Uma tendência de mercado que já vinha ganhando espaço ficou acentuada com o início da pandemia da Covid-19: serviços e compras on-line. Muitas pessoas passaram a utilizar essa modalidade para compras, pagamentos de contas, aulas e até consultas médicas, com a vantagem de se ter a praticidade e a segurança sanitária asseguradas. Mas, na mesma proporção em que se cresceu o número de usuários desses serviços, também aumentaram as fraudes praticadas por estelionatários.
São várias as formas e os meios que eles utilizam para praticar os crimes: hackeamento (roubo) de contas de redes sociais, envio de e-mails e de mensagens com links que propiciam o hackeamento do whatsapp, criação de lojas on-line fantasmas, entre outros. E, a cada dia, uma nova modalidade aparece.
Na quinta-feira, 3, o prefeito Johnny Maycon, usuário constante das redes sociais para divulgação das ações do governo, teve sua conta no Instagram hackeada para aplicação de golpes. O estelionatário utilizou o perfil de Johnny Maycon para anunciar a venda de móveis e, supostamente da advogada dele que estaria de mudança de cidade, por preços bem abaixo do mercado. Caso alguém se interessasse pelos produtos, entraria em contato com o estelionatário pelo bate-papo do Instagram do prefeito, que passaria o Pix para pagamento das mercadorias. O comprador jamais receberia o produto. De acordo com a prefeitura, representantes legais do prefeito fizeram registro de ocorrência virtual na Polícia Civil e também acionaram a Justiça pedindo recuperação da conta ao Fabebook Serviços Online do Brasil (que é a empresa responsável pelo aplicativo Instagram).
Em nota, a prefeitura informou também que “ainda nesta quinta-feira, 03 de fevereiro, a juíza Dra. Paula Teles, deferiu decisão determinando que a empresa restabeleça imediatamente o acesso exclusivo ao perfil, no prazo de 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 1.000,00 limitada a R$ 10 mil.”
A prefeitura emitiu um comunicado público para alertar aos seguidores do perfil de Johnny Maycon sobre o hackeamento, visando evitar que a tentativa de golpe fosse concretizada. De acordo com a prefeitura, até a tarde de sexta-feira, 4, o perfil ainda não havia sido retomado pelo prefeito. A nota ainda informou que o prefeito tinha verificação em duas etapas ativada na conta dele e mesmo assim, conseguiram hackear o perfil.
Golpe comum em Nova Friburgo
Esse tipo de golpe tem acontecido em todo o Brasil e não é diferente em Nova Friburgo. Quem é usuário do Instagram, tem visto frequentemente vendas de produtos e eletredomésticos com preços bem abaixo dos praticados pelo mercado em perfis de pessoas conhecidas ou próximas e logo em seguida, algum conhecido ou parente publica nas redes sociais o alerta de que a pessoa teve a conta invadida e que não está vendendo nada. O Instituto de Segurança Pública não tem em seus dados os crimes praticados pela internet, mas é nítido o aumento do número de pessoas conhecidas passando por essa situação.
Outra que passou pelo mesmo problema foi uma advogada, que não quis se identificar. No início de dezembro, ela teve a conta de Instagram hackeada e o estelionatário publicou fotos anunciando a venda de smart tv, máquina de lavar, geladeira, entre outros. Segundo ela, em 15 minutos, três pessoas fizeram transferência via Pix para o estelionatário, para a compra dos produtos.
“Descobri quando uma amiga me ligou perguntando se o fogão estava em boas condições e onde deveria buscar. Aí tentei entrar no meu Instagram e não consegui mais. Fui à delegacia e o inspetor disse que somente naquele plantão ele fez seis ocorrências do mesmo golpe. Eles invadem perfis de pessoas idôneas e com muitos seguidores para que a vítima não desconfie”, explicou ela.
A advogada só conseguiu recuperar a conta do Instagram, 48 horas depois. “Fiquei muito chateada pelas pessoas que tiveram prejuízo. A gente, que é vítima, se sente culpada. Depois dessa situação, aprendi que em qualquer anúncio, o ideal é ligar pelo telefone, pedir o endereço e verificar pessoalmente o produto”, disse ela.
Troca de número
Outro golpe através das redes sociais, especificamente o whatsApp, que tem sido bastante comum é a utilização da foto da pessoa em outro número de celular. O estelionatário envia mensagem para os contatos da vítima, falando que trocou o número do telefone. Em seguida, fala que precisa de um determinado valor para pagar alguém, pois já alcançou o limite de transferência da sua conta bancária ou que ainda não conseguiu fazer o cadastro no aplicativo do banco.
Foi o que aconteceu com a família da jornalista Barbara Storck (acima). Em dezembro do ano passado, um número desconhecido entrou em contato por whatsApp com a mãe dela, utilizando a foto dela. “Na mensagem disseram que o meu celular havia quebrado e, por isso, eu tinha trocado o número. Disseram que precisavam fazer um Pix para uma certa pessoa e o celular novo ainda não estava cadastrado no aplicativo do banco.
Pediram para que ela fizesse essa transferência. Minha mãe não tinha o dinheiro e pediu para o meu irmão. Ele transferiu seis mil reais”, disse ela. Bárbara fez o Boletim de Ocorrência e comunicou ao banco, mas não conseguiu recuperar o valor.
Links perigosos
Geralmente, o hackeamento de contas nas redes sociais e de telefones é feito através de links enviados pelos estelionatários, se passando por outras pessoas ou empresas. A advogada que teve seu Instagram hackeado disse que começou a seguir a conta de um hotel em Gramado (RS).
“Uma conhecida minha estava lá e postou uma foto, marcando o perfil do hotel. Achei bonito e comecei a seguir o perfil que ela marcou. Em seguida, recebi no bate papo do Instagram uma proposta desse hotel para me cadastrar para participar de uma promoção. Só dei meu nome e data de nascimento e cliquei no confirmar.
Foi o suficiente para minha conta ser hackeada”, esclareceu ela.
A advogada ainda disse que fez contato com a conhecida que estava no hotel e, ao verificar na recepção, ela havia marcado uma conta falsa do hotel, não a oficial. Esse mesmo tipo de golpe também é muito usado através de whatsApp e e-mails.
Golpes nas redes sociais crescem em todo o mundo
Um relatório divulgado no final de janeiro pela Comissão Federal de Comércio, o órgão de proteção do consumidor americano, dos Estados Unidos, mostrou que uma em cada quatro pessoas que relataram ter perdido dinheiro para fraudes em 2021, disseram que o golpe começou com anúncio ou post nas redes sociais.
Mais de 95 mil pessoas relataram ter perdido cerca de US$ 770 milhões por fraudes iniciadas em plataformas de mídia social em 2021. Essas perdas representam um impressionante aumento de 18 vezes em relação às perdas relatadas em 2017. Os relatos são para todas as faixas etárias, mas as pessoas de 18 a 39 anos tinham mais do que o dobro de chances que os idosos de perder dinheiro para esses golpes em 2021.
Para os golpistas, as mídias sociais são uma maneira de baixo custo de alcançar bilhões de pessoas de qualquer lugar do mundo. É fácil fazer um perfil falso, ou os golpistas podem invadir um perfil existente para conseguir confiança de seguidores. Os golpistas podem facilmente usar as ferramentas disponíveis para anunciantes em plataformas de mídia social para direcionar sistematicamente pessoas com anúncios falsos com base em detalhes pessoais, como sua idade, interesses ou compras passadas. Há a capacidade de ajustar sua abordagem estudando os detalhes pessoais que as pessoas compartilham nas mídias sociais.
(Fonte: www.ftc.gov)
Dicas para se proteger de crimes virtuais
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Faça autenticação em duas etapas em suas contas e aplicativos. Esse é um recurso de segurança que exige duas confirmações de acesso, primeiro pela senha definida anteriormente pelo usuário e depois por meio de um código de segurança enviado por SMS ou e-mail. De preferência, utilize um segundo dispositivo ou e-mail que não esteja ativado no aparelho principal para receber os códigos. Isso garante que, caso seu celular caia nas mãos de terceiros, eles não poderão acessar seus dados.
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Não compartilhe seus dados pessoais com desconhecidos e em sites sem saber de sua procedência. Muitos crimes virtuais são praticados por meio de páginas falsas com o objetivo de roubar dados, assim como os cibercriminosos podem fingir serem de empresas e instituições conhecidas para conseguir extrair informações pessoais ou obter ganhos financeiros.
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Mude suas senhas com frequência. Apesar de todos os cuidados para proteger suas informações, se uma empresa onde você tem algum registro sofrer um ataque cibernético e tiver dados vazados, os seus podem estar entre eles. Outro ponto importante é não anotar senhas em lugares que podem ser acessados por outros.
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Se e quando tiver uma conta hackeada, os especialistas indicam que o primeiro passo é fazer o registro de Ocorrência na delegacia. Também divulgar nas redes sociais da pessoa ou de conhecidos que a conta foi roubada para que outros não caiam no golpe do estelionatário. No caso de invasão de redes sociais, também é necessário comunicar à plataforma que administra a rede social para recuperar a conta.
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