O anúncio, na quarta-feira, 31 de julho, da manutenção da Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, em 10,5% ao ano, gerou reações diferentes das instituições ligadas aos setores de indústria e comércio do Brasil. Enquanto para algumas a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), representa restrições à atividade econômica, para outras, reflete a incerteza sobre o equilíbrio das contas públicas.
Em junho, o Copom já havia interrompido a sequência de cortes de juros. Entre agosto do ano passado e março deste ano, houve redução constante de 0,5 ponto percentual a cada reunião. Em maio, o corte foi de 0,25 ponto percentual.
O posicionamento das instituições
Firjan
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ressalta que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de manter a taxa Selic em 10,5% reflete o cenário atual de incertezas econômicas e pressões inflacionárias.
Para a federação, o principal entrave para a retomada sustentável do ciclo de cortes de juros é a incerteza quanto ao equilíbrio das contas públicas. Embora o recente anúncio de congelamento no orçamento de 2024 tenha gerado certo alívio, a ausência de uma agenda estrutural de corte de gastos eleva o risco-país, desvaloriza a moeda local e deteriora as expectativas inflacionárias.
Portanto, a Firjan reforça que um ajuste fiscal bem-sucedido diminuirá as pressões cambiais e contribuirá para a recuperação da confiança dos empresários com relação à economia brasileira. Apenas dessa forma será possível promover um crescimento econômico sustentável, com inflação e juros baixos.
CNI
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse ser preocupante a manutenção da taxa de juros, por considerar que ela resulta em custo alto do crédito e restringe a atividade econômica brasileira. “Esperamos que a Selic volte a ser reduzida o quanto antes. A retomada de cortes é fundamental para a redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Caso contrário, seguiremos penalizando não só a economia brasileira, mas, principalmente os brasileiros, com menos empregos e renda”, disse o presidente da CNI, Ricardo Alban.
Fecomércio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio) defende que o Copom acertou na manutenção da Selic e que não havia margem para outra decisão. Segundo a entidade, há uma conjuntura de câmbio pressionado, inflação em nova aceleração e incertezas do cenário fiscal.
Para a Fecomercio, o contexto pode indicar até a necessidade de elevação dos juros, mesmo que pequena. Apenas um posicionamento fiscal mais claro do governo poderia mudar a situação.
CNC
A Confederação Nacional do Comércio (CNC) considerou a decisão do Copom prejudicial ao setor produtivo, por encarecer os juros. Mas disse reconhecer que, por causa da deterioração do quadro inflacionário, a medida é importante para a estabilização do cenário macroeconômico. A CNC destacou a alta das vendas no varejo, baixa taxa de desemprego a níveis históricos e renda disponível elevada, o que significaria solidez da atividade econômica e do mercado de trabalho. Por outro lado, reforçou que, apesar do avanço na arrecadação, o cenário fiscal continua gerando preocupações.
Força Sindical
A Força Sindical classificou como absurda a decisão do Copom. Disse que o país continua refém de interesses dos rentistas e que taxas mais altas de juros premiam os especuladores. Em nota, a instituição afirma que o Brasil perde outra chance de apostar na produção, consumo e geração de empregos. E que o pagamento de juros por parte do governo consome e restringe consideravelmente as possibilidades de crescimento do país, bem como os investimentos em educação, saúde, segurança e infraestrutura. (Com informações da Agência Brasil)
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