Dia da Imigração Japonesa: a importância do povo japonês na história do Brasil

Dia da Imigração Japonesa ou Dia Nacional da Imigração Japonesa é comemorado em 18 de junho. Oficialmente, a data foi instituída no Brasil através da Lei 11.142, de 25 de julho de 2005
sexta-feira, 16 de junho de 2023
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Arquivo AVS/Henrique Pinheiro)
(Foto: Arquivo AVS/Henrique Pinheiro)

A imigração japonesa começou no início do século 20, por acordo entre os governos do Japão e do Brasil, quando o país asiático vivia uma séria crise econômica, e, por outro lado, o Brasil necessitava de mão de obra para a lavoura do café.

A data é comemorada no dia 18 de junho, dia da chegada do primeiro navio ao Brasil com imigrantes japoneses, no porto de Santos (SP), em 1908. O navio Kasato Maru trouxe 165 famílias, para trabalhar nos cafezais, na exploração de borracha na Amazônia ou nas plantações de pimenta no Pará, que eles próprios trouxeram.

A maior parte dos japoneses eram camponeses pobres, oriundos das províncias do Sul e do Norte do Japão, e foi no estado de São Paulo que permaneceu a maioria deles. Calcula-se que dois milhões de japoneses e seus descendentes vivam no país e destes, 1,3 milhão esteja no estado de São Paulo.

Em Nova Friburgo

A chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao município ocorreu na década de 1920, basicamente para trabalhar na agricultura, sendo o caqui seu primeiro legado. Posteriormente, aos poucos foram migrando para diversas atividades econômicas.

As técnicas de plantio agrícola implementadas pelos japoneses revolucionaram o setor, diversificando e aumentando a produtividade das lavouras. Especificamente, na floricultura, a revolução foi um marco no desenvolvimento de culturas como a rosa, cravo e com a introdução de outras espécies, iniciando-se pelo gladíolo (palma), introduzido por Yoshiyuki Ban.

A história de um povo

No final do século 19, com a Revolução Meiji, em 1868, o Japão se abria para o mundo e mudava sua organização social. Desta maneira, os impostos cobrados aos camponeses aumentaram obrigando milhares de pessoas a se dirigirem para as cidades. Com o crescimento da população, o governo japonês passou a estimular a imigração para a América.

Por sua vez, o Brasil também passava por profundas mudanças. Com o fim do tráfico negreiro, em 1850, e os crescentes movimentos abolicionistas, os fazendeiros passaram a contratar mão de obra imigrante europeia para substituir os escravos.

Imigração na República

Com o advento da República, a política de “descarte” do trabalho dos africanos escravizados se intensificou. Em 5 de outubro de 1892 foi aprovada a lei nº 97 que permitia imigração de japoneses e chineses ao Brasil. Previa ainda a abertura de embaixadas e a celebração de tratados de comércio entre ambos os países.

O Japão se interessou pela abertura e o embaixador Fukashi Sugimura assumiu seu posto diplomático, atento às condições do país. Sugimura escreveu um relatório favorável à vinda de japoneses para o Brasil e, posteriormente a imigração de japoneses foi entregue a empresas particulares.

Essas companhias passaram a “vender” a ideia de que o pé de café era a "árvore de ouro", que colhê-lo era uma tarefa fácil e que o imigrante rapidamente enriqueceria e voltaria rico ao Japão.

Chegada em Santos

Em 1908, o navio "Kasato Maru" atraca no Porto de Santos, trazendo 781 japoneses. Não era permitida a vinda de solteiros, somente casados e com filhos. Os imigrantes japoneses assinavam contratos de trabalho de três, cinco e sete anos com os proprietários das fazendas e, em caso de não cumprimento, deveriam pagar pesadas multas.

Sem falar o idioma e sem nenhuma infraestrutura preparada para recebê-los, os imigrantes japoneses se deram conta de que haviam sido enganados. À medida que os contratos iam terminando, muitos abandonavam as fazendas de café. Já quem não queria esperar, fugia para as cidades grandes e para outros estados, como Minas Gerais e Paraná, onde as terras tinham um preço mais acessível.

Com paciência e determinação, os japoneses conseguiram fazer lavouras no campo, abrir negócios na cidade, estabilizar suas vidas. Calcula-se que 190 mil japoneses vieram para o Brasil antes da 2ª Guerra Mundial.

Durante a Guerra

Mas, na década de 1940, o cenário mudaria, rapidamente. O Brasil apoia os Estados Unidos e a Inglaterra, na 2ª Guerra Mundial, enquanto o Japão lutava ao lado da Alemanha e da Itália. Quando o Brasil declara guerra aos países do chamado “Eixo”, em 1942, uma série de leis vai prejudicar as comunidades japonesas, como o fechamento de escolas, associações, clubes esportivos e o uso de símbolos nacionais nipônicos. Além disso, eles têm suas vendas prejudicadas, são proibidos de se reunirem e vários deles tiveram suas propriedades e bens confiscados.

Nas assembleias estaduais se discutia a proibição da vinda do “elemento amarelo” para o país, pois este representaria um perigo para a sociedade. De todos os modos, os imigrantes japoneses continuariam a chegar até a década de 1970, ajudando o desenvolvimento do país e enriquecendo nossa cultura.

Por outro lado, os imigrantes japoneses introduziram novos cultivos como o chá ou bicho da seda no campo. Aperfeiçoaram a cultura da batata, do tomate, do caqui e do arroz e, por isso, foram chamados de "deuses da agricultura". Também trouxeram religiões como o budismo e xintoísmo, danças típicas, artes plásticas e marciais como o judô e o karatê.

Personalidades nipo-brasileiras

  • Haruo Ohara (1909-1999), agricultor e fotógrafo

  • Tomie Ohtake (1913-2015), artista plástica e pintora

  • Yukishigue Tamura (1915-2011), político

  • Tikashi Fukushima (1920-2001), pintor e desenhista

  • Manabu Mabe (1924-1997), desenhista, pintor e tapeceiro

  • Tizuka Yamazaki (1949), cineasta

  • Hugo Hoyama (1969), atleta

  • Lincoln Ueda (1974), atleta

  • Daniele Suzuki (1977), atriz e apresentadora

  • Juliana Imai (1985), modelo

(Fonte: www.todamatéria/historiadobrasil)

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