Como muitos outros países, o Brasil enfrenta um desafio preocupante em relação à discriminação contra pessoas idosas, conhecido como etarismo. Esse fenômeno é evidente no mercado de trabalho, nas universidades, nas interações cotidianas, inclusive no ambiente digital. No entanto, é essencial conscientizar a população sobre os direitos dos idosos e promover uma mudança cultural que valorize e respeite essa parcela importante da sociedade.
Limita o acesso a valiosas contribuições e experiências que as pessoas idosas podem oferecer em diversas áreas da vida
O etarismo, também conhecido como ageísmo ou idadismo, envolve estereótipos e uma visão preconceituosa em relação às pessoas. Ele se refere a discriminação com base em sua idade, contribui para a segregação da população e está vinculado a padrões sociais estabelecidos na sociedade, como a valorização da produtividade e da juventude, bem como o acesso desigual às novas tecnologias. É uma forma de discriminação que se baseia na ideia de que a idade avançada é um fator inferior, levando a estereótipos negativos, tratamento injusto e exclusão social.
Também pode se manifestar tanto em níveis individuais quanto estruturais. No nível individual, ocorre por meio de comentários depreciativos, ridicularização, marginalização ou tratamento desrespeitoso em relação a pessoas mais velhas. Pode acontecer em ambientes pessoais, sociais ou profissionais, incluindo os serviços de saúde e a mídia.
Em níveis estruturais, o etarismo se reflete em políticas, práticas e normas sociais que limitam ou negam oportunidades e direitos às pessoas idosas. Como na falta de acessibilidade em espaços públicos, discriminação no mercado de trabalho, estereótipos negativos nas representações midiáticas, falta de cuidados de saúde adequados e restrições nas esferas política e cultural.
O etarismo prejudica não apenas as pessoas idosas, mas também a sociedade como um todo. Ele perpetua estereótipos negativos, impede a participação ativa e produtiva das pessoas mais velhas e contribui para a exclusão social e o isolamento. Além disso, limita o acesso a valiosas contribuições e experiências que as pessoas idosas podem oferecer em diversas áreas da vida.
Pode ser considerado um crime de injúria quando alguém tem sua honra ou dignidade prejudicada, porém, isso é aplicável apenas quando se trata de pessoas idosas com 60 anos ou mais. Recentemente, um caso envolvendo uma estudante de Biomedicina, de 45 anos, residente em Bauru (SP), foi alvo de ridicularização por seus colegas de classe devido à sua idade. Em resposta a essa situação, o deputado federal Fábio Macedo propôs uma medida para ampliar essa proteção contra o etarismo, tornando-a aplicável a qualquer faixa etária.
Com o envelhecimento da população e o crescente investimento em qualidade de vida, muitos países ao redor do mundo estão lidando com a produtividade, vitalidade e alegria da terceira idade em diversos espaços e profissões. Ainda assim, o preconceito social segue crescendo e se disseminando na sociedade.
Procure saber
Os preconceitos podem afetar tanto os jovens quanto os mais velhos. De acordo com uma pesquisa, 73% dos profissionais das gerações Y (nascidos entre 1980 e 1989) e Z (nascidos entre 1990 e 2010) sentem que são subestimados devido à sua idade mais jovem. Por outro lado, 66% dos profissionais da geração X (nascidos entre meados da década de 1960 até 1979) sentem que os mais jovens duvidam de seu profissionalismo. Esses dados ilustram como os estereótipos etários podem afetar diferentes faixas etárias no ambiente de trabalho.
No caso aqui citado, a universitária Patrícia Linares registrou um boletim de ocorrência por injúria e difamação contra as três jovens que gravaram um vídeo e publicaram em uma rede social em que praticam discriminação etária contra ela.
Um documento foi registrado na Delegacia de Bauru, no qual Patrícia relata ter sido insultada e ainda sofrer as consequências do ataque realizado por três universitárias. Agora, há um prazo de seis meses para a apresentação de uma queixa-crime.
No vídeo divulgado nas redes, uma das jovens ironiza: “Gente, quiz do dia: como ‘desmatricula’ um colega de sala?”. Em seguida, outra diz: “Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada”. “Realmente”, declara uma terceira.
Caso seja vítima de etarismo, existem medidas que você pode adotar para lidar com essa situação. O primeiro passo, é conscientizar-se: reconheça que o etarismo é um problema real e que você não está sozinho(a) nessa experiência. Procure se informar, conhecer os estereótipos e preconceitos relacionados à idade e como e o quanto eles podem afetar as pessoas. Combata o etarismo!
(Fonte: //www.verifact.com.br/etarismo-e-crime/)
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