Alguns dos mais belos capítulos da história do futebol friburguense são coloridos pelo vermelho e o branco. O extinto Friburgo Futebol Clube marcou época com os inúmeros esquadrões, conquistas e uma torcida absolutamente apaixonada. Neste domingo, 26, a equipe alvirubra completaria 106 anos de fundação.
Em meio a pandemia pelo novo coronavírus, o Nova Friburgo Futebol Clube, resultado da fusão entre o Friburgo e o Esperança, não vai promover nenhum evento comemorativo. Geralmente é feita uma sessão solene, e homenagens são prestadas a personagens que fizeram parte da trajetória da equipe.
Mesmo sem as tradicionais celebrações, o Nova Friburgo F.C. mantém os planos para a temporada e para o futuro. Reeleito no início deste ano para o biênio 2020-2021, o presidente Luiz Fernando Bachini revela que o principal objetivo é concluir o Centro de Treinamento, em Conselheiro Paulino, até o final de seu sétimo mandato.
“A nossa pretensão é terminar o Centro de Treinamento, e estamos aguardando a indenização por parte da prefeitura, do que foi destruído à época do pós tragédia. A situação não foi sentenciada, e nós vemos isso com um pouco de preocupação. Tudo o que foi construído lá foi pelo nosso planejamento, com recursos próprios, a partir do aluguel do campo no Centro, onde funciona o estacionamento. Pretendemos fazer um terceiro campo, e ao lado da futura Avenida Brasil, a Rua Dr. Mauro Salarini, temos a promessa de alguns deputados federais para construir um ginásio, juntamente com o Governo Federal”, disse Bachini.
No antigo estádio Raul Sertã, localizado na Rua José Eugênio Muller, no centro da cidade, o estacionamento segue gerando receitas, mas há propostas em estudo para a concessão do terreno. A possibilidade de venda, entretanto, continua descartada.
“Com o aluguel do espaço, construímos uma receita que é imprescindível para o clube. A partir dali cobrimos nossas despesas e avançamos no Centro de Treinamento. Há muitas propostas nos setores de esportes, imobiliária e comunicação. Muitas firmas estão interessadas, e vamos continuar a batalhar. Está próxima a chegada de uma proposta da Fundação Dom João VI. Eles pretendem fazer uma obra com a gente no local, porque o Nova Friburgo F.C. não vai vender o terreno”, decreta Bachini.
“O projeto apresentado é muito bom, pois eles só pretendem construir e nós entraríamos com o terreno. Isso geraria uma receita mensal para o NFFC. Nos primeiros cinco anos, a Fundação teria 60% do valor da receita e o Nova Friburgo F.C., 40%. Depois desse período, já com tudo consolidado, esses percentuais se inverteriam. Ali nós não podemos construir nada acima de cinco andares, e do meio do campo para trás, vai se conservar o estacionamento. A nossa expectativa é gerar uma receita mensal em torno de R$ 260 mil nos primeiros anos”, finaliza o presidente.
Quanto às divisões de base e escolinhas do clube, as projeções dependem de quando as atividades irão retornar. O clube participaria de, ao menos, duas competições nesse primeiro semestre. Uma delas seria a Copa Noroeste, nas categorias Sub-11, 13 e 15, tendo como adversários Carmense, Guerreirinhos/Grêmio e Cordeiro. O Nova Friburgo F.C. também jogaria o Campeonato Metropolitano, nas categorias Sub-13 e 14.
Um pouco da história
No início do século 20, estudantes de várias partes do país migraram para Nova Friburgo e trouxeram a bola de futebol. O esporte ainda engatinhava no país, mas não demorou a conquistar os friburguenses. Os moradores do bairro Vilage passaram a frequentar o Colégio Anchieta e as tradicionais “peladas” (partidas amistosas de futebol) eram disputadas no campo da escola. Estes foram os primeiros registros de esporte na cidade.
A brincadeira tomou proporções maiores e acompanhou o iminente crescimento do futebol no estado. As famílias Sertã, Spinelli e Van Erven estreitaram as relações e passaram a organizar os jogos. No dia 26 de abril de 1914, uma reunião no Hotel Salusse fundou oficialmente o Friburgo Futebol Clube, alterando o nome Friburguense Futebol Clube, utilizado até então por aquele grupo de jogadores.
Durante os primeiros anos, os duelos eram realizados na Avenida Galdino do Valle e na Rua Oliveira Botelho. Em 4 de setembro de 1922, o Friburgo passou a utilizar o estádio Raul Sertã, um espaço de nove mil metros quadrados. O esquadrão vermelho e branco tornou-se o time a ser batido.
Em 1915, o Friburgo goleou o União pelo placar de 11 a 0 e os dirigentes, insatisfeitos, responderam à derrota com a criação do Esperança Futebol Clube. Junto ao time esperancista nasceu uma grande rivalidade que mais tarde, curiosamente, desencadearia a fusão.
Em meados de 1918, o futebol amador passou por uma grave crise financeira e de interesses. As divergências dentro do Friburgo levaram alguns componentes a deixar o clube e fundar o Fluminense A.C., em 1921. Quatro anos depois, formou-se a primeira Liga de Futebol de Nova Friburgo, e o azulino conquistou a maioria dos títulos em disputa.
Em 1930, o Friburgo conquistou o primeiro título e formou um dos grandes times de sua história, que seria o tetracampeão naquela década. Nos primeiros anos da década de 1940, o domínio foi esperancista. A partir de 1945, o Friburgo reagiu e formou um grande time em 1949, comandado por Larry e Paulo Banana, com direito ao hexacampeonato conquistado entre 1946 e 1954. Em 1960 o Friburgo foi campeão em todas as categorias e passou a pensar no profissionalismo.
O time vermelho e branco disputou alguns jogos em torneios profissionais, mas não acompanhou o novo momento vivido pelo futebol na década de 1970 e as fusões entre Fluminense e Serrano e Friburgo e Esperança mudaram os rumos do esporte na cidade.
Atual presidente do Nova Friburgo Futebol Clube, Luiz Fernando Bachini, era tesoureiro do Esperança e participou do processo de fusão junto a um conselho. A sede do Esperança, no Paissandu, foi vendida para construir uma nova em Conselheiro Paulino. A decadência do futebol amador nos anos 70 impulsionou a mudança e fez surgir a ideia de fusão com o Friburgo Futebol Clube. Do mesmo modo, Esperança e Friburgo uniram forças.
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