A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo vai promover neste sábado, 8, das 9h às 15, um mutirão de vacinação contra a dengue. A campanha será exclusiva para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, 11 meses e 29 dias. O mutirão acontecerá nos postos de saúde Waldir Costa, no distrito de Conselheiro Paulino; Tunney Kassuga, no bairro Olaria; Ariosto Bento de Mello, no Cordoeira; José Copertino Nogueira, em São Geraldo, e Sílvio Henrique Braune, no Suspiro. Serão aplicadas doses da vacina Q-denga, do laboratório japonês Takeda.
Com o verão e o calor, o mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, se multiplica mais rápido. A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) emitiu um alerta, no mês passado, sobre a baixa procura pela vacina contra a dengue. O imunizante está disponível para um grupo restrito de pessoas em 1,9 mil municípios nos quais a doença é mais frequente. Apenas metade das doses distribuídas pelo Ministério da Saúde para estados e municípios foi aplicada até agora.
De acordo com o ministério, de 2024 até o último dia 20 de janeiro, foram distribuídas 6.370.966 doses. A Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) indica que 3.205.625 foram aplicadas até o momento. Em 2024, o Brasil teve registro recorde de dengue: 6.629.595 casos prováveis e 6.103 mortes. Estão ainda em investigação 761 óbitos. Os dados fazem parte do painel de monitoramento do Ministério da Saúde e traz informações até 28 de dezembro de 2024. Em 2025, são 101.485 casos prováveis e 15 mortes confirmadas.
Sobre a vacina
A vacina Qdenga, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), começou a ser distribuída no país em fevereiro de 2024. Por causa da capacidade limitada do fabricante, a quantidade de doses adquiridas pelo governo brasileiro precisou ser restrita ao público-alvo de crianças de 10 a 14 anos, faixa etária que concentra o maior número de hospitalizações por dengue, depois de pessoas idosas, grupo para o qual a vacina ainda não foi liberada pela Anvisa. A Qdenga é aplicada em duas doses com intervalo de 90 dias.
A presidente da SBIm, Mônica Levi, destaca que o Brasil foi o primeiro país a oferecer a vacina contra a dengue na rede pública. No entanto, lamenta o que classifica como “baixa procura”. Ela ressalta que a Qdenga é um imunizante seguro e eficaz. Mônica reforça o benefício de completar o ciclo de duas aplicações. “A segunda dose é responsável, principalmente, pela proteção de mais longa duração, de pelo menos mais quatro anos e meio”, explica. Mônica Levi orienta que quem perdeu o prazo de 90 dias pode tomar a dose adicional normalmente. A Prefeitura do Rio de Janeiro, por exemplo, convocou crianças e adolescentes para receberem a dose adicional.
O Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, anunciou no mês passado, o início da produção dos imunizantes contra a dengue. A vacina se chamará Butantan-DV. Mas ainda é preciso aprovação da Anvisa. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, não acredita que o país terá vacinação em massa em 2025.
Prevenção e monitoramento
O alerta da sociedade médica acompanha ações recentes de prevenção e monitoramento do Ministério da Saúde e chega em um momento de preocupação crescente por causa da detecção do sorotipo 3 (DENV-3) do vírus da dengue. Esse tipo não circula de forma predominante no país desde 2008, e grande parte da população está suscetível a ele.
Sorotipos
Sorotipos são variações do vírus que, embora pertençam à mesma espécie, possuem diferenças em sua composição antigênica. No caso da dengue, os quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros.
Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes, uma por cada sorotipo. Além disso, infecções subsequentes por diferentes sorotipos aumentam o risco de formas mais graves da doença. A infecção por determinado sorotipo tem efeito protetor permanente contra aquele sorotipo específico e efeito protetor temporário contra os outros sorotipos.
Sorotipo 3 é o que mais preocupa
O DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais fortes do vírus da dengue, ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença. Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas.
A introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros tipos pode levar a epidemias significativas. No Brasil, por exemplo, o aumento da incidência da doença entre 2000 e 2002 foi associado à introdução do DENV-3, elevando o risco de epidemias de dengue e febre hemorrágica da dengue.
Fonte: Agência Brasil e GOV
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