O Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic, juros básicos da economia, em 13,75% ao ano. A decisão divulgada após reunião na quarta-feira, 3, foi unânime. "O ambiente externo se mantém adverso. Os episódios envolvendo bancos no exterior têm elevado a incerteza, mas com contágio limitado sobre as condições financeiras até o momento, requerendo contínuo monitoramento. Em paralelo, os bancos centrais das principais economias seguem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas, em um ambiente em que a inflação se mostra resiliente", destaca o comunicado divulgado pelo Banco Central (BC).
O documento também afirma que, em relação ao cenário doméstico, "o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica continua corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom, ainda que exibindo maior resiliência no mercado de trabalho".
"A inflação ao consumidor permanece acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus elevaram-se marginalmente e encontram-se em torno de 6,1% e 4,2%, respectivamente", acrescenta o comunicado.
A taxa continua no maior nível desde janeiro de 2017, quando também estava em 13,75% ao ano. Essa foi a sexta vez seguida em que o BC não mexeu na taxa, que permanece nesse nível desde agosto do ano passado. Anteriormente, o Copom tinha elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
Antes do início do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica, iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada pela pandemia da Covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de agosto de 2020 a março de 2021.
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o comunicado, a manutenção da taxa considerou, entre outros fatores, a persistência das pressões inflacionárias globais, incerteza sobre o desenho final do arcabouço fiscal a ser analisado pelo Congresso Nacional e uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada.
Firjan se posiciona
Em comunicado divulgado nesta quinta-feira, 4, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) considera que a manutenção da taxa de juros no patamar de 13,75% ao ano é um dos principais problemas enfrentados por importantes setores da economia, dado o consequente enfraquecimento da demanda e a deterioração das condições de crédito.
Para a instituição, a insatisfação com a taxa de juros elevada voltou a se destacar como maior entrave à atividade industrial e alcançou, no primeiro trimestre de 2023, o maior nível da Sondagem Industrial desde 2009. Entretanto, a Firjan reitera que a alta taxa de juros ainda reflete as expectativas para a inflação, que seguem acima da meta, e as inseguranças em relação ao equilíbrio das contas públicas.
Nesse contexto, é fundamental que o novo arcabouço fiscal seja aprovado, de forma a garantir a sustentabilidade da dívida pública e sem aumento de carga tributária. O setor produtivo precisa de um ambiente de negócios favorável ao investimento e a geração de empregos. Não há espaço para atalhos, é preciso ter compromisso com as mudanças estruturais essenciais para o desenvolvimento socioeconômico.
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