No início desta semana, a redação de A VOZ DA SERRA recebeu um vídeo que mostra a triste realidade no Hospital Municipal Raul Sertã. Nas imagens é possível observar a má conservação em um dos espaços da maior unidade de saúde pública do Centro-Norte fluminense, com lixo jogado no chão e muitas fezes de pombo acumuladas em um setor próximo a ortopedia.
Assim que teve acesso ao vídeo que mostra um dos setores do hospital transformado em um verdadeiro vazadouro de lixo, A VOZ DA SERRA entrou em contato com a Prefeitura de Nova Friburgo, que através da Secretaria Municipal de Saúde informou que “aquele não é um local de circulação de pacientes e nem de serviço”. Segundo a nota, “trata-se de um local temporário de guarda do lixo daquele andar, onde o descarte recolhido das enfermarias pela higienização é depositado ali somente enquanto é feito o serviço no mesmo andar. Ou seja, o lixo fica ali por poucos minutos durante a execução da limpeza. A direção do hospital já determinou a recolocação das telas de proteção para restringir o acesso de pombos ao local que, reiteramos, é uma área que está isolada e com acesso devidamente restrito”, informou a prefeitura.
Fiscalização de vereadores
Em nota exclusiva enviada para A VOZ DA SERRA, os vereadores Maicon Queiroz, Marcinho Alves, Priscilla Pitta e José Roberto expõem os fatos relacionados ao grave problema de infestação de pombos no Hospital Municipal Raul Sertã.
“Na tarde desta segunda-feira, 4, os vereadores Maicon Queiroz, Priscilla Pitta, Marcinho Alves e José Roberto Folly estiveram no hospital para apurar denúncia de infestação de pombos em setores da unidade.
Ao chegarem no Raul Sertã, os parlamentares constataram que setores como os de arquivo, faturamento e segurança do trabalho estavam cobertos de fezes de pombos. No momento em que os parlamentares ingressaram ao local que são guardados os documentos, além das fezes, o mau cheiro também tomou conta, com pombos entrando e saindo do local, através de buracos no teto e no forro. Porém o mais espantoso é que o setor de Segurança e Saúde do Trabalho fica próximo a essa infestação. Em uma das portas que dá acesso ao setor que se transformou em um depósito de lixo, um cartaz foi afixado com o pedido para que não a porta não seja deixada aberta, devido a infestação de pombos, o que reflete a ideia que já havia o conhecimento do problema.
Além dos setores do 3º andar, também foram observadas fezes em janelas do isolamento da pediatria, o que arrisca a vida das crianças que ali ficam internadas, sem contar no mofo e infiltrações encontradas nos setores de clínicas Cirúrgica e Médica.
“Todas as apurações feitas pelos vereadores serão encaminhadas em forma de denúncia ao Judiciário e Vigilância Sanitária Estadual, para que sejam tomadas as medidas cabíveis, para que a prefeitura pare de brincar com a vida de funcionários e pacientes”, esclareceram os vereadores.
Possível óbito relacionado aos fungos
“Essa situação não apenas expõe a integridade dos profissionais e pacientes, mas também evidencia a urgência em corrigir os problemas. Recentemente, lamentavelmente, um paciente morreu, levantando questionamentos sobre a possível relação com a presença dos fungos oriundos da infestação de pombos. Não podemos confirmar definitivamente se o óbito está diretamente ligado a esses fatores, mas diante de tudo que observamos, é um caso que deve ser investigado. Precisamos destacar a necessidade imediata de abordar essas questões para preservar a integridade do hospital e restaurar a confiança da cidade nos serviços de saúde”, comentou a vereadora Priscilla Pitta.
A parlamentar observa ainda que “enquanto isso, em meio ao Natal de R$ 6 milhões da prefeitura, o Hospital Raul Sertã enfrenta desafios devido à falta de empatia e gestão deficiente. Esta disparidade demanda ações imediatas para restaurar a dignidade e a qualidade do atendimento à saúde em nossa cidade. A infestação de pombos, especialmente nas imediações do arquivo, intensifica a preocupação, assemelhando-se a uma cena de filme de terror. Estamos comprometidos em buscar soluções rápidas e efetivas para garantir um ambiente hospitalar seguro e digno para todos”, complementa a vereadora.
A importância da esterilização
A importância da esterilização é tão grande que não é absurdo falar que o procedimento pode salvar vidas. Quando falamos de ambientes hospitalares, isso é ainda mais verdadeiro.
Nesses ambientes, a incidência de microrganismos que podem causar doenças graves é muito maior. Ademais, pacientes, de uma maneira geral, apresentam um sistema imunológico mais debilitado. Com isso, a chance de uma infecção grave é muito maior.
Para garantir a saúde e a segurança de profissionais e pacientes é fundamental um ambiente limpo e esterilizado. Todo estabelecimento da área da saúde precisa dar exemplo quando o assunto é a segurança de seus produtos, materiais, pacientes e profissionais. Para que isso aconteça, é preciso que os métodos de limpeza e esterilização estejam sempre atualizados. O princípio básico que deve reger a manipulação de materiais é a prevenção e a diminuição de riscos.
A esterilização é um processo que visa a destruir todas as formas de vida microbianas que possam contaminar materiais e objetos. São eliminados durante a esterilização organismos como vírus, bactérias e fungos. A esterilização pode desenvolver-se através de diferentes processos químicos e físicos. Esse processo é tão eficaz que a probabilidade de um microrganismo submetido ao processo de esterilização sobreviver é menor que uma em um milhão (10-6).
Desinfetar é a mesma coisa?
Uma das maiores dúvidas de quem atua na área da saúde é se a importância da esterilização é um fato ou um mito. Alguns profissionais acreditam que apenas desinfetar alguns materiais é suficiente.
A verdade é que o processo de desinfecção, apesar de ser eficaz para a eliminação dos organismos causadores de doenças, não destrói os esporos e alguns tipos de vírus. Dessa forma, só desinfetar pode não ser suficiente.
Além disso, a esterilização garante: segurança para pacientes e profissionais; obediência às normas legais estabelecidas pela Anvisa; maior vida útil aos materiais médicos; economia e otimização de recursos.
Antigo orfanato: ação voluntária virou caso de saúde pública
Em outubro de 2022, conforme noticiado por A VOZ DA SERRA, o que era para ser uma ação voluntária, se transformou em um caso de saúde pública. Na época, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou 16 casos de histoplasmose, doença causada por fungos de morcegos e pombos. Os casos foram de pessoas que participaram como voluntários em um mutirão para a limpeza do prédio onde funcionava o antigo orfanato, na Chácara do Paraíso. O antigo orfanato pertence à congregação católica Joseleitos de Cristo que obteve na Justiça a reintegração de posse do imóvel na Rua Frutuoso da Silva.
Após reassumir o antigo orfanato, voluntários ligados à Capela de São Sebastião, na Chácara do Paraíso, e membros do Seminário Dom Bosco se reuniram para a ação de limpeza do antigo orfanato que estava fechado há vários anos, com a intenção de preparar as instalações para a implantação de futuros projetos sociais.
Segundo as autoridades de saúde, a suspeita é de que durante a limpeza, a equipe de voluntários tenha inalado o fungo Histoplasma Capsulatum, mais comumente presente em fezes de pombos e morcegos. Esse fungo geralmente afeta o sistema respiratório.
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