O frio desta quarta-feira, 30, que surpreendeu muitos friburguenses, mesmo acostumados com as temperaturas de inverno, é só um aperitivo: nesta quinta, 1º de julho, as mínimas devem despencar ainda mais.
Esta primeira forte onda de frio do inverno 2021 está sendo causada por um fenômeno raro: um ciclone subtropical que se desenvolveu entre a costa do Uruguai e do Rio Grande do Sul. A formação de tempestades subtropicais no litoral do Uruguai ou do Rio Grande do Sul é muito pouco comum. Em geral, este tipo de sistema se forma na costa do Sudeste.
A Marinha do Brasil enviou aviso nesta quarta nomeando este sistema de “Raoni”, que quer dizer "grande guerreiro" em tupi-guarani. Segundo o Climatempo, esse ciclone se desprendeu de um ciclone extratropical que já estava em alto-mar e associado a uma grande frente fria que avançou sobre o Brasil. Nas imagens do satélite GOES 16, a tempestade subtropical Raoni pode ser vista como um aglomerado de nuvens que gira no sentido horário, na costa gaúcha.
Nesta quinta, 1º de julho, a mínima deve baixar ainda mais, para 5 graus. As temperaturas deverão permanecer baixas no fim de semana, com máximas em torno de 16 graus. Não há previsão de chuva para os próximos 15 dias: o céu deve ficar limpo.
Como mostrou A VOZ DA SERRA em 14 de junho, a primeira onda de frio deste ano, em torno de 7 graus, foi registrada uma semana antes do início oficial do inverno, que começou no último dia 21. Desde 5 de maio a Estação Meteorológica A624 do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), que registra as temperaturas oficiais na região de Salinas, vem apresentando falhas na transmissão online dos dados meteorológicos. Desta forma, Friburgo fica sem saber suas temperaturas oficiais.
A estação do Inmet em Salinas chegou a registrar, em 8 de agosto de 2014, 1,1 graus negativos, a menor temperatura oficialmente da história recente do município. O instituto alega que a manutenção da estação foi suspensa devido à pandemia.
O inverno 2021 deve seguir o padrão de normalidade histórica, sem efeito dos fenômenos El Niño ou La Niña. No entanto, a expectativa é que o Sudeste enfrente duas ondas de frio intenso: uma em julho e outra, ainda mais forte, na primeira semana de agosto.
Anomalia de frio negativo
Segundo o site de meteorologia Metsul, a onda polar desta primeira metade da semana na região Centro-Sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai estará trazendo a maior anomalia negativa de frio no mundo fora do polos. Em nenhum lugar do planeta a temperatura ficou tão abaixo da média fora das regiões polares como a parte central da América do Sul.
Existem áreas de temperatura abaixo da média extensas nas planícies centrais dos Estados Unidos, no Norte do Canadá e na parte central da Rússia, mas fora da Antártida não há nenhuma região nesta segunda-feira, 28, com a temperatura tão abaixo da média como a porção central da América do Sul. Segundo o Metsul, isso é efeito da massa de ar polar que cobre a maior parte dos países do Cone Sul da América.
Já está nevando em Santa Catarina, no Planalto Sul Catarinense, e caiu chuva congelada em São José dos Ausentes (RS) e em Pato Branco, no Sudoeste do Paraná. As mínimas na Argentina chegaram a 15 graus negativos em Maquinchao. A neve caiu nesta segunda em locais pouco acostumados ao fenômeno, como no Noroeste da província de Buenos Aires e do Sul da província de Santa Fé.
Por outro lado, o Noroeste do Estados Unidos e a região de British Columbia no Canadá enfrentam uma onda de calor sem precedentes. O Canadá teve ontem a maior temperatura da sua história: 46 graus British Columbia, onde fica Vancouver.
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