Quem não conhece um crossfiteiro apaixonado que atire a primeira pedra… Afinal de contas, como reconhecer uma pessoa que faz Crossfit? Fique tranquilo, ela vai contar para você! Brincadeiras à parte, amantes da prática se integram rápido ao tão querido esporte, isso porque nos boxes, quase todo mundo é unido - uma verdadeira família!
A modalidade surgiu em meados da década de 90 e vem ganhando cada vez mais reconhecimento ao redor do mundo, carregando uma legião de fãs por onde passa. No Brasil, o esporte é cada dia mais procurado e o país é o segundo do mundo com mais academias autorizadas a executá-lo, ultrapassando mil unidades. Em primeiro lugar, estão os Estados Unidos, onde a modalidade começou.
Os treinos são divididos em três partes: aquecimento, técnica e WOD (treino do dia, traduzido do inglês “workout of the day”). A primeira parte, como o nome já explica, tem o objetivo de aquecer o corpo e prepará-lo para a aula, diminuindo os riscos de se lesionar. A segunda tem como finalidade aprender aperfeiçoar alguns exercícios que serão praticados em seguida, no WOD, a terceira parte.
O Crossfit reúne técnicas de diversas modalidades em um único treino, o que o torna um dos esportes mais completos da atualidade, ajudando a potencializar todas as aptidões físicas que, reunidas, auxiliam no bom funcionamento do corpo, como resistência cardiorrespiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade e precisão.
Quem pratica costuma dizer que o Crossfit é um estilo de vida. E não é só pela mudança estética que os adeptos ao esporte se encantam - mas por essa união e estímulo mútuo que a maioria dos boxes possuem.
O Caderno Z entrevistou Gerson Acker, pastor da Igreja Luterana (e crossfiteiro). Natural de Santa Maria de Jetibá, município do Espírito Santo, Gerson tem 34 anos, e mora em Nova Friburgo desde 2016. Confira!
Caderno Z: Quando adotou esse “lifestyle”?
Gerson Acker: Sempre tentei manter algum tipo de atividade física na minha rotina. Creio que isso ficou mais sistemático após o término da faculdade, quando pude ser mais “dono” dos meus horários. Fiz musculação por bastante tempo, além de caminhada (trilhas) ou corrida, mas sempre de maneira muito irregular. Foi no início de 2019 que conheci o crossfit e me apaixonei por esse esporte que mistura exercícios aeróbicos, calistenia e levantamento de peso olímpico e assim treinar se tornou algo mais sistemático na minha rotina.
Qual o motivo dessa mudança?
Estava me tornando uma pessoa muito sedentária e, com isso, subi de peso e isso mexeu com a autoestima. Além disso, andava muito estressado e precisava encontrar uma válvula de escape. Precisei encontrar uma atividade física que me motivasse, me desestressasse e melhorasse minha saúde e qualidade de vida. No crossfit encontrei também o elemento do desafio. Gosto de desafios. Gosto de me superar. Ainda hoje me surpreendo quando consigo executar certos movimentos ginásticos (por exemplo, subir corda ou o handstand push-ups), o que me leva a constatar que qualquer pessoa pode fazer crossfit. Se eu consegui, qualquer pessoa consegue.
Quais as primeiras diferenças que você notou nessa mudança?
A primeira grande mudança foi a perda de peso e o ganho de massa magra – o que garantiu melhor disposição física e mental no dia a dia. A inserção de atividade física regular me ajudou também a organizar meu dia, reduzir ansiedade, dormir melhor e buscar uma alimentação mais saudável.
Você sempre foi saudável?
Não! No tempo de adolescente/jovem odiava fazer atividade física. Em partes, porque em escola pública a motivação para esportes é algo bastante precário. Comia muito errado e ficava obcecado em emagrecer com aquelas dietas loucas da moda.
Alguém na sua família adota cuidados para se manter saudável?
Não. Meus pais são agricultores e o próprio dia a dia deles é bem desgastante. Portanto, eles não fazem nenhuma atividade física extra. Em contrapartida, sempre tive em casa uma alimentação bastante equilibrada com muitos legumes e vegetais.
O corpo é o nosso templo… Qual a importância de se exercitar e comer bem?
Biblicamente falando, o corpo é o templo do Espírito Santo; por isso pessoas cristãs devem zelar por sua corporeidade e a base disso é justamente ter hábitos de vida saudáveis como se exercitar e cuidar da alimentação. É errôneo pensar numa espiritualidade que priorize a alma e despreze o cuidado do corpo.
Você ganhou recentemente um campeonato de crossfit. Como é o preparo para um evento desse tipo e qual é a sensação de ficar em 1º lugar?
Foi um campeonato interno entre os alunos e alunas da UpHill. Não fiz nenhum preparo específico, porque a ideia do campeonato era mesmo ser uma grande confraternização. Mantive a minha rotina de treinos semanal e apenas acrescentei alguns treinos com minha dupla (o campeonato era em duplas). No dia da competição segui as orientações da minha nutricionista para não ter hipoglicemia e acabar passando mal. A sensação de ganhar foi um misto de surpresa e muita felicidade. Surpresa, porque não sou propriamente um “atleta”; e a felicidade veio de ter superado a ansiedade de competir diante de tantas pessoas e sair completamente da minha zona de conforto. Nos bastidores do campeonato eu dizia: ‘Me põe para pregar na frente de 5 mil pessoas que a minha ansiedade vai ser menor do que eu estou sentindo aqui e agora’. Além disso, a adrenalina de competir e a energia do público gritando e torcendo, ver amigos e amigas competindo e dando o seu melhor, foi um momento ímpar!
Por que e quando veio para Nova Friburgo e qual a sua relação com a cidade?
Sou pastor na Igreja Luterana de Nova Friburgo (comunidade Luterana mais antiga do Brasil e da América Latina) desde setembro de 2016. Me candidatei à vaga pastoral e fui contratado; ou seja, moro há 5 anos em Nova Friburgo. Como pastor, tive e tenho o desafio de desconstruir a ideia de que igreja é algo “cringe”, para usar o termo da modinha e que a igreja Luterana é para todas as pessoas. Penso que além das minhas prédicas, a minha vida como um todo busca motivar as pessoas. Acho muito legal que além dos feedbacks de minhas prédicas, vídeos e cultos, as pessoas reajam muito positivamente à ideia de um pastor crossfiteiro (nunca pensei na minha vida usar essa terminologia!). Por que não evangelizar e de quebra incentivar as pessoas a se exercitarem e levarem uma vida mais saudável? A espiritualidade que creio é aquela que vê o ser humano de forma holística, integral: corpo, mente e alma precisam estar saudáveis. Corporeidade saudável. Psique saudável. Espiritualidade saudável.
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