O Dia Mundial Sem Tabaco – 31 de maio – foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) é o responsável pela divulgação e elaboração do material técnico para subsidiar as comemorações em níveis federal, estadual e municipal.
Segundo a OMS, o tabaco mata até metade de seus usuários. Por ano, são mais de oito milhões de vidas perdidas, sendo sete milhões resultado do uso direto do tabaco, enquanto cerca de 1,2 milhão das mortes são de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
Em 2020, esses dados devem ser ainda maiores, por conta da pandemia do coronavírus. Apesar das mortes provocadas pelo tabagismo, os estudos comprovam que o ato de fumar é um fator de risco aos pacientes que contraírem a Covid-19. “Os pacientes que fumam normalmente já apresentam algum dano nos pulmões, assim, estão no grupo de risco para desenvolvimento das formas graves. O tabagismo é fator de risco para diversas outras doenças e quando um paciente com estas comorbidades é atingido pelo coronavírus, a chance de evoluir para uma forma grave da doença é maior. Cessar o hábito de fumar é uma medida importante como prevenção de possíveis complicações da Covid-19”, explicou o pneumologista Thiago Mafort.
O pneumologista André Furtado lembra que o tabagismo é responsável por mais de dois terços dos cânceres de pulmão e que fumar pode agravar os sintomas de Covid-19. Quem resolve interromper o hábito de fumar vê o risco de uma doença diminuir. “Após dez anos sem fumar, o risco de desenvolver um câncer no pulmão cai pela metade. O fumo também é a principal causa da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), constituída por bronquite crônica e enfisema pulmonar. A doença causa excesso de muco nos pulmões, dor toráxica, tosse, cansaço e dificuldade de respirar. Também piora os sintomas de quem tem asma”, enumera.
Ainda segundo André Furtado, pacientes de Covid19 que são fumantes necessitam de tratamento intensivo maior do que quem não fuma. “Os trabalhos mostram que os pacientes graves – e fumantes – têm maior necessidade de tratamento em terapia intensiva, especialmente os mais idosos ou com doenças crônicas não-infecciosas, em sua maioria agravadas pelo tabagismo. Além disso, nesses estudos iniciais, os pacientes fumantes faleceram mais do que os que não fumavam. Outro aspecto relevante é o aumento do risco da contaminação do vírus durante o compartilhamento dos cigarros comuns ou eletrônicos, mais especialmente do narguilé”, alerta.
Fumo x Covid-19
O pneumologista Thiago Mafort falou também sobre os óbitos por Covid-19 terem comorbidades encontradas em pacientes fumantes. “O que temos observado nos pacientes que falecem com coronavírus é que muitos deles apresentam comorbidades e/ou idade avançada. E dentre estas comorbidades podemos citar as doenças pulmonares e cardiovasculares crônicas. E o tabagismo é fator de risco para muitas dessas condições. Cabe ressaltar que a Covid-19 costuma apresentar características clínicas, laboratoriais e radiológicas que são bem peculiares. Além disso, há testes confirmatórios específicos que ajudam em seu diagnóstico. Assim, fica mais fácil fazer a diferenciação entre a doença pulmonar provocada pelo coronavírus das outras doenças tabaco relacionadas”, observou.
“Questão importante”, enfatiza o dr. Thiago Mafort sobre os fumantes passivos. Segundo o pneumologista, quem está exposto passivamente ao cigarro também pode sofrer consequências. “Estas pessoas estão sob risco de desenvolver de uma série de doenças relacionadas ao tabaco. Podemos citar as doenças pulmonares, cardiovasculares e várias neoplasias. Por conta disso, o ideal é que busquemos o afastamento de qualquer tipo de exposição ao cigarro, seja ativa ou passiva. Tal fato deve ser levado em conta em ambientes domésticos nos quais há pessoas que fumam. Estas devem evitar ao máximo expor os demais membros da família à fumaça do cigarro”, recomendou.
“São mais de 4.700 mil substâncias tóxicas presentes no cigarro e podem ser inaladas pelas pessoas próximas. Os dados do Ministério da Saúde mostram que, pelo menos, sete fumantes passivos morrem por dia e custam mais de R$ 30 milhões por ano aos cofres públicos. As leis antitabagismo não tem caráter punitivo e sim melhorar a saúde cardíaca e reduzir as mortes relacionadas ao fumo”, explicou o doutor André Furtado.
Como parar de fumar?
“Atualmente, existem métodos com evidências científicas consistentes para ajudar o fumante deixar de fumar com segurança. Entre esses métodos estamos baseados na parada abrupta, sensação com o adiamento gradual do primeiro cigarro pela manhã e redução gradual dos cigarros fumados durante o dia. além dessas opções clássicas e somados às abordagens terapêuticas, como o uso de medicamentos (adesivos, goma, partilhas de nicotina e comprimidos como bupropiona e vareniclina) para aliviar os sintomas causados pela privação da nicotina e dobram as chances de parar de fumar”, enumerou dr. André Furtado.
“É evidente que programas de cessação ao tabagismo, campanhas de conscientização e medidas que dificultem o acesso ao cigarro são fundamentais para se buscar uma sociedade menos doente. Neste sentido avalio que é necessária maior ênfase em medidas que objetivem a diminuição do número de novos fumantes. Medidas como essa terão impacto considerável à médio e longo prazo”, acredita ele.
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