Depois de uma denúncia do vereador Isaque Demani, a cartilha “Fique só com o barato”, que havia sido distribuída aos postos de saúde do município, foi recolhida, segundo informou nesta segunda-feira, 5, a Prefeitura de Nova Friburgo. O material, voltado aos dependentes químicos, faz parte do programa nacional Redução de Danos, do Ministério da Saúde para prevenir a transmissão e doenças infectocontagiosas, como o HIV entre usuários de drogas.
No ofício protocolado na prefeitura, o vereador enfatizou: “Estou com a cartilha em mãos e, ao analisar seu conteúdo, vejo um risco iminente às nossas crianças, adolescentes, jovens e até adultos que não são usuários de drogas em ter sensação de que as drogas são de fato um “barato”, são legais e podem ser usadas.”
Com dicas como “Se a primeira dose de pó não bateu legal, descarte-a. Ela pode conter talco, pó de vidro ou de mármore”, e “Drogas com impurezas podem provocar infecções dos vasos sanguíneos, das válvulas do coração, além de feridas na pele e infecção generalizada”, a cartilha, segundo o vereador, deve ser distribuída em locais apropriados, por pessoas determinadas, para realmente atingir o público alvo da campanha.
O que diz a prefeitura
Em nota, a prefeitura informou que a cartilha “Fique com o barato” que foi entregue em algumas unidades básicas de saúde de Nova Friburgo na última sexta-feira, 2, foi produzida pelo Ministério da Saúde e distribuída pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro para municípios do interior fluminense. A nota informa ainda que “por acreditarmos que o conteúdo sobre a política de redução de danos é feita de forma equivocada, não estando de acordo com as diretrizes do governo municipal, foi solicitada a retirada imediata de todos os panfletos.”
A prefeitura informou também que “acredita que o assunto de infecções transmissíveis deve ser debatido, entretanto, de outra forma, mais esclarecedora e objetiva. Assim como acredita e promove políticas de prevenção ao uso de drogas no município.”
Não é a primeira polêmica causada pelo material
Essa não é a primeira vez que a cartilha “Fique só com o barato” é motivo de polêmica. Em 2007, o material foi distribuído na Parada de Orgulho LGBT de São Paulo, conforme divulgou o portal de notícias G1. A organização do evento decidiu suspender a distribuição na época.
A reportagem do G1 disse ainda que “de acordo com os organizadores da Parada LGBT, o material é dirigido a um público determinado. “Especificamente, o trecho citado é dirigido a usuários de drogas lícitas e ilícitas e está em plena conformidade com as políticas públicas de redução de danos desenvolvidas nos âmbitos federal, estadual e municipal há mais de dez anos.”
A reportagem também informou que “o representante do Ministério da Saúde em São Paulo disse que o folheto - que não traz nenhum texto contra o uso de drogas - não foi bem redigido. A Secretaria Estadual da Saúde também admitiu que o conteúdo do panfleto apresenta falhas.”
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