Animais saem de seus habitats para explorar espaços vazios e silenciosos

Sem a presença de visitantes, parques viram paraísos para os bichos e lagos e plantas dos jardins temáticos atraem a fauna
sexta-feira, 12 de março de 2021
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Gambá
Gambá

Faz um ano que o isolamento social imposto para controlar a pandemia de Covid-19 alterou a rotina nas comunidades e continua interferindo na vida de todo mundo. A queda na circulação de pessoas esvaziaram ruas e espaços, e tudo ficou mais silencioso.

É o que tem observado Carlos Machado, responsável pelo Parque Municipal Juarez Frotté, localizado no bairro Cascatinha e administrado pela Secretaria de Turismo. “É cada vez mais frequente a presença de animais de várias espécies caminhando pelo parque”, contou.

“Há algum tempo, quando o parque ficou fechado por três semanas, pude observar algumas mudanças no comportamento de certos animais que vivem na região. Por exemplo, fui surpreendido com a presença de um casal de cervos. Que eu me lembre, é a primeira vez que vejo cervos por aqui. Esses animais são oriundos da reserva ecológica de Macaé de Cima, assim como as onças, e costumam percorrer toda essa área da APA do Caledônia. Quando o movimento de pessoas diminui eles arriscam se aventurar por outras localidades”, revelou Carlos.   

Segundo ele, também estão aparecendo mais tucanos, além de lagartos, gambás, micos, tatus, ouriços e uma infinidade de pequenos animais. “Outra coisa que venho notando é o repovoamento do rio com pequenos peixes e muitos girinos. Enfim, é a natureza aproveitando o espaço que, forçosamente, estamos deixando para ela”, comentou.

Para chegar ao Parque Municipal de carro basta seguir as placas de indicações do circuito do Caledônia. Quem vai de ônibus, é só embarcar na linha Centro-Cascatinha, desembarcarcer no ponto da Praça Protházio Corrêa da Silva, no centro do bairro e caminhar até uma bifurcação à direita. A pé, são cerca de dez minutos até o parque que fica na Estrada Cascatinha-São Lourenço, 261. O local tem segurança e patrulhamento de guardas municipais, diariamente. 

O lixo gerado pelos visitantes não pode ser descartado no parque, devendo ser depositado em local apropriado. O horário de visitação é de quarta a domingo, das 9h às 17h, e a entrada é gratuita. Mais informações pelo telefone (22) 2519-7013.

Pandemia afasta humanos e fauna e flora agradecem 

No Jardim Botânico de Brasília (JBB), por exemplo, quem ocupa a área de visitação agora são os animais silvestres, como veados, tamanduás-bandeiras, lobinhos-do-mato e aves de diversas espécies estão explorando novos espaços dentro da unidade em busca de alimentos.

A mudança nos hábitos da fauna foi observada já no início do isolamento social. A equipe de fiscalização do JBB realiza rondas diárias pelos cinco mil hectares das áreas abertas ao público e da Estação Ecológica do Jardim Botânico. 

Os primeiros sinais de que os animais estavam se movimentando por outros espaços foram o aumento dos vestígios encontrados, como pegadas e fezes. Mas foi o olhar atento dos servidores e vigilantes que trabalham na unidade somado às imagens das câmeras de monitoramento instaladas em locais estratégicos que constataram que os bichos estavam ampliando a área de exploração e alterando os horários em que passeavam pelo jardim.

O biólogo e gerente de Educação Ambiental do JBB, Lucas Miranda, explicou a mudança no padrão de comportamento dos bichos desde o fechamento para visitação, em março do ano passado. 

“A presença desses animais na área pública do jardim era observada antes da abertura dos portões, por volta das 7 horas, e depois do fechamento, às 17h. Agora, é possível avistá-los durante todo o dia. Sem a presença dos visitantes, o espaço virou um verdadeiro paraíso para os bichos. Os lagos e as plantas dos jardins temáticos acabaram atraindo a fauna”, reforçou.

A emoção de ver um animal silvestre de perto é indescritível e desperta admiração e encantamento. O contato com esses bichos em ambiente natural é diferente de zoológicos, onde o visitante já tem a expectativa de ver o bicho de perto. Poder observá-los, ainda que apenas por alguns instantes, é algo raro e dá uma perfeita noção do que seja estar em harmonia com a natureza. É tempo de aproveitar essas oportunidades.

Sobre animais silvestres e exóticos

Animais ‘não convencionais’ têm se tornado cada vez mais comuns em ambientes domésticos. Porém, é importante saber o comportamento de cada espécie antes de levá-la para dentro de casa.

No Brasil, é possível adquirir um em estabelecimento ou através de criadores autorizados pela Secretaria do Meio Ambiente. No entanto, embora pareça divertido ter um bichinho diferente, como um réptil, um roedor, ou até uma ave, a decisão requer responsabilidade, pois eles demandam cuidados diferenciados.

Existem algumas espécies de animais que a pessoa pode ter em casa e não precisa ter documentação como, por exemplo, uma calopsita, que é considerada um animal exótico, ou seja, de outro país. Por outro lado, os animais silvestres, que são aqueles nativos da fauna brasileira, precisam ser legalizados.

É necessário que o tutor tenha uma documentação comprovando que aquele animal é registrado; caso contrário, possuir uma espécie nativa brasileira sem a devida autorização pode ser considerado crime ambiental.

Antes de adotar

Diferentemente de cuidar de um cachorrinho ou um gatinho, os animais silvestres e exóticos possuem características bem individuais, em cada espécie, o que exige uma pesquisa aprofundada sobre os diferentes hábitos e necessidades. 

Não adianta a pessoa querer ter um animal ‘diferente’ se ela não sabe o que ele come e seu ambiente de origem. Tudo isso precisa ser levado em conta, ser bem pesquisado, já que pode ajudar na expectativa e qualidade de vida do animal, contribuindo também para evitar doenças.

Se adoecer...

Uma das dúvidas mais comuns entre as pessoas que têm animais silvestres e exóticos é a respeito do que fazer quando o bichinho fica doente. Um veterinário especializado neste tipo de animal é a melhor opção para chegar a um diagnóstico preciso.

São espécies muito diferentes, muito distintas, e por isso, a consulta a um especialista é fundamental, já que ele está preprarado para diagnosticar e tratar essa individualidade da maneira correta. No caso desses pacientes, quase tudo é diferente: as doses, a forma e administração dos medicamentos, e também a fisiologia de cada espécie.

No entanto, caso não haja acesso a um profissional especializado, o tutor pode recorrer ao veterinário “de cão e gato”.

Com humanos

Para perceber os sinais que o animal demonstra quando não está se sentindo bem, é preciso conhecê-lo bem, embora a relação de algumas espécies com seres humanos seja  um pouco mais lenta e complicada. Por exemplo, no caso dos porquinhos-da-índia, animais também considerados exóticos, originários da região dos Andes, a relação com o dono pode demorar até anos para se desenvolver.

Daí a importância de não ultrapassar os limites de um animal silvestre ou exótico, já que não são espécies acostumadas com a presença humana. Animais silvestres e exóticos não são tão ‘apegados’, por assim dizer. Algumas espécies podem se sentir mais seguras sem a presença de uma pessoa. Por isso, é necessário ter muito cuidado na hora de interagir.

 

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