O noticiário sobre o assunto não é nada animador e o salário da classe ainda menos estimulante, mas, mesmo assim, a profissão de professor continua atraindo milhões de pessoas. Os motivos são inúmeros, mas o maior deles é que esta é uma atividade ligada ao dom, a uma qualidade inata.
Uns nascem para atuar na saúde, outros para educar …, assim como demais profissões existem também uma relação de missão. Mas, no caso dos professores, parece ser mais intrínseca.
Uma pergunta é recorrente para aqueles que se decidem pelo magistério: Compensa ser professor? A resposta não é fácil, pois se trata de uma carreira vista por muitos como a mais importante de todas. As dificuldades, os desafios exigem força e determinação. No entanto, são várias as razões que demonstram o quanto é recompensador ser professor. Vejamos:
1. Marcar a vida dos alunos
Excluindo as profissões de médico e bombeiro, que salvam vidas, difícil apontar outra profissão capaz de marcar tanto a vida das pessoas. Toda pessoa tem guardada na memória a figura de um professor. Seja pelos conhecimentos passados, pelas experiências vividas ou pela capacidade de fazer diferença na vida do aluno. Conhecemos histórias da transformação de um jovem indisciplinado em um estudante brilhante, porque o professor se empenhou e não desistiu de conquistar sua confiança. São inúmeros os casos de professores que se tornam tão populares, que acabam reconhecidos e adorados por várias gerações de alunos. É gratificante a sensação de poder mudar o rumo da vida de alguém por meio da educação.
2. Imprescindível para mudar o mundo
Todos os profissionais extraordinários que propiciaram mais bem-estar, segurança, evolução, tranquilidade para nossas vidas foram educados por professores. Em todas as histórias de sucesso que ajudaram a transformar a humanidade, os professores tiveram importante contribuição. Nenhum outro profissional tem o poder de impactar o futuro como ele, em sua tentativa diária de encorajar sonhos e influenciar comportamentos. Em boas [ou nem tanto] condições de trabalho, o mestre tem o poder de influenciar os alunos a serem respeitosos e solidários, se preocuparem com aspectos sociais, ambientais e culturais; despertar em muitos a capacidade de respeitar as diferenças; e levá-los a serem confiantes o suficiente para acreditarem que podem mudar o mundo! Por que não?
3. Aprender constantemente
Não há limite para o conhecimento. Por mais que você leia livros ou se atualize constantemente, sempre existe algo novo para ser aprendido. Com o advento da internet ficou mais fácil aprender, assim como ficou mais desafiador ensinar. Afinal, os alunos podem ter também em segundos acesso às informações passadas nas aulas. Os alunos já nasceram conectados, portanto, são importantes fontes de aprendizado, seja na área técnica ou emocional: cada pessoa tem a sua própria história e algo a acrescentar. Ao longo da vida, o professor convive com centenas de pessoas e extrai o melhor de cada um, aprendendo constantemente, inclusive com os erros, evitando repeti-los.
4. O respeito da sociedade
O magistério é visto pela maioria das pessoas como uma carreira respeitável, que desperta a admiração de todos. Contudo, o professor não tem a devida e merecida remuneração, o justo valor à altura do papel que exerce na formação do cidadão brasileiro. Ser reconhecido pelos alunos, pela sociedade em geral, é uma manifestação valiosa, e esse reconhecimento é a mola que impulsiona o profissional da educação, que o leva a persistir em sua jornada. Afinal, o que fica, na verdade, é que poucos podem se orgulhar de fazer tanta diferença positiva na sociedade como um professor.
(Fonte: //www.classapp.com.br)
Aos mestres, a homenagem de uma aluna
Porque escolhi ser professora
“Obrigado por acreditar em nós e na educação!”
“Dos meus 19 anos de vida, 15 foram passados dentro das salas de aula da rede pública, municipal e federal, aprendendo e trocando vivências em instituições escolares, com a presença marcante figura do professor, que para mim, sempre foi muito especial.
Desde pequena, ainda no Ensino Infantil, eu tinha uma relação de carinho e admiração pelas "tias". Ali já sentia um certo gosto por ensinar, e no Fundamental I e II, tive a certeza. Em vésperas de provas reunia meus colegas para ensinar a matéria e para que eles também me ensinassem de volta. Esse costume foi inspirado pelo exemplo dos meus professores.
Tive ótimos educadores(as) na minha passagem pela Escola Municipal de Linhares (ES) EMEF José Modeneze, os quais me inspiram até hoje. Se não tivesse observado a dedicação e entusiasmo em nos ver aprendendo, penso que não teria coragem de seguir a carreira. Digo coragem pois foi no Ensino Fundamental que pude ver de perto a dificuldade e a desvalorização dos professores em nosso país. Vezes incontáveis, eles usavam seu próprio dinheiro para comprar materiais básicos que uma escola deveria ter; em outras tantas se comoviam em ajudar seus alunos que tinham uma realidade social muito precária.
Criamos projetos legais, mesmo sem recursos do governo municipal: tirávamos do próprio bolso para promover ações sociais e de lazer na escola. Nesse quesito, incluo também as diretoras, coordenadoras e pedagogas. Sem dúvida, minha passagem por essa instituição foi marcada pela força de muitas mulheres.
Ao mesmo tempo, não posso deixar de falar das dificuldades em sala de aula, com alunos desinteressados e indisciplinados que, consequentemente, desestimulavam os professores. Hoje, na graduação, entendo que o comportamento dos alunos na sala de aula é movido, em grande parte, por influências externas à escola e que, algumas vezes, eles não são os únicos culpados por suas ações. Diante dessa realidade, era muito difícil para um professor fazer um bom trabalho. Mesmo assim, meus professores e professoras superavam e se saíam muito bem.
No Ensino Médio, que cursei no Instituto Federal do Espírito Santo (Campus Linhares), pude observar a dedicação dos meus professores para além da sala de aula, com suas pesquisas e o interesse em propor projetos de iniciação científica para incrementar o aprendizado dos alunos. Nessa escola, tive excelentes exemplos que reafirmaram meu gosto pela educação.
Agora, na graduação em História, também me impressiona a garra, a perseverança e o amor que meus professores têm pelo que fazem. E assim, permaneço firme na certeza do que, desde criança, sempre almejei ser: professora!
Tenho muita gratidão por todos os educadores que passaram pela minha vida e que auxiliaram na minha formação intelectual e cidadã. Eles sempre serão fontes de inspiração para mim. Destaco, em especial, meus professores de História, que foram muito importantes na escolha do meu curso de graduação. Agradeço o incentivo, as risadas e aprendizados que vivi com cada professor(a).
A você, professor e professora, que está lendo este texto, me atrevo a pedir que, enquanto possível, siga firme em sua missão. É uma carreira com muitas dificuldades, mas saiba que você fez e faz a diferença na vida de muitos de nós, alunos. Muito obrigado por acreditar em nós e na educação!”
(Fonte: www.dw.com/pt-br/coluna Vozes da Educação-2021)
(A autora é a estudante Letícia Franco do Nascimento, de 19 anos. Ingressou neste ano no curso de História da Universidade Federal do Espírito Santo/UFES).
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