O histórico salão social do Clube de Xadrez está vendido. Marco importante na história de Nova Friburgo - palco de grandes bailes de carnaval e eventos que atraíam turistas do estado inteiro - deverá se tornar um prédio residencial, informa Wanderson Nogueira na sua coluna "Observatório". A venda teria sido inevitável por conta das dívidas do clube, que, com o negócio, mantém sua existência com o parque aquático.
A seis anos de completar o centenário, o Clube de Xadrez se viu numa verdadeira encruzilhada após a interrupção do aluguel, que era pago pela prefeitura desde 2005, quando foi criado no espaço o Centro de Convivência da Terceira Idade. O projeto foi um sucesso e chegou a atrair mais de 200 idosos com atividades físicas, de recreação e atendimentos de saúde.
Por decisão do atual governo municipal, o projeto de terceira idade foi interrompido no início desse ano e até hoje não retomou como prometido em novo formato. Com o fim do aluguel e com uma dívida de mais de R$ 3 milhões só com a concessionária de águas e esgoto, houve ainda uma tentativa para que a prefeitura desapropriasse o espaço. Com total desprezo à história e à identidade da cidade, a ideia de preservação não teve qualquer avanço no poder público municipal, se encerrando já nas primeiras tratativas.
Sem alternativa e para evitar o fim do clube por completo, conseguiu-se um grupo de investidores que, incialmente, diz que fará ali um residencial. Não se sabe, no entanto, de quantos andares. O que se acredita é que se mantenha a fachada histórica. Com a venda, teria se evitado que todo o clube fosse à leilão e consequentemente à sua extinção, após 94 anos de existência. Todo o processo, que ocorreu de forma rápida pela própria execução das penhoras, consta em atas e foi aprovado pelos sócios do clube.
Mais uma vez, a cidade perde parte de sua identidade e é vencida pela especulação imobiliária. O complexo do Suspiro perde a oportunidade de ser um espaço de todos os friburguenses. Lamenta-se que a municipalidade não tenha tido a visão de preservação da memória e de que ali seria muito melhor um equipamento público, como o finado Centro de Convivência da Terceira Idade.
Os novos donos já assumiram o espaço e já fizeram até a separação do número de logradouro com relação ao Xadrez. Também já fizeram algumas limpezas. Acredita-se, no entanto, que as obras só comecem em 2022. Importante frisar que o Clube de Xadrez continua existindo, ainda que em espaço menor. Que a preparação e o próprio centenário em si sejam sinônimos de renascimento não só do clube, mas da cidade, suas instituições e raízes.
Deixe o seu comentário