Acabou o Carnaval 2025 e o próximo compromisso na agenda do consumidor brasileiro é a Páscoa - que este ano será celebrada em 20 de abril com todas as delícias de chocolate que a data envolve. No comércio de Nova Friburgo, os clientes já tem uma prévia, com as vitrines de ovos de chocolate começando a ganhar forma e tomando lugar de destaque nas prateleiras e, de quebra, assustando os consumidores. Tem ovo de Páscoa custando mais de R$ 80.
E como o chocolate é o protagonista comercial de toda Páscoa, é importante já ficar de olho nos preços desde agora, pois, de acordo com estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (Abia), o cacau, principal matéria prima para o preparo dos ovos de chocolate, sofreu alta de 189% nos últimos 12 meses, o que, obviamente, vai impactar os preços dos ovos de Páscoa neste ano.
Faltando pouco mais de um mês para a Páscoa, a indústria do chocolate revela uma má notícia: o custo das barras e bombons de chocolate subiu 16,53%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Essa é a maior alta desde janeiro de 2023, quando a variação acumulada era de 13,61%. No Estado do Rio de Janeiro, o aumento foi ainda mais expressivo, chegando a 18,63%. O principal fator por trás desse encarecimento é a disparada no preço do cacau. Nos supermercados e lojas de Nova Friburgo, a caixa de bombom de 295 gramas já custa aproximadamente R$ 15.
Ovos menores
A presidente da Associação Nacional das Indústrias Produtoras de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi, explica que a crise climática afetou fortemente a produção na África, que responde por 70% da oferta mundial. “A alta dos preços em 2024 foi impulsionada, principalmente pelo El Niño, que prejudicou as lavouras. Outro ponto é que a doença viral conhecida como "broto inchado" tem causado grandes perdas. Além disso, Gana (um dos maiores produtores de cacau) sofre com a mineração ilegal, que tem destruído áreas de cultivo” explica.
O déficit na produção, que era de 200 mil toneladas na safra 2023-2024, saltou para 700 mil toneladas em 2024-2025, agravando ainda mais a escassez do produto no mercado global. Para o Brasil, esse cenário é especialmente desafiador, já que o país consome mais cacau do que produz.
A produção nacional gira em torno de 190 mil toneladas por ano, enquanto o consumo chega a 230 mil toneladas. Segundo especialistas, a tendência é que os ovos de Páscoa tenham este ano o tamanho reduzido para compensar o aumento dos custos e manter os preços de 2025 próximos aos do ano passado.
A previsão é de que o mercado de chocolates continue enfrentando dificuldades com os preços elevados do cacau, o que pode levar a novas estratégias por parte dos fabricantes para conter os custos. A tendência de ovos menores e com menor teor de chocolate deve se consolidar nos próximos anos, à medida que as empresas tentam equilibrar os custos com a demanda do consumidor por preços mais acessíveis.
* Reportagem da estagiária Laís Lima baseada em informações do InfoMoney. Supervisão de Henrique Amorim
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