A primeira edição de A VOZ DA SERRA chegou às bancas em 7 de abril de 1945, antecipando que se tratava de um “semanário independente”. E o seguinte compromisso: “Daremos a Friburgo um órgão de feitio atraente, moderno e popular, com boas seções de informações e colaboração seleta que interprete com exatidão a alma de nossa gente… Estamos cônscios da importância que a pequena imprensa, a do interior, representa como força moral e construtiva quando tem a guiá-la superiores interesses como os que nos propomos a exercitar”. Nascia “uma voz de Friburgo para ecoar no Brasil”. Hoje o jornal resiste às adversidades e já ultrapassa a marca de mais de 10.500 edições impressas, sem dúvida, um marco ante à crise que enfrenta atualmente o setor gráfico. Com altos custos, colocar nas bancas todos os dias uma nova edição, é um enorme desafio.
Em 1953, A VOZ DA SERRA estava prestes a encerrar suas atividades, quando Américo Ventura Filho decidiu adquirir as cotas da pequena editora e passou a responder oficialmente por ela. Combativo por índole e honesto por formação, seria ele o cérebro e a alma do jornal pelos 20 anos seguintes.
Mesmo dispondo de pouquíssimos recursos financeiros e sem contar com muitos anunciantes ou com apoio da prefeitura, acreditou no sonho e o levou adiante, “com a cara e a coragem”, por sua conta e risco. Nunca visou lucro. Queria, sim, que o jornal fosse impresso todas as semanas com matérias relevantes e só. Sentia um imenso e justificado orgulho do jornal, exigindo que ele fosse coerente com sua forma de pensar, com um estilo único e crítico, sempre em defesa dos ideais de Nova Friburgo.
Américo ficou à frente do jornal até sua morte, em 23 de fevereiro de 1973. Na edição seguinte, dias 3 e 4 de março, a primeira página foi dedicada a ele, com a manchete "Tomba um homem" e uma reportagem contundente: “Com a morte de Américo Ventura Filho, pode-se afirmar que foi encerrado um capítulo na história de Friburgo…”
E assim assumiu o posto, seu filho Laercio Rangel Ventura, com o auxílio valioso de dois amigos: Paulo Santos e Lúcio Flavo Gomes da Silva. Para equilibrar sua função na direção da fábrica Sinimbu com as dificuldades do jornal, abriu mão do lazer e descanso, até se ver obrigado a decidir entre as duas atividades: escolheu o jornal.
Homem simples e modesto, Laercio era avesso a badalações, especialmente as que envolviam seu nome. Mesmo assim, recebeu inúmeras homenagens em vida, como a comenda Barão de Nova Friburgo, concedida pela Câmara Municipal, e a Medalha Tiradentes, do Legislativo Estadual. Em suas mãos, o jornal passou de semanário para trisemanário, em 1983, e finalmente para diário em 1995.
Foi em sua gestão que o jornal lançou novos cadernos, como o Caderno Light, em 1994, para preencher lacunas de conteúdo cultural, tendências e entretenimento. Em 1997, A VOZ DA SERRA lançou o seu primeiro site. Após diversas versões, chegou à atual, em 2015. Sua primeira edição a cores, em 1999, veio a público através de um processo que, apesar de ter avançado, continua sendo feito de forma artesanal.
Até o dia de sua morte, em 3 de fevereiro de 2013, transformou o "jornal feito por um homem só" em uma empresa jornalística com cerca de 30 funcionários e periodicidade diária, em sintonia com o avanço dos recursos gráficos utilizados pela imprensa brasileira e internacional.
Adriana Ventura, sua filha, recebeu a missão de continuar a trajetória vitoriosa de A VOZ DA SERRA, garantindo que o jornal mantivesse o mesmo compromisso e responsabilidade herdados, marcando forte presença na comunidade. Como o terceiro jornal impresso mais antigo do estado, em atividade, A VOZ DA SERRA continua sendo uma referência para Nova Friburgo, exemplo de um veículo vibrante, ético, com total respeito aos valores humanos, e atento ao desenvolvimento do município sem jamais se desviar dos princípios que regem a empresa desde a sua fundação.
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