há ambulâncias e os respiradores existentes estão todos sendo utilizados e os pacientes graves continuam chegando? Além disso, e se no hospital sequer existir UTI? 

Os médicos, desse modo, ficam diante da opção dramática de ter que escolher um paciente e deixar o outro à mercê de sua sorte, contrariando, assim, os ensinamentos de que “o médico não abandona o paciente”.

Solidariedade  nos covidários

O cotidiano nos “covidários” – dessa forma são chamados os centros especiais criados para o atendimento de pacientes com sintomas nos hospitais – tem irmanado médicos e pacientes na mesma dor. E não apenas médicos, como também os profissionais da enfermagem, unidos no sacerdócio para minorar o sofrimento das vítimas do coronavírus.

Além dos cuidados próprios dispensados pela profissão, são eles que fazem a ponte entre os pacientes e seus parentes e amigos. Dessa maneira, se dispõem, a transmitir os recados, levar bilhetes e fotos e até mesmo tablets à beira dos leitos, a fim de que possam ter um momento de felicidade. Que, com toda a certeza, pode significar um adeus.

Assim, a solidariedade se mescla à amargura e à impotência diante da iminente perda de mais um paciente. É preciso dar as notícias e, além disso, manter a tranquilidade e não deixar transparecer a tristeza. Muitos choram escondido, mas carregam consigo a chama do sacerdócio para encontrar forças e continuar a luta.

Vida pessoal

Como equilibrar a vida particular com esta guerra diária? O cuidado e o temor andam juntos. Diante do contato mantido com quem foi afastado das funções, médicos e enfermeiras têm até mesmo que se isolarem das famílias. Uma situação pela qual nunca passaram e sequer imaginavam. E ainda distantes de comemorações importantes. Como, por exemplo, médicas, enfermeiras e outras trabalhadoras expostas ao risco que não puderam receber o abraço dos filhos no Dia das Mães, pois estavam de plantão na UTI e outros setores hospitalares.

Resumo

Vivemos dias difíceis e angustiantes. Neste momento, queremos lembrar daqueles que permanecem na linha de frente da luta contra o coronavírus. E se não podemos abraçar vocês, médicos, enfermeiras, pesquisadores, biomédicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, farmacêuticos, auxiliares e técnicos de enfermagem e de laboratório, cozinheiras, pessoal da limpeza, da manutenção e da administração hospitalar, nutricionistas, recebam o calor do nosso profundo agradecimento.

Por seu empenho e dedicação, pela sua coragem e desprendimento, pela solidariedade que nos torna irmãos, somos eternamente gratos! 

(Fonte: blog ProDoctor)

 

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TAGS: saúde