Questionado pelo jornal A VOZ DA SERRA sobre a dramática situação dos animais deixados pela protetora Valéria Lima, que morreu no último sábado, vítima de câncer, o Ministério Público anunciou que vai entrar no caso, exigindo providências da Prefeitura de Nova Friburgo.
Responsável pela defesa da fauna doméstica e criadouros de animais, a 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Nova Friburgo informou ao jornal que o primeiro passo será notificar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente pedindo a realização de uma vistoria no abrigo em Amparo, a adoção das medidas necessárias para garantir o bem-estar dos animais e um esclarecimento sobre qual será o destino deles.
Segundo a Promotoria, o questionamento de A VOZ DA SERRA foi recebido e registrado como representação, para a adoção de providências.
O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Nova Friburgo informou que a Secretaria de Serviços Públicos havia programado para a manhã desta terça-feira, 16, a higienização de toda a área do abrigo, mas, como os caminhões não conseguiram acessar o local devido às condições da estrada, a ação foi adiada para a manhã desta quarta, 17, após reparos na via.
Mais cedo, através de nota, a Subsecretaria do Bem-Estar Animal (Subbea), subordinada à pasta do Meio Ambiente, informou que vem coordenando a adoção dos cães do abrigo deixado por Valéria. A triagem é realizada, segundo a Subbea, através de entrevista por aplicativo de celular, seguida de visita ao lar para verificar a infraestrutura para receber o animal.
“Estamos viabilizando lares temporários e mantendo contato com ONGs e protetores de todo Estado do Rio para acolherem alguns cães. Tínhamos 80 animais, agora são 55, sendo seis em lares temporários, um doente internado em uma clínica veterinária e 18 adotados com acompanhamento”, explicou a coordenadora da Subbea, Janaína Alves.
Como noticiou A VOZ DA SERRA, uma rede de voluntários e entidades de proteção a animais, que lançou uma campanha sem precedentes na cidade desde o agravamento das condições de saúde de Valéria, há cerca de duas semanas, está ajudando na triagem e recuperação de 55 cães e cerca de 40 gatos, além de buscar qualquer tipo de ajuda, como adoção responsável, ração, transporte, medicamentos e serviços veterinários. Parte dos animais ainda está no abrigo sob os cuidados de um voluntário. Os gatos estão sendo doados e cuidados pela ONG Confraria dos Miados e Latidos.
Como ajudar ou adotar:
-
Para adotar ou ajudar um cão: (22) 99943-1912 ou (22) 99876-4656
-
Para adotar ou ajudar um gato: (22) 99252-9918
Campanha educativa
Segundo a voluntária Emilene Imbroise, um grande empecilho para a adoção dos cães tem sido o transporte dos animais, já que o sítio fica no fim de uma estrada de terra íngreme e esburacada, na localidade de Morro das Contas.
Com relação aos gatos, a ONG Confraria dos Miados e Latidos resgatou 20 num primeiro momento e espera resgatar mais outros 20 - os mais ariscos - em uma segunda etapa. Segundo Evelyne Ferreira, responsável pela entidade, todos os bichanos estão sendo vacinados, vermifugados, castrados e tratados de eventuais problemas de saúde causados pelo confinamento no abrigo.
Além de reabilitar os animais e conseguir lares responsáveis para os gatos resgatados, a Confraria defende um trabalho educativo sobre a proteção animal, que inclui uma mudança de paradigmas. “Acreditamos que a responsabilidade de todo animal em situação de rua ou de risco é de toda a sociedade, não devendo jamais recair sobre uma só pessoa. Tirar o animal da rua e enviá-lo para um abrigo onde já vivem centenas deles só piora as condições de vida, tanto do animal quanto do protetor. Na verdade, esta é só uma forma de tirar o problema da frente, nunca de solucioná-lo”, diz Evelyne.
“Live” nesta quarta
Para discutir este assunto, a ONG vai promover uma “live” (transmissão ao vivo pela internet) nesta quarta-feira, 17, às 19h. A “live” vai acontecer em dois dois perfis do Instagram: https://instagram.com/cmiadoselatidos, com a presidente da ONG em SP, Tatiana Sales; https://instagram.com/cmiadoselatidosfriburgo, com a diretora regional, Evelyne Ferreira.
Em agosto de 2018, A VOZ DA SERRA publicou reportagem mostrando o drama enfrentado já naquela época por Valéria Lima, que, mesmo com câncer, cuidava sozinha de centenas de cães e gatos no sítio em Amparo, de onde estava sendo despejada. Na época, o jornal chegou a ajudar Valéria a fazer uma vaquinha online para angariar recursos.
Quase dois anos depois, a situação só piorou. Valéria teve seu quadro de saúde muito agravado nos últimos dois meses. Sem ter a quem confiar os animais, ela deixou de fazer a cirurgia que tanto precisava. Segundo amigos, há cerca de dez dias ela já não conseguia mais se levantar nem andar. Semana passada foi hospitalizada, já em estado gravíssimo, e no último sábado, 13, não resistiu.
RELEMBRE AQUI A HISTÓRIA DE VALÉRIA E SEU ABRIGO, COM VÍDEO.
Deixe o seu comentário