Faltam mil dias...

O bicentenário alemão nos ‘2 Séculos de Nova Friburgo’ e o desafio da aproximação com os países formadores
sábado, 07 de agosto de 2021
por Girlan Guilland
Faltam mil dias...
Neste sábado, 7 de agosto de 2021, o calendário crava exatos 1.000 dias para a celebração de mais um bicentenário na rica historiografia friburguense. Coincidentemente, faltando 30 dias para o 199° ano da Independência do Brasil, feriado de Sete de Setembro, data que tem ainda correlação com o feito histórico local.

“É tempo suficiente para a cidade se apropriar de sua primazia também na imigração germânica”
Pouco menos de três anos nos separam do 3 de maio de 2024, icônica data na trajetória histórica do município, da segunda imigração pioneira da qual foi protagonista a então Vila de Nova Friburgo da Freguesia de São João Baptista. Afinal, pouco mais de cinco anos antes, chegavam ao Morro Queimado os também pioneiros suíços.

Além do fato histórico, evidentemente merecendo todas as comemorações, o acontecimento é mais um dos marcos destacando a cidade serrana, berço de duas imigrações europeias, além de ter acolhido ainda ao longo dos anos, povos de quase uma dezena de outros países.

Oportunidades, além das festas

 O ‘bicentenário alemão’, mais um dos fortes argumentos, principalmente do ponto de vista do turismo-histórico, que o município dispõe, sobretudo na retomada da atividade no chamado pós-pandemia. Não restam dúvidas do potencial turístico, principalmente os chamados destinos de curta distância. Resta saber se tal atributo será devidamente aproveitado. Ao meu ver, ainda falta um plano integrado, unindo diferentes elos de uma cadeia produtiva e criativa tão diversa quanto promissora, e que impõe especial esforço de organização profissional.

Há também pouco mais de três anos, em 16 de maio de 2018, celebrávamos o bicentenário da fundação da vila, pelo Rei Dom João VI. Hoje, a sensação é de que o legado daqueles dias terá sido tão somente o resgate da reaproximação com a Suíça, iniciado 40 anos antes, mas comprometido desde 2011, fatídico ano da catástrofe climática, que acabou também gerando um incidente diplomático por parte do incipiente governo municipal de então.

A retomada dos laços helvéticos foi pouco? Não. Decisivamente, de forma alguma. Muitas pessoas trabalharam e ainda atuam para que isso se consolide ainda pelos próximos anos, mas a grande verdade é que o potencial da cidade, representa muito mais. Só para citar um exemplo: e as relações com os demais países formadores? Com a própria Alemanha? Há quantas anda?

Há 21 anos, Carta de Intenções com Freiburg Im Breisgau

Entre os anos de 1999 e 2000 (Governo Paulo Azevedo), foram empreendidos esforços para estabelecer intercâmbio com a Alemanha. As festividades oficiais pelo 181° aniversário de Nova Friburgo, por exemplo, em maio de 1999, contaram com programação voltada ao tema, incluindo recepção às autoridades de Freiburg Im Breisgau e, ainda, roda de negócios entre empresários alemães e friburguenses, numa promoção da prefeitura, através da Secretaria de Indústria e Comércio, em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro.

Como desdobramento, entre os dias 1° a 3 de junho do ano seguinte, delegação friburguense cumpriu extensa agenda na Freiburg alemã, inclusive sendo oficialmente recebida pelo então prefeito, Dr Böhme na Gerichtslaube, resultando numa Carta de Intenções “visando fortalecer as relações bilaterais entre os dois Governos, para adotar medidas, no âmbito dos interesses econômicos, educacionais, culturais e sociais”. 

Passadas então mais de duas décadas, quais seriam as iniciativas nesse arcabouço possíveis de serem retomadas? O que se poderá projetar para o futuro, com base nas experiências do passado? Quem vai liderar essa agenda de prioridades tão latentes?

São perguntas para as quais não deveríamos chegar sem respostas ao milésimo dia que nos aguarda, ao final do cronômetro que disparamos neste sábado de inverno tão preciso. Pelo contrário, deveria ser - desde já - o compromisso assumido como legado que continue escrevendo, confirmando e consolide a trajetória tão promissora desse povo no enredo friburguense, garantindo e honrando capítulos como o protagonismo religioso da primeira igreja protestante na América Latina ou o pioneiro processo da industrialização local com a ‘Trindade Teutônica’ entre Julius Arp, Maximiliam Falck e Carls Siemns, mas não apenas como  registros nos livros e arquivos, e sim como elemento vivo de nossas transformações presentes e futuras.

Não somente de festejos e folguedos, mas de conquistas, resultados concretos, que reposicionem Nova Friburgo no seu lugar de direito.

 

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