Roma contou com uma vasta lista de imperadores romanos durante os seus séculos de história. Entre eles há nomes que você provavelmente já ouviu falar: Augusto, Nero, Calígula, Tibério… No entanto, a lista é maior do que você imagina.
Há diversos outros nomes que merecem menção, seja por bons ou maus governos. É importante conhecê-los, seja pelo seu aspecto histórico ou cultural, e por isso mesmo o aprendizado sobre o Império Romano não se limita às aulas de história - você também irá encontrá-los em aulas de italiano, filmes, séries, documentários e muito mais.
A seguir, preparamos uma lista com o nome de alguns dos principais imperadores romanos para você aprender mais. Mas antes, vamos esclarecer uma grande dúvida histórica. Júlio César foi ou não um imperador?
Júlio César, imperador romano?
Há diferentes formas de responder essa questão. Tecnicamente falando, levando em consideração os governantes que reinaram sob o título de imperador romano, a resposta seria não. Júlio César jamais governou o império como imperador.
Na verdade, ele foi o último governante da República de Roma - como cônsul e, depois, como ditador (este era o título que ele ostentava, e tinha um significado um pouco diferente do atual). Júlio César foi assassinado em 44 a.C., 17 anos antes da fundação do império.
Cabe ressaltar aqui que Júlio César foi por muitas vezes chamado de Imperador, mas em outro sentido. Imperator era um termo utilizado também para designar comandantes militares romanos pelas suas tropas.
Por fim, vale dizer que esta confusão é natural, afinal, todos os imperadores romanos eram saudados como “Ave, César”, o que nos leva a pensar que Júlio também fora um. Mas o título surgiu posteriormente, como uma homenagem ao seu nome e sua luta pelo fim da República de Roma.
Imperadores romanos que você precisa conhecer
A depender da forma com que se realiza a contagem, o número de imperadores que ocuparam o trono romano ultrapassa a casa dos 100 monarcas. Pois é, é muito tempo de história.
Para simplificar a nossa lista, selecionamos grandes imperadores das principais dinastias, e vamos apresentá-los agrupados desta forma. Confira!
Dinastia Júlio-Claudiana
Esta foi a primeira dinastia de imperadores de Roma. O nome deriva dos sobrenomes de família de seus principais representantes: Augusto (família dos Julius) e Tibério (família dos Claudius). O período é marcado pela estabilidade, paz e crescimento de Roma.
Augusto
Caio Júlio César Otaviano Augusto (63 a.C. - 14 d.C.) é considerado o fundador do Império Romano, bem como seu primeiro imperador. Governou de 27 a.C. até sua morte.
Ele era integrante de uma antiga família equestre romana e tinha parentesco com Júlio César, sendo seu sobrinho-neto. Ganhou destaque político e militar ao integrar o Segundo Triunvirato ao lado de Marco Antônio e Lépido, derrotando os assassinos de Júlio César.
Augusto pôs fim ao Segundo Triunvirato depois de exilar Lépido e derrotar Marco Antônio na Batalha de Áccio. Neste momento, tornou-se o maior líder de Roma, preenchendo o vácuo de poder deixado pelas guerras civis. Isso foi possível graças ao testamento deixado por Júlio César, que o adotou como filho e herdeiro de seu legado. Com essa legitimidade, lentamente foi acumulando poderes até se tornar imperador.
Seu reinado foi marcado pela paz interna, batizada de Pax Romana, e pela expansão das fronteiras do império ao ocupar regiões como Egito, Dalmácia, Panônia, África Germânia e Hispânia.
Calígula
Caio Júlio César Augusto Germânico (12 d.C. - 41 d.C.) assumiu o trono após Tibério e governou por menos de 4 anos. No entanto, em seu breve reinado, deixou um legado de violência, brutalidade e depravação.
Calígula não era o seu nome, mas uma alcunha que recebera ainda durante a infância. O significado em português é literalmente “botinhas” e fazia alusão ao fato dele se vestir como legionário quando pequeno, enquanto acompanhava seu pai em expedições militares.
Segundo relatos históricos, era muito querido e apreciado pelas massas quando chegou ao poder, sendo chamado de “nossa estrela” pela plebe. Esse afeto se dava pelo fato de seu pai, Germanicus, ter sido um grande militar, bem como de ter sido adotado como sucessor por Tibério.
Fílon, um historiador do período, relata que os sete primeiros meses do reinado de Calígula foram de grande felicidade e festas, e o jovem imperador proporcionava diversos benefícios ao povo e aos militares.
No entanto, o cenário se transformou rapidamente após Calígula ser acometido por uma grave doença - desconhecida até os dias atuais. Após recuperar-se, ordenou o assassinato de milhares de pessoas, e forçou o suicídio de diversas outras.
A partir de então, o jovem imperador começou a dar sinais de demência, e seu gosto pela violência, sexo e dinheiro ultrapassaram todos os limites. Seus gastos geraram uma grave crise econômica que levou centenas de milhares de pessoas à fome. Ele também organizava orgias gigantescas e chegou a nomear seu próprio cavalo como cônsul romano.
Calígula passou a ter obsessão com a religião egípcia, acreditando que ele próprio era uma divindade. Mandou instalar estátuas suas por todo o império e ordenou que um obelisco egípcio fosse trazido a roma.
Devido aos seus exageros, atos de crueldade e grande crise econômica causada pelo seu estilo de vida, Calígula foi assassinado pela guarda pretoriana, responsável pela sua proteção.
Nero
Nero Cláudio César Augusto Germânico (37 d.C. - 68 d.C.) governou Roma no ano 54 d.C até sua morte, sendo o último imperador da dinastia júlio-claudiana. Ele é junto de Augusto o imperador romano mais conhecido. No entanto, ao contrário de seu antecessor, Nero ficou famoso por sua crueldade.
Ascendeu ao trono como herdeiro de seu tio, Cláudio, e fez um governo focado especialmente na diplomacia e no comércio. Amante das artes, ordenou a criação de diversos teatros e promoveu jogos e desafios atléticos.
Apesar destes feitos, seu legado é de tirania e extravagâncias. Ele é lembrado por ordenar centenas de execuções, incluindo a de sua própria mãe e irmão. Há histórias que afirmam que ele também foi o responsável pelo incêndio que destruiu a capital Roma, com planos de reconstruí-la segundo seus caprichos.
No entanto, atualmente historiadores afirmam que não é possível confirmar a veracidade destes fatos, visto que após sua morte foram criadas diversas histórias fantasiosas sobre seu reinado. O que é verdade e o que é mentira acerca de Nero ainda permanece um mistério.
Dinastia flaviana
Esta dinastia governou o Império Romano entre os anos de 69 e 81, tendo como imperadores Vespasiano e seus dois filhos, Tito e Domiciano. A dinastia chegou ao poder durante a guerra civil de 69, também conhecida como “Ano dos 4 Imperadores”.
Vespasiano
Tito Flávio Vespasiano (9 d.C. - 79 d.C.) foi o fundador da dinastia flaviana e governou até sua morte. Possuía origens modestas, vindo de uma família de ordem equestre que alcançou a classe senatorial durante o reinado dos imperadores da dinastia júlio-claudiana.
Ganhou destaque ao assumir o posto de cônsul e liderar as campanhas militares na Britânia. Também comandou campanhas militares na primeira guerra judaico romana, no ano 65. Foi neste período que Nero cometeu suicídio e mergulhou o império em guerras civis. Flaviano foi aclamado imperador pelas legiões do Egito e Judeia e marchou para Roma.
Pouco se sabe a respeito de seus 10 anos de governo. Destaca-se seu programa de reformas econômicas para reestruturar as finanças do império, sua bem-sucedida campanha para suprimir as revoltas na Judeia e a ambiciosa construção do Anfiteatro Flávio, que entrou para a história com o nome de Coliseu.
Dinastia Nerva-Antonina
Esta foi a dinastia que sucedeu os flavianos. Contou com sete imperadores que governaram Roma entre 96 d.C. e 192 d.C. Foram eles: Nerva, Trajano, Adriano, Antonino Pio, Marco Aurélio, Lúcio Vero e Cômodo.
Nerva
Marco Coceio Nerva (30 d.C. - 98 d.C) foi imperador de 96 d.C. até sua morte. Serviu ao império como senador durante os reinados de Nero, Vespasiano, Tito e Domiciano, inclusive tendo papel de destaque no grupo que planejava derrubar Nero.
Sucedeu Domiciano após seu assassinato. No dia seguinte à morte, foi eleito imperador pelo senado. Seu curto reinado, de apenas dezoito meses, foi marcado por crises econômicas e pela falta de habilidade para lidar com as tropas romanas. Como consequência, teve de lidar com uma rebelião da guarda pretoriana que o forçou a adotar o popular Trajano como seu herdeiro e sucessor. Faleceria no ano seguinte, cumprindo com seu testamento.
Trajano
Marco Úlpio Nerva Trajano (53 d.C. - 117 d.C.) foi imperador de 98 d.C. até sua morte. Sua administração ficou conhecida especialmente pelo fato do Império Romano ter atingido sua extensão territorial máxima, graças às suas campanhas e conquistas ao Leste.
Trajano também é reconhecido pelas grandes obras públicas e políticas sociais que aumentaram a qualidade de vida da plebe. É, sem dúvida, um dos imperadores mais bem sucedidos a nível político, militar, econômico e social.
Prova disso é seu legado, que perdura até os dias de hoje, e da homenagem póstuma que recebeu: após sua morte, cada novo imperador era saudado pelo senado com a frase Felicior Augusto, melior Traiano (que ele seja "mais sortudo que Augusto e melhor que Trajano").
Marco Aurélio
Marco Aurélio (121 d.C. - 180 d.C.) foi imperador de Roma de 161 d.C. até sua morte. Filho de nobres romanos, o futuro imperador entrou na linha sucessória após uma série de adoções de herdeiros ao trono. Especialmente durante a dinastia nerva-antonina, os imperadores apontavam seus herdeiros por mérito, e não por linhagem sanguínea.
Marco Aurélio recebeu o apelido de “Imperador-Filósofo” devido a sua grande paixão por estudos e ideais de justiça e bondade.
Seu reinado foi compartilhado com Lúcio Vera até o ano de 169, quando este faleceu de causas naturais e Marco Aurélio tornou-se o único imperador. Seu governo foi marcado pela guerra contra os Partas, povo que habitava regiões do Oriente Próximo. Rebeliões e tentativas de invasões também foram registradas na Britânia e na Germânia.
Mas seu maior legado foi interno, no campo jurídico e administrativo. Com uma série de reformas, o habilidoso burocrata conseguiu refinar a lei romana, otimizando o trabalho legislativo do senado. Além disso, promoveu diversas ações dedicadas ao bem-estar da população.
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