A partir desta segunda-feira, 4, a Universidade Federal Fluminense amplia seu atendimento na área de fonoaudiologia em Nova Friburgo com a inauguração, no Instituto de Saúde do município (INSF), unidade local de ensino superior da UFF, da nova Clínica de Fonoaudiologia, que será um centro de excelência em estudos científicos e práticas profissionais para acadêmicos do curso de graduação em Fonoaudiologia.
A nova clínica está estruturada em containers especialmente preparados para o funcionamento de uma unidade ambulatorial de saúde na área de Fonoaudiologia. O espaço abriga seis consultórios, duas salas de exames auditivos, uma cozinha terapêutica e uma sala de supervisão e tem capacidade para 480 atendimentos e 130 exames mensais gratuitos para a população de Nova Friburgo e de cidades vizinhas.
“Antes funcionávamos numa casa alugada. Agora temos uma estrutura ampla e adequada que vai funcionar dentro do campus, permitindo maior integração entre os alunos, os professores e os pacientes”, ressalta a professora Karla Anacleto de Vasconcelos, responsável técnica da clínica.
Os atendimentos serão realizados nos ambulatórios de adultos e idosos, Audiologia, Fonoaudiologia Geral, Linguagem Infantil, Motricidade Orofacial, Surdez e Voz. Além disso, serão disponibilizados procedimentos fonoaudiológicos, como exames de avaliação auditiva e procedimentos específicos de avaliação ou terapia fonoaudiológica.
De acordo com os responsáveis, a previsão é de que haja a realização de cerca de 130 exames por mês, como Audiometria Tonal Liminar, Imitanciometria, Pesquisa de Emissões Acústicas (teste de orelhinha) e Avaliação e Reabilitação Vestibular Não Instrumentalizada (para casos de labirintopatias). Entre as especialidades, estão Disfagia, Fluência, Gerontologia, Linguagem, Motricidade Orofacial, Neuropsicologia e Voz. A clínica atende pacientes de todas as faixas etárias de maneira inteiramente gratuita.
Atendimento a pacientes com down
A nova clínica de fono da UFF atenderá todos os públicos, um deles são as pessoas com down, que, com tratamento fonoaudiólogo conquistam uma melhoria da qualidade de vida. De acordo com Marcio Moreira, professor do Curso de Graduação em Fonoaudiologia do ISNF especializado em motricidade orofacial, é indispensável que o paciente com down seja acompanhado por um especialista.
“Desenvolvemos um trabalho de readequação da musculatura oral do paciente. É preciso pensar também na linguagem, na fala e na deglutição, que são aspectos fundamentais para que o paciente tenha qualidade de vida”, ressaltou o professor.
De acordo com a professora da UFF, Flávia Maia a intervenção fonoaudiológica deve começar assim que for identificada a condição. “Idealmente, isso seria durante o pré-natal, onde a abordagem fica focada na orientação aos pais quanto a T-21 e as possíveis alterações advindas. Quando esse bebê nasce, deve-se realizar uma avaliação da sucção, padrão respiratório e deglutição para melhor orientar nos casos de dificuldades na amamentação. Deve-se seguir esse indivíduo, mapeando o gerenciamento e as possíveis alterações relacionadas com a voz e fala, com possíveis dificuldades de leitura, escrita e cálculo (dificuldades de aprendizagem), ressaltando sempre que a pessoa com T-21 é capaz, funcional e produtiva, não devendo ser tratada como doente ou algo similar”, explicou ela.
Tratamento odontológico também gratuito
Além de Flávia Maia, Bruna Lavinas, também da UFF Nova Friburgo, faz parte do seleto time de apenas 776 especialistas com formação e experiência em cuidados com pessoas com dowm em todo o Brasil. Segundo Bruna Lavinas, a Síndrome de Down é a alteração genética mais comum entre os recém-nascidos.
No entanto, ainda não existe, no Brasil, uma estatística específica sobre o número de casos, embora uma estimativa do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em 2010, com base na relação de um para cada 700 nascimentos, tenha apurado que cerca de 300 mil brasileiros teriam a T-21.
“O paciente com T-21 apresenta uma grande diversidade de manifestações, desde o comprometimento intelectual a alterações físicas, que impactam diretamente a sucção, mastigação, deglutição, fonação e respiração”, esclarece a cientista, salientando a importância de um acompanhamento profissional adequado.
A especialista esclarece ainda que os pacientes com Síndrome de Down podem apresentar diversas alterações craniofaciais, o que pode provocar o surgimento de infecções respiratórias crônicas, em função da dificuldade de respiração bucal, além de microbroncoaspiração de alimentos mal triturados, que é o direcionamento dos alimentos para o pulmão. “A maloclusão não só afeta funções como mastigação e fala, mas também pode ter um impacto negativo na qualidade de vida. Somado a isso, há uma alta prevalência de cárie e doença periodontal (na gengiva) neste indivíduo, sendo essencial uma consulta odontológica precoce para que possamos orientar e prevenir desde cedo”, sugere.
Como marcar atendimento
De acordo com os especialistas para ter acesso aos tratamentos na UFF não precisa de encaminhamento, mas sempre que houver disponibilidade, é importante levar os exames e relatórios médicos que o paciente tiver. A nova Clínica de Fonoaudiologia vai funcionar de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, no campus da UFF Nova Friburgo, na Rua Sílvio Henrique Braune, 22, Centro. Mais informações pelo telefone (22) 99810-1643 ou pelo site http://clinicafono.sites.uff.br.
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