Depois de tanta expectativa, desde a dolorida derrota contra a Bélgica, em 2018, o Brasil volta a campo em busca do hexacampeonato. Em uma Copa do Mundo diferente, a começar pela sua realização no final do ano, a Seleção comandada por Tite aposta no talento de jovens jogadores e na magia da camisa amarela para erguer a taça 20 anos depois. O primeiro desafio será às 16h desta quinta-feira, 24, às 16h, diante da Sérvia.
Em Nova Friburgo, há opções diversas para assistir à partida, à exemplo de bares, restaurantes, o Espaço Arp e a Praça do Suspiro. O município, inclusive, com um time de futebol que é símbolo e leva o nome da cidade para o mundo, o Friburguense, já fez parte da preparação brasileira para alguns dos mundiais.
Em 1954 e 1962 o selecionado brasileiro esteve por aqui, além de ter visitado a cidade por três dias em 1958, numa cortesia em agradecimento à recepção quatro anos antes. Em 1962, por exemplo, foram vários treinamentos abertos ao público local e jogos com combinados dos times locais. Em 1954, na inauguração do campo do Fluminense (atual Friburguense), Antonio Deccache, que na época era goleiro do combinado local, serviu de sparring para a seleção brasileira. "O Zezé Moreira era o técnico da seleção e já me conhecia. Ele estava querendo substituir o Castilho e me escalou para jogar no lugar dele”, lembrou o saudoso dirigente, durante entrevista para A VOZ DA SERRA. Apesar de estar no gol, conta com orgulho que o time local ganhou da seleção por 1 a 0.
Foi num dia 16 de maio, e os 138 anos da cidade, à época, comemorados no estádio Eduardo Guinle, onde o Brasil encerraria a preparação para a Copa do Mundo daquele ano. A partida foi uma espécie de tira-teima de outros dois encontros. No primeiro, o Brasil venceu por 3 a 2. Miguel Ruiz (foto) e Otacílio marcaram para o time de Nova Friburgo. No segundo treino, nova derrota por 1 a 0 (gol de pênalti, cobrado por Brandão).
A vitória de Nova Friburgo por 1 a 0, com gol de Jael aos 38 minutos do primeiro tempo, na meta à esquerda da Tribuna de Honra, fechou o ciclo de amistosos (alguns historiadores e pessoas presentes ao Eduardo Guinle contestam, e afirmam que o tento foi marcado por Jorge). "Ainda me lembro de muitas coisas. Eu já havia jogado no Botafogo, mas essa foi uma grande experiência. Para os colegas era a grande oportunidade, e nós fizemos frente à Seleção Brasileira," relembra Miguel Ruiz, um dos personagens daquela partida e um dos grandes nomes do futebol friburguense em todos os tempos.
De acordo com os registros históricos, 25 mil pessoas estiveram presentes ao estádio do Friburguense. A renda foi de 90 mil cruzeiros. Durante a passagem da seleção por Nova Friburgo, inclusive, Miguel foi convidado por Zezé Moreira e participou do segundo treino do time verde e amarelo na vaga de Luizinho. Os grandes jornais do país na época consideraram Nova Friburgo como o melhor "sparring" (uma espécie de parceiro de treinos) para o Brasil. A Seleção Brasileira ficou hospedada no Hotel Sans-Souci, e contava com regalias como alimentação, concentração e estrutura de um clube profissional.
Os atletas da seleção friburguense, ao contrário, trabalharam durante os dias das partidas e foram liberados antes do horário para estarem em campo. "Eu mesmo trabalhei durante o dia inteiro na Única, saí às 14h, fui para o campo e mudei a roupa. Muitos jogadores trabalhavam em fábricas e no comércio", relembra Miguel.
Em 1962 a seleção brasileira retornou a Nova Friburgo, desta vez em preparação para o Mundial do Chile, que seria disputado naquele mesmo ano. A seleção de Garrincha, Pelé, Didi, Nilton Santos e outros craques se concentrou em Nova Friburgo. O Centro de Treinamento da Granja Comary, em Teresópolis, só foi construído anos depois, em 1987. Segundo publicação na sessão Acervo, do jornal carioca O Globo, “na chegada à cidade, no dia 9 de abril de 1962, os jogadores foram recebidos com aplausos pelos moradores durante desfile do ônibus que levava o grupo”.
Ficha Técnica
- Nova Friburgo 1 x 0 Brasil
- Data: 16/05/1954 – 15h
- Estádio Eduardo Guinle
- Público: 25 mil pessoas
- Renda: CR$ 90 mil
- Nova Friburgo: Horst (Esperança), Ivan (Esperança), Leoni (Friburgo), Nilton (Fluminense) e Ivair (Conselheiro); Cléo (Esperança), Arley (Serrano), Otacílio (Fluminense) e Paulo Banana (Friburgo); Miguel Ruiz (Friburgo) e Jorge (Serrano).
- Técnico: Virgílio Laginestra (Binha)
- Brasil: Veludo (Fluminense), Djalma Santos (Portuguesa), Pinheiro (Fluminense), Salvador (Internacional) e Nilton Santos (Botafogo); Bauer (São Paulo), Julinho Botelho (Portuguesa-SP), Humberto Tozzi (Palmeiras) e Didi (Fluminense); Índio (Flamengo) e Maurinho (São Paulo).
- Técnico: Zezé Moreira
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