31 de maio: Dia das Comunicações Sociais

Com advento das redes sociais e maior conexão à internet, mais pessoas têm acesso à informação, que nem sempre é verdadeira
sexta-feira, 27 de maio de 2022
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
Foto: Freepik
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Do livro ao jornal, do jornal ao rádio, do rádio à TV, da TV à internet. Os meios de comunicação social estão mudando rapidamente, principalmente nos últimos anos, com mais pessoas tendo acesso à internet. Mas, quantidade não significa qualidade. Apesar de oferecer mais informações a um maior número de pessoas, nem sempre o que se dissemina é real. 

Para o coordenador do curso de Comunicação Social da Universidade Estácio de Sá - campus Nova Friburgo, Jorge Maroun (abaixo), é preciso cuidado com o que se compartilha. ”Há muitas pessoas interessadas em espalhar notícias falsas, muitas trabalham para políticos e partidos políticos ou são golpistas. Não existem barreiras significativas para evitar a produção do conteúdo, mas as pessoas de bem podem se proteger buscando informações em portais oficiais de empresas e instituições, em meios de comunicação consolidados e, principalmente, pensando sobre aquilo que recebem, se realmente faz sentido. Antes de compartilhar, todos precisam ser um pouco jornalistas, checar a informação”, acredita ele.

O compartilhamento de informações e notícias ganhou força com o advento da internet. Uma pesquisa promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil revelou que, em 2020, o país chegou a 152 milhões de usuários, um aumento de 7% em relação a 2019. Com isso, constata-se que 81% da população com mais de 10 anos têm internet em casa. 

Também um estudo do IBGE, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, de 2019, sobre “Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC” no Brasil, demonstrou que 98,6% dos usuários acessam a internet através dos aparelhos de celular. O estudo demonstra ainda que, entre os objetivos do acesso à internet pesquisados, o envio e recebimento de mensagens de texto, voz ou imagens por aplicativos (não e-mail) continua sendo o principal, indicada por 95,7% das pessoas com 10 anos ou mais de idade que utilizaram a rede em 2019. Conversar por chamadas de voz ou vídeo foi apontada por 91,2% dessas pessoas; vindo logo em seguida, assistir a vídeos, inclusive programas, séries e filmes (88,4%); e, por último, enviar ou receber e-mail (61,5%).

Fake news

Através do envio e recebimento de mensagens, há também muitas informações falsas, as chamadas fake news sendo repassadas. Na ânsia de ser o primeiro a divulgar determinado acontecimento, muitas pessoas agem por impulso, sem pensar nas consequências dos seus atos. “Claro que existem pessoas que estão passando num local no momento em que um fato ocorre e o registram em vídeo, fazem um factual, ao menos em imagem. Entretanto, estas pessoas não dominam a metodologia de investigação e nem são capazes de redigir um texto jornalístico”, explica Jorge Maroun .

Foi o que aconteceu, quando dois policiais sofreram um acidente, no mês passado em Nova Friburgo, em que um deles morreu na hora e o outro ficou ferido. Minutos depois, a imagem do acidente já era compartilhada nas redes sociais e o pior, divulgando a identidade das vítimas, antes mesmo da Polícia Militar informar aos familiares. Na ocasião, o delegado Henrique Pessoa, titular a 151ª Delegacia de Polícia Civil fez um vídeo, apelando para que as pessoas parem com essa atitude. 

“O que nos deixa atônitos em relação ao acidente é o número de mensagens falsas, além da divulgação das imagens. Eu acho uma falta de respeito os comentários absolutamente infundados sobre o acidente. Tanto o  policial que morreu, como o policial sobrevivente têm família, pai, mãe, filhos, esposa… e esse tipo de atitude traz um desgaste emocional muito maior aos familiares e amigos”, sustentou o delegado. 

Formação

Para o coordenador do curso de Comunicação Social da Estácio, a sociedade precisa entender o que é o jornalismo e o que é disseminar opinião ou entretenimento. “Algumas pessoas têm talento no vídeo e geram engajamento, mas não fazem jornalismo, mesmo que as pessoas achem que o que produzem é jornalístico. Há gente qualificada também que está na independência, mas consegue produzir jornalismo, com apuração dos fatos, investigação e até opinião. Todos têm seu valor, mas é importante separar fato e opinião, interesses pessoais e jornalismo comprometido com a ética e a sociedade”, explica ele.

Sobre trabalhar com Comunicação Social, sem estar habilitado para isso, com o curso superior na área, Jorge Maroun critica a postura. “Os jovens hoje acham que não precisam de estudo. Daí vem boa parte das mazelas que muitos empreendedores enfrentam ou nos fazem passar, como consumidores mal atendidos e também a existência de vagas sem pessoal qualificado. Estudar é importante para quem deseja investir numa profissão, carreira. O networking de um curso presencial é valiosíssimo, como aprendizado e como vivência. Querer exercer uma atividade, sem estudar, sem certificar-se, sem aprendizado, é algo estranho demais”, disse ele.

Inteligência artificial

Além da disseminação de fake news por pessoas, a comunicação social poderá ser prejudicada em certas áreas, com a chegada do 5G, pois cada vez mais as empresas passarão a usar a inteligência artificial em detrimento do pessoal. “Vemos todos os dias na internet fotos que não tem a ver com o tema tratado na reportagem. Isso é fruto da inteligência artificial, que sobe um conteúdo sem ninguém para conferir. Precisamos que os seres humanos tenham a palavra final do processo. As empresas querem ser multicanais, mas não os atualizam. Quantas empresas tem site com informações completamente desatualizadas. As pessoas dizem entender de Comunicação, mas não sabem, sequer, sobre a necessidade do árduo trabalho diário que o jornalismo impõe a seus praticantes”, finalizou Maroun.

 

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