77 x 7: Vida longa ao jornal A VOZ DA SERRA

Quando o único jornal impresso diário de Nova Friburgo completa 77 anos, abordamos a resistência a tantas crises e mudanças de hábitos
quinta-feira, 07 de abril de 2022
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
77 x 7: Vida longa ao jornal A VOZ DA SERRA

Acordar, abrir a porta de casa, pegar o jornal deixado pelo entregador, sentar num sofá e saborear um café, enquanto se atualiza sobre as notícias. Ou, a caminho do trabalho, parar na banca mais próxima, ler as manchetes dos jornais pendurados, enquanto se conversa com algum desconhecido sobre as notícias... são cenas de um cotidiano cada vez mais raro, mas que muitos ainda fazem questão de viver.

Muito já se falou sobre o fim dos jornais impressos, depois da chegada do rádio, tv, internet e agora, redes sociais. Mas tem os teimosos: e não são só os que preferem pegar a folha de jornal, abrir, passar os olhos sobre as manchetes, as fotos, ir lendo aos poucos, sentir o cheiro da tinta, mas também quem faz o jornal impresso.

A Voz da Serra está entre os heróis da resistência, por seu legado, por seus leitores. Em seus 77 anos de existência, a credibilidade é o pilar que o sustenta. Credibilidade adquirida através de um trabalho sério de jornalismo, pautado na ética e na imparcialidade.

O único jornal impresso diário da cidade, que resiste não só à crise do setor, mas também à crise causada pela pandemia. E, nesses dois últimos anos, foi preciso mais que amor e respeito para continuar com a versão impressa, presente diariamente na vida dos friburguenses, seja nas casas e escritórios ou nas bancas, onde muitos param para “tirar leite” do exemplar pendurado. Foram necessárias coragem e uma certa teimosia, devido ao aumento dos valores dos insumos para impressão, já que são cotados em dólar, que aconteceu juntamente com a crise da falta de papéis e a queda de anunciantes. 

“Fazer jornal no Rio é fácil. Quero ver é fazer jornal em Friburgo. São dificuldades de toda ordem. De anunciantes, de pessoal, de equipamentos e até de leitores. No interior as pessoas ainda preferem os jornais de fora, o que é um contrassenso, pois é mais importante ver no jornal o que acontece na nossa cidade”, disse o mestre do jornalismo, escritor e imortal da Academia Brasileira de Letras, Zuenir Ventura.

Outros jornais históricos da região serrana diminuíram ou deixaram de circular na versão impressa, como o Tribuna de Petrópolis, com 119 anos de existência. Há dois anos, exatamente no início da pandemia da Covid-19,  deixou de ter a versão impressa, contando apenas com a versão digital. O Diário de Teresópolis, com 33 anos de existência, é o único impresso da cidade, mas desde abril de 2020,  sua periodicidade é semanal, podendo ser encontrado nas bancas aos sábados. 

Na Região Serrana, além do A Voz da Serra, apenas O Diário de Petrópolis, da Cidade Imperial, continua com versão impressa diária.  Com 67 anos de história, é o segundo impresso mais antigo da Região ainda em circulação.

2021 marcou o fechamento de 12 veículos de comunicação

A sobrevivência em meio às crises atuais, como mudança de hábitos na forma de se informar, alta dos preços dos insumos gráficos, queda dos investimentos publicitários, não é fácil. Somente no ano passado 12 veículos de comunicação brasileiros encerraram seus negócios, segundo levantamento feito pelo Portal Comunique-se.  De acordo com o estudo, “a lista é composta majoritariamente por publicações impressas, que representam 58% dos fechamentos de redações ou, em números absolutos, sete títulos que deixaram de ser publicados em papel. O “obituário” de meios de comunicação voltados ao impresso conta com marcas de diversos estados, como Maranhão, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Sul. Além da geografia, a diversidade nos encerramentos foi aparente no tamanho e no objetivo dos veículos, que eram locais, nacionais, focados em hard news ou especializados.”

Além do fechamento das empresas, o estudo aponta ainda que em comparação entre os anos de 2020 e 2021, a mídia impressa sofreu queda de 13,6% no número de exemplares no Brasil, de acordo com Instituto Verificador de Comunicação (IVC). Ao se considerar apenas o impresso, no entanto, O Globo teve a menor circulação dos últimos cinco anos. Até setembro de 2021, o volume era de 70.282 unidades, em comparação com 156.307 para a mesma categoria de análise, em 2016, segundo o levantamento do Poder360.          

Jornalismo profissional em tempos de fake news

Ao mesmo tempo em que os jornais impressos diminuíram seus tamanhos ou edições, durante a pandemia, a importância das informações verdadeiras aumentou, passando a ser vital. A credibilidade dos jornais, com informações apuradas, verificadas, ouvindo todos os envolvidos e lados, prestando serviço e informando a sociedade se faz necessária, em um mundo onde a polarização e a política tomaram conta de todos os assuntos. Além disso, diariamente, vê-se nas redes sociais a disseminação e compartilhamento de notícias falsas, as famosas fake news. 

“A apuração dá trabalho e deve ser feita por jornalistas profissionais. A internet trouxe vantagens, possibilidades de externar opiniões, mas trouxe equívocos também, como por exemplo, achar que jornalismo é gravar um acidente, descrever o que está ‘vendo’. Na verdade, a pessoa não está apurando nada, não está assumindo nenhum compromisso com o que está relatando. As redes sociais são um mundo sem lei, sem critério. Há exceções, naturalmente”, observa o mestre, Zuenir Ventura.

O jornalismo, feito de forma séria, servirá de fonte para contar esse momento histórico. E, em Nova Friburgo, A Voz da Serra mostra o que vem acontecendo na cidade nos últimos 77 anos e contará às futuras gerações o que está acontecendo hoje. E, apesar da facilidade dos meios digitais, folhear a história, através dos jornais impressos seja do que aconteceu no dia de ontem ou no século passado tem outro sabor. Que venham mais 77X7 anos de histórias do A Voz da Serra!!!

 

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