O agravamento da pandemia da Covid-19 tem piorado a situação de muitos negócios no Estado do Rio de Janeiro. É o que constata a pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-RJ) com empresários fluminenses.
A sondagem foi realizada entre os últimos dias 1º e 4 e contou com a participação de 558 pessoas. O levantamento aponta que para 51,8% dos entrevistados a situação de seus negócios se agravou bastante nos últimos três meses, percentual bem maior do que o apurado em março (23,2%).
Para 31,5% dos empresários, houve uma piora, seguidos por 11,5% que acreditam que a situação do seu empreendimento permanece igual. Apenas 3,8% afirmam que houve uma melhora e 1,4% sinalizaram uma melhora significativa.
A pesquisa também perguntou aos que responderam que a situação de seus negócios piorou, se essa redução tem a ver com o agravamento da pandemia e o aumento das medidas de restrições. Para 95,7% dos empresários, esse é o principal motivo. Apenas 4,3% não associam essa perda à pandemia.
Em relação às expectativas dos empresários para os próximos três meses, em abril, 46,4% afirmam que esperam que a situação de seus negócios melhore – este índice em março era de 48,8%. Neste novo levantamento, 19,4% acreditam numa grande recuperação. Outros 17% afirmam que a situação deve continuar igual, já 10,5% creem numa queda da receita de suas empresas e 6,7% se mostram bastante pessimistas.
Entre os que responderam que acreditam que a situação de seus negócios nos próximos três meses será prejudicada, 92,4% associam essa redução ao agravamento da pandemia e apenas 7,6% discordam dessa afirmação. O elevado número relativo à situação geral foi colocado na conta da demora no retorno do auxílio emergencial e ao cenário de incerteza sobre a economia fluminense.
Demanda por bens e serviços
O número de empresários que afirmam que diminuiu muito a demanda pelos serviços e bens de suas empresas aumentou de 59,6% em março, para 83,6% em abril. Sobre as expectativas para os próximos três meses, 39,4% dos empresários esperam que haja algum tipo de aumento, seguidos por 30,6% que acreditam numa estabilização. Para 18,2% haverá uma diminuição na busca por produtos e serviços de suas empresas, seguidos por 11,8% que creem numa grande redução. Apenas 6,7% esperam ter uma alta demanda no próximo trimestre.
Empregos
Em relação ao quadro de colaboradores nos últimos três meses, 37,8% afirmam que o quadro diminuiu bastante, seguido por 26,7% dos que demitiram no período. Outros 32,7% afirmam que o número de empregados foi estabilizado. No estudo deste mês, 49,5% afirmam que nos próximos três meses esperam manter o número de colaboradores. O percentual de empresários que devem demitir subiu de 26,4% para 36,7%. Apenas 13,9% dos empresários devem contratar novos empregados nos próximos meses.
Preço do fornecedor
De acordo com os comerciantes, os preços dos fornecedores subiram bastante: 91% perceberam alguma elevação desses custos, seguidos por 5,3% que acham que houve estabilização e para apenas 3,7% o preço foi reduzido. Em relação ao abastecimento dos estoques no último trimestre, 62,8% afirmam que ficou abaixo do planejado, a ponto de fazerem novos pedidos. Para 23,9% a quantidade se manteve em relação ao esperado e apenas 13,2% ficaram com estoque acima do planejado.
Inadimplência, crédito e aluguéis
O índice de inadimplentes ou muito inadimplentes entre as empresas subiu de 33,9% para 47,2% em abril. Já o percentual das empresas que ficaram pouco inadimplentes caiu de 22,5% para 20%. O número de empresários que não ficaram com restrições diminuiu de 43,6% para 32,7%. Entre os que ficaram inadimplentes, os gastos são associados a fornecedor (42,8%), aluguel (42,4%) e luz (36,5%).
Questionados caso seja anunciada uma nova linha de crédito específica para os empresários do setor, 65,6% afirmam que pretendem buscar ajuda junto a alguma instituição financeira e 34,4% não devem procurar crédito.
Entre os que responderam que devem procurar ajuda, 49,2% pretendem optar por capital de giro, formação de estoque (28,9%), refinanciamento de dívidas (28,9%) e contas correntes com luz, telefone e gás (26,6%).
Quanto à alta dos contratos de aluguel com reajuste pelo IGP-M, os empresários têm recorrido à negociação do aluguel de seus estabelecimentos: 41,1% afirmam que ainda estão em negociação, 22% dizem que não trocaram de índice e não conseguiram reduzir o valor e 19,6% afirmam que, por conta de não conseguirem negociar, estão mudando de local ou fechando o negócio. Já 13,9% não trocaram de índice, mas conseguiram rever os valores e 3,3% afirmam ter trocado de referência.
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