Empréstimo consignado para o Auxílio Brasil tem juros até 3 vezes maiores que o mercado

De quanto será o empréstimo vai depender do banco, mas nunca é demais lembrar que o valor máximo tem de ser aquele possível de pagar com até R$ 160 por mês
sexta-feira, 05 de agosto de 2022
por Jornal A Voz da Serra
Empréstimo consignado para o Auxílio Brasil tem juros até 3 vezes maiores que o mercado

Quem ganha o Auxílio Brasil agora pode fazer empréstimo consignado. Mas os juros cobrados podem ser até três vezes maiores que outros consignados do mercado, como os de aposentados ou funcionários públicos. Uma dívida pequena pode se transformar em uma enorme bola de neve. Especialistas dão dicas de como evitar o problema.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) sancionou a lei que permite o empréstimo consignado do Auxílio Brasil, com limite das prestações mensais de 40% do Auxílio Brasil (o que dá R$ 160). Não existe uma taxa de juros máxima por mês. Cada banco estabelece o valor. De quanto será o empréstimo vai depender do banco, mas, nunca é demais reiterar que o valor máximo tem de ser aquele possível de pagar com até R$ 160 por mês. Esse é o valor limite da prestação (40% de R$ 400). Não são considerados 40% de R$ 600 porque esses R$ 600 são provisórios.

Quanto aos juros cobrados, como não há limite, pode variar. Em julho, a reportagem do UOL simulou condições de empréstimo em que a taxa de juros chegava a 5,85% ao mês — quase 100% ao ano. Tem financeira que oferece R$ 2.600 de empréstimo pelo Auxílio Brasil a juros de 3,79% ao mês. Nesse caso, o pagamento seria em 24 parcelas de R$ 167. Outros bancos ainda não divulgaram as taxas. Quais pegadinhas podem haver? Eli Borochovicius, professor de finanças do curso de Administração da PUC-Campinas, diz que o interessado deve observar bem as condições oferecidas pelas instituições, especialmente com a expressão "a partir de".

"A financeira pode analisar o banco de dados e oferecer uma taxa menor para um grupo específico de pessoas, e empurrar a taxa maior para as demais, argumentando que o perfil não é compatível ou outras explicações quaisquer", explica.

Quanto custa

Segundo o Banco Central, estes são os juros médios cobrados pelos bancos brasileiros nos empréstimos consignados: 

  • Juros médios do consignado para funcionário público: 1,66% ao mês;

  • Juros médios do consignado para aposentado e pensionista do INSS: 1,96% ao mês; 

  • Juros médios do consignado para trabalhador do setor privado: 2,47% ao mês;

  • Juros cobrados de beneficiário do Auxílio Brasil: de 3,29% ao mês a 5,85% ao mês.

Eli Borochovicius só considera interessante pegar o empréstimo consignado do Auxílio Brasil se a pessoa tiver dívida no cartão de crédito que cobre juros médios de 8,51% ao mês. Se a pessoa está negativada, deve comparar os juros da dívida dela e os do consignado. Se a taxa da dívida for maior, vale a pena pegar o empréstimo e quitar a dívida. 

Quanto a pegar o consignado e correr o risco de passar fome, depende de quanto a pessoa precisa do dinheiro para se alimentar. A prestação do empréstimo é limitada a 40% do Auxílio Brasil (R$ 160). Precisa ver se os 60% que sobram são suficientes. O que a pessoa não pode é pegar o dinheiro para fazer novas dívidas. A ideia é que, caso haja a necessidade, seja para quitar compromissos anteriores, diz o especialista.

Educação financeira

Para não afundar em dívidas, a especialista em desenvolvimento humano e finanças Tamirys Machado diz que, antes da liberação de crédito, o que deveria ser incentivada é a educação financeira, para que o dinheiro possa ser utilizado da melhor maneira possível. Para ela, o principal cuidado na hora de contratar esse tipo de empréstimo é saber exatamente onde o dinheiro será gasto. 

Para mudar a vida financeira e evitar novas dívidas, a especialista dá algumas dicas: 

  • Quitar dívidas que tenham juros maiores; 

  • Estudar e se aperfeiçoar para ter melhores cargos e salários; 

  • Obter uma renda extra (empreendendo, por exemplo); 

  • Estruturar ou regularizar algum bem que corra o o risco de ser perdido em dívidas.

(Fonte: https://economia.uol.com.br/noticias, Felipe de Souza)

 

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