Nascido do samba, ele é a voz jovem do pagode

Quando eu dei por mim com meu tamborim / Era de manhã…
sexta-feira, 01 de dezembro de 2023
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Mestre de bateria (Fotos: Acervo Pessoal)
Mestre de bateria (Fotos: Acervo Pessoal)

O sambista e pagodeiro friburguense Leonardo Souza da Costa Coutinho — o “Léo Guaravita”, 27 anos — canta, compõe, toca instrumentos de percussão, cavaquinho e também dá uma “arranhada” no violão. Já foi intérprete de blocos de carnaval de Nova Friburgo, ritmista de algumas escolas, diretor de bateria, e até mestre de bateria da Escola Unidos da Saudade.

Léo conta que sua jornada musical começou ainda na “barriga da mãe”. Seu pai era intérprete de uma escola de samba da cidade, a extinta Acadêmicos do Prado, e integrante do extinto grupo Mistura Tropical. “Minha mãe frequentava ensaios e shows grávida de mim. Depois que nasci, eu ia aos ensaios das escolas com meu pai, e gostava de pegar um microfone pra ficar imitando ele cantar”. 

Aos sete anos de idade ele já desfilava na harmonia junto com a mãe, e aos nove começou a estudar cavaquinho com o professor Dominguinhos, “grande músico de nossa região, inclusive ele me levou até a Campesina Friburguense, onde estudei teoria musical e alguns instrumentos de sopro, como trompete e clarinete”, acrescenta. 

Aos 12 anos fundou seu primeiro grupo de pagode, o Grupo Rar’Amor, e com ele começou sua jornada pelas noites friburguenses [devidamente acompanhado dos pais]. Depois, passou por vários grupos, como o Tô de Boa, KendNós, PodCast. “Também fiz banda para outros, como o Fato Consumado, Remexesamba, Pegada Firme, até que um dia, em 2018, apareceu um convite para tocar com o Pagoze (PGZ). Dali eu comecei a fazer banda pra eles até que a formação do grupo mudou e eu passei a ser ‘capa’ do grupo, onde estou até hoje”. 

Como tem sido o trabalho no Pagoze, sua relação com os outros integrantes? Quem são?

O PGZ já existia, é um grupo que está tocando há mais de 10 anos e passou por várias reformulações até chegar à galera atual, além de mim, composta por Rafael Belorio, Lucas Diniz, Pablo Calenzani, Leonam Cunha e Rodrigo Nascimento (Diguinho). Estamos numa luta constante no nosso dia a dia pra manter a banda no mercado, porque são muitas bandas na cidade disputando espaço. Graças a Deus temos uma parceria bacana com alguns estabelecimentos, um deles é o Deck240 onde nos apresentamos todos os domingos ao longo deste ano. Também recebemos muitos convites para fazer eventos particulares, inclusive estamos com a agenda lotada para dezembro, com encerramentos, aniversários e casamentos.

Como é sua relação com sambistas, carnavalescos, a chamada “velha guarda”?

Tenho uma relação bacana com a velha guarda, conheci muitos músicos e artistas da nossa cidade através do meu pai. Participei de várias rodas de samba com ele, onde sempre tinha alguém novo (pra mim, é claro) pra conhecer. E a partir daí mantinha um bom relacionamento com todos que faziam o carnaval acontecer. Inclusive, às vezes recebo convites vindo de indicações que eles fazem para pessoas que os procuram querendo saber de compositores para novas parcerias. 

Seu tempo é totalmente dedicado à sua carreira, ou você se divide entre outro trabalho, estudos… como é sua rotina?

A minha rotina hoje é dividida entre as atividades musicais, trabalho e casa, tenho um filho de dois anos. Mas já tive época de me dedicar totalmente às atividades musicais. Mas, em Friburgo é muito difícil conseguir se manter financeiramente só com atividades musicais. Esse mercado aqui é bem pouco valorizado, a questão financeira não é nada satisfatória….

Como se sente quando se apresenta? Fica à vontade, sente-se intimidado, como é sua relação com o público?

Eu era muito tímido no início, aliás, ainda sou. Não sou muito de falar, quando toco pela primeira vez em algum lugar, onde não conheço as pessoas, fico meio travado para a comunicação, mas isso nunca me atrapalhou na hora de tocar. Quando “subo no palco”, aos poucos a timidez vai sumindo. Mas tem uma coisa que é muito estimulante: acredito que o maior prazer de qualquer músico seja sentir as emoções que o nosso som vai despertando no público, o que somos capaz de provocar nas pessoas com música, com o nosso show.

Som do Samba

Zeca Pagodinho

Ia descansar, mas escutei / O som do samba e levantei / Saí pra rua a procurar / De onde vinha aquela batucada / Lindos sambas de terreiro / E os versos dos partideiros / Com a lua cheia a clarear / Foi aí que eu senti que era covardia / Pois a noite estava clara como o dia / Tanta melodia a fluir / Como eu poderia dormir? / Eu lavei minha alma de ouvir lindos sambas / De grandes sambistas de quem eu sou fã / Quando eu dei por mim com meu tamborim / Era de manhã…

  • Com o pai Paulo Roberto, o Paulinho Guaraná

    Com o pai Paulo Roberto, o Paulinho Guaraná

  • Com a mãe Mônica Souza da Costa

    Com a mãe Mônica Souza da Costa

  • Grupo PGZ

    Grupo PGZ

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