Mesmo sem festa junina presencial, é sempre bom falar dela

Brasil tem uma forte tradição nessas festas, que têm na fogueira um de seus maiores símbolos
sexta-feira, 25 de junho de 2021
por Jornal A Voz da Serra
Mesmo sem festa junina presencial, é sempre bom falar dela

 

As festas juninas são comemoradas durante todo o mês, de 1 a 30 de junho, em honra a três santos populares: Santo Antônio, São João e São Pedro. Há quem defenda a ideia de que devem ter início só no dia 12 (véspera de Santo Antônio) e terminar no dia 29 (Dia de São Pedro), conforme as seguintes datas: 13 (domingo), Santo Antônio; 24 (5ª feira), São João; 29 (3ª feira), São Pedro. 

 

Apesar de hoje estar embasado num forte teor cristão, a origem das festas juninas é pagã. No mês de junho é o final da primavera e começo do verão no hemisfério norte, e o dia 24 é o solstício de verão nesse hemisfério. Era essa a ocasião em que os povos promoviam festas para pedir fartura nas colheitas.

Como não conseguia extinguir essa tradição, a Igreja Católica introduziu nelas o caráter religioso. Fez isso aproveitando os dias dos santos mais populares que são comemorados no mês de junho. Primeiro com São João e São Pedro, e mais tarde, especialmente em Portugal, com Santo Antônio.

Santo Antônio, o santo casamenteiro

Santo Antônio, popularmente chamado de ‘santo casamenteiro’, é comemorado em 13 de junho, dia da sua morte. Na véspera, dia dos namorados, as moças faziam simpatias e orações ao santo para casar. 

Natural de Lisboa, o santo sempre foi muito querido pelos portugueses que trouxeram sua devoção para o Brasil. Além dos templos erguidos em seu louvor, é raro encontrar uma igreja que não tenha uma imagem sua.

  • São João, o santo festeiro

São João é comemorado no dia 24, dia do seu nascimento. Além de ter batizado Jesus, consta que São João era seu primo e o primeiro a reconhecer Jesus como o Messias.

A devoção a São João é popular devido aos portugueses. ‘João’ foi o nome de vários reis de Portugal que faziam construir uma capela para honrar seu padroeiro.

As festas juninas também são conhecidas como festas de São João, afinal esse é o mês do ‘santo festeiro’ da comemoração. É possível que o nome decorra do mês, enquanto há quem justifique que São João é o motivador dessa nomenclatura. Vale lembrar que no princípio a festa era conhecida como Festa Joanina.

  • São Pedro, o pescador

São Pedro é comemorado no dia 29, também data da sua morte. Pescador, foi discípulo e o primeiro Papa da Igreja. Também é conhecido como o dia de São Pedro e São Paulo por essa ser a data da morte dos dois santos.

Como São Pedro é padroeiro dos pescadores, as cidades costeiras do Brasil quase sempre têm uma capela em sua homenagem, o que contribuiu para a popularização da festa.

  • Características  da celebração

O Brasil tem uma forte tradição nas festas juninas e um de seus maiores símbolos é a fogueira, cujo acendimento ocorre sempre no primeiro dia de cada santo. Aspectos de culinária, danças, brincadeiras e simpatias estão profundamente inseridos no folclore brasileiro, originando estudos e publicações de historiadores brasileiros, como o antropólogo e escritor Luís da Câmara Cascudo.

Comidas e bebidas típicas: Bolo de milho; Paçoca; Espiga de milho verde; Pinhão cozido; Canjica; Pamonha; Curau; Quentão; Vinho quente; Pé-de-moleque; Batata doce assada na brasa; Cuscuz; Amendoim doce; Pipoca; Doce de abóbora; Bolo de tapioca; Tapioca; Caldo de feijão; Arroz doce; Bolo de fubá.

Brincadeiras de São João: Pescaria; Boca do palhaço; Correio elegante; Jogo de argolas; Corrida do saco; Cadeia; Rabo do burro; Tomba lata; Corrido do ovo na colher; Dança da laranja; Cabo de guerra; Corrida de três pernas; Casamento caipira; Quadrilha; Bingo.

Embora seja comemorada em todo Brasil, é no nordeste brasileiro que encontraremos as maiores festas juninas. Na cidade de Campina Grande, na Paraíba, por exemplo, é realizado o ‘Maior São João do Mundo’, uma celebração comparável ao Carnaval carioca em termos de organização, infraestrutura e retorno econômico. Contudo, a cidade de Caruaru, em Pernambuco, disputa o título com a cidade paraibana, oferecendo um mês de festa, forró e o Festival de Comidas Gigantes.

Os antigos costumes

A festa junina não tinha o caráter religioso que assumiu anos depois, e que perdura até hoje. Antes da Idade Média, no hemisfério norte as pessoas comemoravam a chegada do verão - em junho - homenageando os deuses da natureza e da fertilidade, ao mesmo tempo em que pediam uma colheita farta.

Era assim devido à temporada da colheita de cereais, como o milho - o ingrediente mais comum nas comidas típicas de festa junina. As fogueiras, símbolo característico das festas juninas atualmente, também têm origem na festa pagã, um costume nas celebrações. Como a igreja não conseguia acabar com a popularidade da festa pagã, acabou aderindo às festas juninas atribuindo-lhes um caráter religioso.

No Brasil, as festas juninas foram introduzidas pelos portugueses no período colonial. Em Portugal, a festa junina tinha o nome de Festa Joanina, possivelmente pelo fato de acontecer em junho ou talvez por causa de São João, que é o principal santo da comemoração; motivo pelo qual os eventos também são chamadas de Festa de São João.

Os três santos católicos — João, Antônio e Pedro — foram escolhidos por serem os santos mais populares do mês de junho. Desde que as festas começaram por aqui, a comemoração sofreu influências das culturas africanas e indígenas e, por isso, ela possui características peculiares em cada parte do Brasil.

 

 

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