31 de Outubro — Lá vêm as Bruxas!

Algumas subiram em suas vassouras, outras preferiram voar com as próprias asas, mas todas já afiaram as garras e soltaram suas feras, prontas para entrar em todas e/ou qualquer festa. São as bruxas, que chegaram animadas para marcar presença onde houver abóboras iluminadas, sejam em festas particulares, clubes, bares, ruas. Este fim de semana é dedicado a elas, ‘las brujas!’.

Aliás, a palavra bruxa no idioma sânscrito (a língua sagrada da India) significa mulher sábia. Em latim, bruxa significa larva de borboleta. Somando os dois significados, podemos dizer que ser bruxa é ter a sabedoria e o poder de se autotransformar.

O Halloween é uma das festas mais tradicionais nos Estados Unidos. No Brasil, a comemoração é mais restrita, mas não menos animada. A data é um convite à criatividade das fantasias, que são as principais atrações. As crianças norte-americanas se vestem de monstros, saem às ruas pregando sustos uns nos outros e pedem doces nas casas. Se não ganham, fazem “travessuras”.

Como este ano a data cai em uma terça-feira, as festas foram antecipadas e estão sendo realizadas desde ontem, sexta-feira, 27, até domingo, quer dizer, um fim de semana inteiro dedicado ao evento. Lembrando que o dia não é feriado no Brasil.

Além de ser uma das brincadeiras mais tradicionais na América do Norte, é também a que mais movimenta o mercado. Segundo dados de 2021, 65% de sua população participa dos festejos, representando 210 milhões de pessoas. Esse recorte movimentou cerca US$ 9 bilhões por ano, entre 2017 e 2020. A festa também movimenta o comércio brasileiro, tanto o setor hoteleiro, como o de restaurantes e serviços.

O que é e como surgiu

O Halloween tem origem nas ilhas britânicas, onde hoje ficam a Inglaterra, a Escócia e a Irlanda, em meados do século 14, baseado em costumes dos celtas, povos que habitavam a Europa Central. 

Chamado de Samhaim, eles festejavam o fim do verão, a estação que carregava um significado místico: os celtas acreditavam que durante o festival, que acontecia anualmente em 1° de novembro, a barreira do mundo dos mortos e dos vivos se quebrava e assim, as almas dos mortos do último ano poderiam vagar pela Terra.

No Samhaim, as celebrações ocorriam em volta das fogueiras com o objetivo de manter os mortos longe dos vivos, com fartura de alimentos que serviam para homenagear e comemorar as colheitas realizadas ao longo do ano. Já a palavra Halloween é derivada da expressão “all hallows eve”, que em português significa “véspera de todos os santos”.

Barbie, a Bruxa

O evento ficou marcado nos últimos anos pelas fantasias e maquiagens inspiradas em filmes e séries do momento: no lugar de vampiros, múmias e frankenstein, vieram Wandinhas, Velmas (Scooby Doo), personagens da Marvel, entre outros.

Mas esse ano, tudo indica que o cor-de-rosa vai predominar nos figurinos: a principal busca, por exemplo, é pelos looks da Barbie. Segundo dados da pesquisa National Retail Federation (NRF), de varejistas, a fantasia da boneca está em 3º lugar entre as mais populares para os adultos — e figura no ranking das 10 mais vendidas para crianças.

Algumas lojas nos EUA, 30 dias antes da festa já tinha o estoque de fantasias da nova queridinha americana, esgotado. Grandes varejistas estavam com as prateleiras limitadas para itens oficiais da boneca, e a Amazon trouxe uma imensa variedade de produtos terceirizados e cópias não licenciadas com títulos alternativos. 

Enquanto isso…

No Brasil, não faltam personagens engraçados e criativos para tornar divertido o dia das bruxas, com destaque para o Saci-Pererê. 

O pesquisador e historiador Bruno Baronetti vê o Dia do Saci como uma resposta à indústria cultural americana em um momento no qual filmes de grandes franquias, com personagens do imaginário do Halloween, como os vampiros, começavam a ganhar força. 

“Além disso, havia uma percepção de que cada vez mais escolas do ensino básico, e cursos de inglês, valorizavam o Dia das Bruxas no modelo norte-americano”, aponta. Tendo o Brasil um folclore muito rico, com lendas e histórias vindas da miscigenação entre diversos povos, o que é próprio da nossa formação como país, foi colocado em questão: “Por que não promover uma reflexão sobre o papel da cultura nacional?”.

Tratamos do assunto nas páginas seguintes, confira!

(Fonte: exame.com)