Nesta terça-feira, 3, deveria ser um dia de festa em Nova Friburgo, com solenidade, hasteamento das bandeiras e apresentações típicas da Alemanha, como há anos aconteceu na cidade. A data marca os 198 anos da primeira imigração alemã para o Brasil, mais precisamente para Nova Friburgo. Mas, mesmo depois de dois anos da pandemia, em que os festejos tiveram que ser suspensos, devido às medidas protetivas à Covid-19, não acontecerá a tradicional solenidade. “Estaríamos na produção da Mai Fest, que sempre acontece no mês de maio. Como o Carnaval foi transferido para a semana que vem, adiamos nossas comemorações para outubro, que é outra data comemorativa da imigração alemã, com a queda do Muro de Berlim e a Reunificação da Alemanha”, explicou o presidente do Centro Cultural Teuto Friburguense, Edmilson Schneider.
De acordo com Edmilson (acima), hoje, às 10h, haverá um encontro com sócios e diretores Centro Teuto Friburguense, secretarias de governo e descendentes, para iniciar o trabalho de composição das comissões do bicentenário da imigração alemã, que acontecerá daqui dois anos, as quais serão formadas no dia 20 de junho, na Câmara Municipal.
Mas, os trabalhos para a comemoração do bicentenário da Primeira Imigração Alemã do Brasil e da Primeira Igreja Luterana da América Latina já começaram. “Nossa logomarca foi lançada em 2018. Já temos produtos temáticos, estamos imprimindo brasões de famílias para eventos e divulgação. Além do lançamento, em 10 de outubro de 2020, do selo comemorativo da Primeira Imigração Alemã no Brasil pelos Correios. O evento aconteceu de forma virtual, devido à pandemia, com a presença de representantes dos Correios e do cônsul adjunto da Alemanha, Johanne Bloos,”, lembra ele.
Edmilson é membro da Comissão do Bicentenário dos Alemães no Brasil, e, juntamente com Bárbara Husung, diretora de relações diplomáticas, que representa o Consulado da Alemanha no Rio de Janeiro, são os nomes de Nova Friburgo na Comissão. “Já estamos trabalhando, há dois anos, com todas as cidades de imigração alemã no Brasil. São cidades do Estado do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul”, disse ele, acrescentando que “estamos fechando parcerias com cidades alemães, e já receberemos em breve, o cônsul do Rio de Janeiro e a pessoa do consulado responsável para atuar na produção do bicentenário com Petrópolis, que é a outra cidade fluminense que vai festejar o bicentenário da imigração alemã no Brasil.”
Igreja Luterana comemorou com culto e almoço
Os 198 anos da imigração alemã e da primeira Igreja Luterana na América Latina foram comemorados no último domingo, 1º, com um culto de ação de graças e almoço festivo no salão social do templo, primeiro grande evento realizado pela Igreja após o isolamento social.
Para a comemoração do bicentenário da Igreja Luterana no Brasil, o pastor Gerson Acker, líder da igreja em Nova Friburgo, está tentando firmar parcerias com entidades. “Por hora, desconheço qualquer iniciativa por parte da prefeitura para celebrar o bicentenário da imigração alemã e o aniversário da primeira comunidade luterana do Brasil e da América Latina. A Igreja Luterana está fazendo parceria com terceiros, que também “vestem a camisa” desta causa, como o Centro Cultural Teuto Friburguense, a Fundação Dom João VI e a banda Euterpe Friburguense. Estas entidades, juntamente com a Igreja Luterana estão em diálogo, planejando atividades com o intuito de divulgar e celebrar o bicentenário”, adiantou o pastor.
Acker (acima) lembra dos 500 anos da Reforma Luterana, em 2017, quando a cidade não foi citada em nenhuma matéria como a primeira do Brasil a ter uma Igreja Luterana. “Como não sou natural de Nova Friburgo, sempre achei curioso o fato de haver tão pouco interesse dos friburguenses sobre sua própria história e sobre elementos identitários locais. Óbvio que isso respinga também na Igreja Luterana, que passa a ser uma “desconhecida” de muita gente, ao passo de que está aqui praticamente desde a fundação da cidade. Certamente existe um descaso na administração pública, sobretudo no aspecto de não explorar esse viés histórico-turístico. Se não houver valorização interna, como poderemos galgar holofotes nacionais?”, questiona ele acrescentando crer “ser importante mencionar que a celebração do bicentenário da imigração alemã é também afirmar e comemorar os dois séculos da chegada do luteranismo e dos seus ideais ao Brasil. Sendo assim, em 2024, Nova Friburgo vai se tornar naturalmente foco cultural e eclesial de comemorações. É um marco que não podemos deixar passar em branco”, completou Acker.
A VOZ DA SERRA procurou a prefeitura para questionar sobre as festividades dos 198 anos da imigração alemã e da Igreja Luterana e também sobre os preparativos para o bicentenário, mas não obtivemos resposta.
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