Neste domingo, 16, completam-se três anos da eufórica expectativa por um dia tão aguardado: contagem regressiva, planejamentos, ações, eventos e projetos, para fazer bonito nas celebrações dos 200 anos de Nova Friburgo. Nos nossos dias, a realidade é totalmente diversa de maio de 2018. Pelo segundo ano consecutivo, o tradicionalmente festivo 16 de maio, está prejudicado por incertezas e crises - sanitária e econômico-financeira -, da pandemia de nosso tempo, após 100 anos daquele 1918, do primeiro centenário friburguense e da gripe espanhola. Resta a esperança de que também “vai passar”.
Aproveito esse tempo para refletir. Converso com amigos, trocamos ideias, penso nos problemas da cidade, prospectando possíveis soluções. Como friburguense, privilegiado por nascer entre essas serras de verdejantes belezas, grato ao Criador, me sinto no dever de contribuir. Acredito fortemente em Nova Friburgo. A cidade é fadada a dar certo, apesar dos percalços das últimas décadas.
Nova Friburgo tem uma força inegável, sobretudo na diversidade de suas possibilidades econômicas. Do contrário, como explicar a recuperação da tragédia climática de 2011? Alguma dúvida desse fenômeno? Especialmente, pela força inventiva de seu povo trabalhador e pelo espírito nato de seus empreendedores, independente de governos. Estou convencido: a cidade se readapta, sendo resiliência muito mais que um novo termo em nosso vocabulário.
No bicentenário, muito se falou em legados. Me bati na defesa de um conceito sobre o qual escrevi, aqui mesmo nas páginas de ‘A Voz’. Verdadeiramente, não comemorávamos 200 anos, mas sim os “dois séculos de Nova Friburgo”. Justificando a insistente cantilena sobre os ‘2Séculos’, daqui a três anos, teremos outro importante bicentenário, inserindo Nova Friburgo em dois contextos históricos de âmbito nacional: o pioneirismo da imigração germânica no Brasil e sua interface com fatos ligados à independência, por sinal, a grande celebração já no próximo ano.
Do ponto de vista histórico, cultural e até mesmo social, atividade das mais promissoras para o município, sem sombra de dúvidas, é o turismo. Ainda mais podendo e devendo basear-se num dos pilares mais fortes que possuímos, a nossa História, das mais ricas, entre as cidades de porte médio do país.
Sim. Temos problemas. Não serão poucos questionando, não ser a hora de pensar no tema. Ledo engano. Dentre nossas atividades, o turismo - igualmente um dos mais prejudicados, a exemplo da cultura e o setor de eventos, que constituem importante tripé - será dos principais vetores econômicos do pós-pandemia. É preciso estar preparado e atento às oportunidades.
Mas exatamente aí está o cerne da questão. Já há algum tempo, absorto em problemas, emaranhado em frágeis conceitos de redes sociais, Nova Friburgo vive de ‘apagar incêndios’, como se o rescaldo das enchentes recorrentes, fossem intermináveis. Nossos problemas não podem suplantar a poderosa força de sermos criativos, de nos superarmos e tentarmos sempre avançar.
Desde as origens, Nova Friburgo enfrenta adversidades e desafios. Negros, portugueses, suíços, alemães, espanhóis, italianos, austríacos, húngaros, libaneses e japoneses, constituindo nossos povos formadores - e, mesmo extraoficialmente, os franceses - sobreviventes daqueles tempos. Eles sim nos deixaram belo legado em que nos constituímos hoje.
Precisamos repensar: como e com o que contribuir para uma “Nova Friburgo sempre e cada vez melhor”, sem que seja mero slogan, mas bandeira fincada no caminho dos dias vindouros. O futuro está logo ali. Que possamos vislumbrá-lo, pelo exemplo do passado, mas com a solidez de propósitos e dos resultados concretos.
* O autor é jornalista
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