Uma das obras mais aguardadas pelos friburguenses, a substituição do sistema de drenagem da Rua Farinha Filho e vias adjacentes, está com cronograma atrasado. A primeira fase da obra, na Rua Augusto Cardoso, ainda está na primeira etapa, no trecho próximo à Avenida Comte Bittencourt. Essa etapa começou no dia 18 de outubro e, de acordo com a prefeitura, na ocasião do fechamento da rua para a obra, as intervenções naquele trecho deveriam ter durado uma semana. Mas, ainda continuam no mesmo espaço.
A informação passada pela prefeitura também dá conta que “na sequência, o cruzamento com a Rua José Eugênio Müller (segunda etapa da primeira fase), deverá ser feito em um fim de semana, de modo a minimizar os impactos no trânsito. Após isso, será interditado o trecho entre as esquinas da Avenida Alberto Braune e Rua Augusto Cardoso. Esta terceira etapa também deve durar aproximadamente uma semana. Se o cronograma tivesse sido seguido, a Rua Augusto Cardoso deveria ter ficado pronta, no máximo, na semana passada.
Em uma reunião entre diretores da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) com representantes da Ômega Construtora, a empresa responsável pela obra, o diretor da Ômega, Márcio Freitas de Oliveira, explicou a programação da obra. “Começaremos na Rua Augusto Cardoso e seguiremos pela Avenida Alberto Braune até a Rua Monte Líbano, subindo para as Braunes, um pouco acima da Rua Eduardo Salusse. Depois, iremos da Avenida Comte Bittencourt à Rua Farinha Filho. Em todo trecho, vamos escavar, instalar as galerias e retornar logo com os calçamentos. Atuaremos com as companhias de gás, água, eletricidade, entre outras, para agirmos rapidamente, e juntos, em caso de acontecer algo inesperado”, observou.
O prazo das intervenções é de 18 meses (um ano e meio). Anunciada no fim de fevereiro deste ano pelo Governo do Estado, a licitação para a obra de drenagem e pavimentação nas ruas Carlos Alberto Braune, Monte Líbano, Augusto Cardoso, Farinha Filho, Dante Laginestra, parte da Avenida Alberto Braune e da Praça Getúlio Vargas aconteceu no fim de março. O trabalho está estimado em R$ 16.698.820,35.
A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Secretaria Estadual de Cidades, responsável pela obra, para saber se houve mudanças no cronograma, quais os problemas encontrados, mas até o fechamento desta matéria, não obtivemos resposta.
Preocupação com o comércio
A reunião feita entre as entidades do comércio e a empresa ganhadora da licitação para executar a obra foi para discutir o impacto dessa obra no comércio. “Sabemos que a obra vai causar tumulto, pois a empresa abrirá valas para a canalização. Sugerimos, por exemplo, a escavação de pequenos pedaços com fechamento rápido, em sequência, em vez de deixar as ruas inteiramente esburacadas até o término de cada etapa”, disse o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e do Sindicato do Comércio Varejista (Sincomércio) de Nova Friburgo, Braulio Rezende. A obra está sendo feita dessa forma, por trechos.
Na ocasião, Braulio sugeriu ainda a interrupção do serviço perto de 10 de dezembro, com retorno somente em janeiro, por causa das compras de Natal. Embora admita que esse hiato possa atrasar um pouco a conclusão dos trabalhos, ele disse acreditar que os prejuízos se revelarão menores do que se forem mantidas vias quebradas no período das festas de fim de ano, com o trânsito ainda mais engarrafado. Ele também alertou para a proximidade da temporada de chuvas, que por certo contribuirá para alongar o prazo de entrega das obras.
“É inegável que enfrentaremos dificuldades com um serviço de tal vulto. Queremos combinar com a empreiteira de acompanhar o desenrolar do processo, para tomar providências imediatas logo que os problemas apareçam, abrandar os impactos negativos na rotina do comércio e dos moradores. Vamos tentar superar tudo com diálogo e bom senso, porque a obra terá grande importância para a qualidade de vida em Nova Friburgo. Há anos nos queixamos dos alagamentos no Centro, esperando por uma solução”, disse Braulio.
Enchentes desde a fundação da vila
Como já descreveu A VOZ DA SERRA em várias reportagens, o alagamento do centro da cidade é um problema antigo. Logo que os primeiros imigrantes suíços se estabeleceram, enfrentaram, em janeiro de 1820, uma enchente que desestruturou o núcleo colonial. O Rio Bengalas não tinha o curso retilíneo que tem hoje, e a Praça Getúlio Vargas era entrecortada por inúmeros córregos. As enchentes provocavam extensas formações de pântanos, e acreditava-se que a água estagnada era responsável pelas doenças da época. Ainda assim, apesar de tantos danos materiais através dos séculos, a vila se desenvolveu no entorno do Bengalas, onde foi estabelecido o comércio, as melhores residências e as praças.
Os historiadores João Raimundo de Araújo e Agnes Weidlich contam que houve enchentes lendárias nos anos de 1938, 1945, 1978, 1979, 1996 e 2007. Sem falar na mãe de todas as tragédias, em janeiro de 2011.
A rua que vira um rio
Ainda nos dias de hoje, basta chover forte que a Rua Farinha Filho vira um rio e fica intransitável. Além de tolerar a queda das vendas, investir em limpeza e ficar ilhado quando a chuva cai em horário comercial, o investimento em comportas já é parte do processo de qualquer lojista da Rua Farinha Filho. Uma das lojas mais antigas da rua (está lá há 115 anos), a Camisaria Friburgo é uma das que mais sofrem.
“Esse problema acontece desde que a loja existe. Já fizeram várias obras, e nada resolveu. O jeito é fechar as portas, limpar e ficar com o prejuízo em vendas, que representa uma perda de 15%”, disse o proprietário, Helio Cardoso, em uma reportagem em abril de 2019.
Os alagamentos na área central, incluindo a Avenida Comte Bittencourt, ocorrem mesmo sem o transbordamento do Rio Bengalas, devido à obstrução das galerias.
Resposta do Governo do Estado
Nesta sexta-feira, 11, em nota, a Secretaria de Estado das Cidades informou que "atua no Centro de Nova Friburgo com as obras de drenagem pluvial e pavimentação, elaboração de projeto executivo, nas ruas Carlos Alberto Braune, Monte Líbano, Augusto Cardoso, Farinha Filho, partes da avenida Alberto Braune, da praça Getúlio Vargas e da rua Dante Laginestra.
Considerando o período das festas de fim de ano e os impactos comerciais desse período, as intervenções serão interrompidas entre os dias 16/12/2022 até 02/01/2023. As obras serão retomadas em 03/01/2023.
A SECID ressalta que os períodos de chuvas afetam diretamente qualquer tipo de obra de drenagem e pavimentação e interferem no cronograma. Atualmente temos 10% da obra executada. Devido a estudos minuciosos realizados na fase inicial desta obra, já que se trata de uma área que sofre com alagamentos em período de chuvas, prevemos a necessidade de uma readequação no cronograma, com prorrogação do prazo de entrega para o dia 11/05/2022."
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