Equipamentos de cultura, lazer e turismo devem passar por reformas

Trâmites burocráticos atrasam início das obras do Centro de Arte, Teatro Municipal e Praça das Colônias. Já Praça Getúlio Vargas teve intervenções suspensas
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
O Centro de Arte fechado desde 2011 (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)
O Centro de Arte fechado desde 2011 (Arquivo AVS/ Henrique Pinheiro)

Na edição do último fim de semana, A VOZ DA SERRA publicou, com exclusividade reportagem sobre o projeto de construção da Biblioteca Internacional Machado de Assis, num terreno anexo à Praça do Suspiro. O local deverá abrigar, além da biblioteca, com livros de todo o mundo, também espaços para espetáculos musicais, teatrais, audiovisuais, aulas, palestras, café e restaurante.

Em nossas redes sociais, leitores, no entanto, questionaram sobre o por que da construção de um novo equipamento turístico e cultural, enquanto os já existentes estão fechados, aguardando as obras de reforma e manutenção, como o Centro de Arte, o Teatro Municipal Laercio Ventura e a Praça das Colônias. A Praça Getúlio Vargas também foi alvo de questionamento, devido à situação de abandono.

A VOZ DA SERRA procurou a Prefeitura de Nova Friburgo em busca de informações sobre os equipamentos citados. A administração municipal informou que todos já estão com projetos em andamento, dependendo apenas de trâmites legais. A única exceção é a Praça Getúlio Vargas, que teve obrigações e prazos do Termo de Ajuste Conduta (TAC) suspensos, em comum acordo entre a prefeitura, o Ministério Público Federal e os Grupos de Trabalho e de Acompanhamento e Monitoramento.

Centro de Arte com projeto aprovado pelo Corpo de Bombeiros

O projeto de reforma do Centro de Arte, com a readequação do original, cujo teatro tinha 43 lugares, passando para 73 poltronas, foi aprovado pelo Corpo de Bombeiros. De acordo com a prefeitura, a Secretaria Municipal de Cultura já acionou a Secretaria de Obras para dar seguimento ao trâmite. Em nota, a prefeitura informou que “não será necessária a realização de uma nova licitação. Deverá haver um reajuste no valor total da intervenção, devido a essa mudança no projeto inicial.”

O Centro de Arte está fechado há mais de dez anos, desde que foi atingido severamente pela enchente de janeiro de 2011. Naquela ocasião, o espaço, foi totalmente destruído pela lama. No ano passado, artistas friburguenses criaram o movimento “Volta Centro de Arte”, que além de lutar pelo retorno do espaço, também desejavam ser ouvidos para a execução do projeto de reforma. Algo que não aconteceu, quando foi licitada uma empresa para a reforma, em 2020, no governo do então prefeito Renato Bravo. 

O projeto, na época, previu 47 lugares na plateia do Teatro Bebete Castillo, o que, na visão dos artistas, não é viável, pois inviabiliza financeiramente a produção de espetáculos para uma plateia tão pequena, nem o público. Com a nova gestão municipal, foi criada uma comissão para fazer o acompanhamento, a fiscalização e a prestação de contas da execução dos trabalhos a serem desenvolvidos no Centro de Arte. Fazem parte dela  representantes da Secretaria de Cultura, do Conselho Municipal de Políticas Culturais, do Movimento Volta Centro de Arte e o presidente da Fundação Dom Joao VI, Luiz Fernando Folly. Um novo projeto para a reconstrução do Centro de Arte foi feito. Dessa vez, com 73 lugares no teatro.

Teatro Municipal deve ser reformado

O Teatro Municipal Laercio Rangel Ventura, na Praça do Suspiro, foi inaugurado em 2008, como mais um espaço para as manifestações artísticas e culturais. Com capacidade para 564 pessoas sentadas, é o maior teatro de toda a região. Já foi palco de grandes espetáculos nacionais e internacionais. Mas, está precisando de obras de manutenção, como restauração do telhado, reposição de mármores e vidros quebrados, entre outras.

A prefeitura fez em junho uma licitação para reforma, com estimativa de investimento em cerca de R$ 427 mil. De acordo com a prefeitura, a empresa que fará a obra, aguarda apenas a liberação da verba federal. Em nota, a Secretaria de Cultura informou que “projeto já foi aprovado e contou apenas com algumas alterações, por isso não há necessidade de realizar nova licitação. O projeto prevê o restauro do telhado, fachada, troca de mármores e vidros quebrados, pintura de modo geral, restauração do piso do palco, entre outras intervenções.”

Para Adriana Ventura, diretora de A VOZ DA SERRA e filha do patrono do Jornal, Laercio Rangel Ventura, que dá nome ao Teatro Municipal (acima), é preocupante ter o nome de seu pai em um aparelho cultural sem o mínimo de condições para funcionar. “Se passaram nove anos da morte de meu pai, estamos no terceiro prefeito e, os mesmos problemas permanecem, com alguns pequenos avanços, mas que sequer chegam à altura de uma cidade como Nova Friburgo e aos pés do valor do homem que foi Laercio Rangel Ventura, que empresta seu nome ao Teatro Municipal. O que a família Ventura espera é que realmente esse teatro honre o nome que tem, receba o tratamento devido e sirva de espaço para a população friburguense e que grandes eventos voltem a acontecer ali”, destaca Adriana Ventura.

Praça das Colônias precisa de adequações de segurança

Fechada por oito anos, desde que foi atingida pelo deslizamento da encosta do Morro do Teleférico na tragédia de 2011, a Praça das Colônias passou por obras, que foram inauguradas em 2018. Mas o projeto não contemplou saídas de emergência, adaptação fundamental para a liberação do Corpo de Bombeiros. “Um novo processo de licitação foi preparado para atender às determinações do Corpo de Bombeiros, mas não comtemplava a instalação de uma coifa na cozinha, também exigência do órgão. Isso foi revisto e será cotado para que seja licitado”, esclarece o secretário de Cultura de Nova Friburgo, Jofre Evandro  Silva. 

Ainda de acordo com ele, a expectativa é de que, em maio de 2022, nas comemorações pelo aniversário da cidade, o local já esteja apto para atividades culturais das nações que colonizaram Nova Friburgo.

A Praça das Colônias foi criada para a divulgação da cultura das nações colonizadoras de Nova Friburgo. Há anos, o espaço tinha uma forte referência cultural, com diversas celebrações típicas dos povos colonizadores destacando costumes e tradições valorizados pelas colônias alemã, espanhola, portuguesa, suíça, húngara, austríaca, italiana, japonesa, libanesa e pan-africana

O presidente da Associação das Colônias de Nova Friburgo, Edmilson Schneider, que também preside a Colônia Alemã do município disse que, enquanto a Praça das Colônias não abre, as atividades culturais estão sendo realizadas no  Centro Cultural Teuto Friburguense, representação da Primeira Imigração Alemã no Brasil, de sexta-feira a domingo e também nos feriados, e conta com livros, informações da história da imigração, souvenirs locais, e divulgação da cidade. 

“As colônias estão estruturando suas instituições e suas propostas internas, para retorno, que também foi prejudicado pela Covid-19. Mas, para termos melhores condições de atendimento, queremos as obras da Praça das Colônias concluídas, para podermos oferecer também mais serviços, como gastronomia”, disse ele.

Obras na Praça Getúlio Vargas sem prazo para começar

O Termo de Ajuste de Conduta (TAC) para a recuperação do Conjunto Paisagístico e Arquitetônico da Praça Getúlio Vargas está com efeito suspenso. Assinado entre a prefeitura e o Ministério Público em 2015, o TAC, que encontrava-se em discussões adiantadas para o início das obras, foi paralisado em comum acordo entre a prefeitura, o Ministério Público Federal e os Grupos de Trabalho e de Acompanhamento e Monitoramento do TAC. 

“Foram ouvidas as demandas da sociedade, por meio do Grupo  de Acompanhamento e Monitoramento, que levantou a questão do município ter outras prioridades no momento, devido à pandemia da Covid-19,” explicou a subsecretária de Comunicação Social da prefeitura, a jornalista Daniele Eddie.

De acordo com ela, isso ocorreu após pedido de reformulação de alguns pontos estabelecidos, que foi encaminhado para análise de órgãos técnicos da Procuradoria Geral da República (PGR), em Brasília. “Quando houver um retorno da PGR, os representantes do Ministério Público Federal em Nova Friburgo, da prefeitura e dos Grupos de Trabalho e Acompanhamento do TAC se reunirão novamente para debater os devidos encaminhamentos”, esclareceu Daniele  Eddie. 

O Grupo de Acompanhamento e Monitoramento foi instituído em 2021 para promover um debate democrático com a sociedade civil sobre o TAC e é formado por entidades, associações e categorias profissionais, como a 9ª Subeção da OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Associação Comercial e Industrial (Acianf), Grupo SOS Praça, feira de artesanato da Praça Getúlio Vargas (FriArte) e taxistas da Praça Getúlio Vargas. O Grupo de Trabalho foi designado pelo TAC e é instituído por profissionais técnicos da administração municipal.

Daniele ressalta que a manutenção da Praça Getúlio Vargas não faz parte dos ajustes apontados para revisão. “Portanto as substituições, reparos e melhoramento do mobiliário urbano e iluminação estão mantidos no projeto da Praça Getúlio Vargas”, disse ela.

Últimas mudanças propostas no TAC da Praça

Na última proposta de mudança do TAC, apresentada em julho deste ano,  constava o cancelamento da prospecção arqueológica (escavação da praça), permanecendo o monitoramento arqueológico obrigatório durante a retirada dos tocos mortos e o replantio das mudas de eucaliptos. Esse ponto havia causado muita polêmica entre os friburguenses, já que muitos acharam desnecessária a intervenção nesse momento. 

Estudos indicam que tanques originais do projeto do paisagista Glaziou podem estar encobertos sob a parte central da praça. No documento, já firmado com o MPF, há intenção de manter os tanques onde se encontram, sem alterar o aspecto da praça, e colocar pisos de acrílico transparente em trechos selecionados, permitindo que os friburguenses e turistas possam visualizar e passear sobre os tanques históricos.

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: