Passado o carnaval, é hora de voltar à rotina, organizar planos e, de fato, começar o ano. Uma dessas iniciativas comuns nesta época é a procura por emprego, principalmente pelos jovens. Os nascidos entre 1997 e 2012, a geração Z, por exemplo, tem trazido novas demandas e expectativas para o mercado de trabalho. Mais conectados, flexíveis e atentos ao impacto do trabalho em sua vida pessoal, esses profissionais estão reformulando as relações tradicionais entre empregados e empregadores. Um estudo realizado pelo instituto Opinion Box, com 1.046 pessoas de todas as regiões do Brasil, revelou tendências importantes sobre o que a geração Z espera das empresas e como ela enxerga sua relação com o trabalho.
Uma das principais conclusões do levantamento é que esta geração busca um ambiente de trabalho mais flexível e acolhedor. Para 48,4% dos entrevistados desse grupo, é essencial que o empregador adote uma postura compreensiva caso estejam enfrentando dificuldades pessoais. Além disso, 33,7% desejam que haja conversas periódicas entre líder e liderado, para que seja possível acompanhar e dar suporte tanto na vida profissional quanto pessoal.
Os millennials (nascidos entre 1981 e 1996), por outro lado, têm uma prioridade um pouco diferente: 50,7% consideram o plano de saúde o benefício mais importante, um percentual maior do que os 43,2% da geração Z que mencionaram o mesmo fator. Isso mostra que, enquanto os mais velhos valorizam mais a segurança e estabilidade, os mais jovens estão mais preocupados com o bem-estar emocional e um ambiente que compreenda suas necessidades individuais.
Relação com o trabalho
Diferente das gerações anteriores, para quem o trabalho é muitas vezes o centro da identidade pessoal, a geração Z tem uma visão mais desapegada sobre o tema. Segundo o estudo, 40,9% destes jovens afirmaram que "o trabalho representa um pouco do que sou", enquanto para 43,2% dos millennials "o trabalho representa muito do que sou". Essa diferença revela uma mudança na forma como os jovens encaram suas carreiras, buscando um equilíbrio maior entre vida pessoal e profissional.
Além disso, 9,4% dos Zs declararam que "o trabalho não representa nada do que são", uma proporção consideravelmente maior do que os 6,1% dos millennials que deram a mesma resposta. No entanto, isso não significa que não existam workaholics entre os mais jovens: 13,4% dos entrevistados da geração Z responderam "minha vida é meu trabalho", um percentual ligeiramente maior que os 12,4% dos millennials que disseram o mesmo.
Saúde mental como fator-chave
A preocupação com a saúde mental é uma das grandes diferenças entre os Zs e as anteriores quando se trata de satisfação no trabalho. Para quase 20% dos entrevistados dessa faixa etária, problemas psicológicos causados pelo trabalho são um obstáculo significativo para o crescimento profissional. Além disso, 5,5% disseram que o desequilíbrio entre vida pessoal e profissional é um dos maiores desafios que enfrentam.
Esse fator também influencia diretamente a autoestima dos jovens trabalhadores. Enquanto 81,8% dos millennials acreditam que o desenvolvimento profissional impacta diretamente no bem-estar e na autoestima, essa proporção cai para 74% entre a Geração Z. Isso reforça a ideia de que, para os mais novos, o trabalho é apenas um dos elementos que compõem sua identidade, e não um fator definidor de quem são.
O que as empresas podem fazer?
Para atrair e reter talentos da Geração Z, as empresas precisam se adaptar às novas demandas desse público. Algumas ações que podem ser implementadas incluem:
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Flexibilidade de jornada: modelos de trabalho remoto ou híbrido são altamente valorizados pela Geração Z, permitindo maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional;
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Apoio à saúde mental: oferecer programas de assistência psicológica e promover um ambiente de trabalho saudável pode ser um diferencial competitivo;
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Comunicação transparente: para 34,2% da Geração Z, a transparência na comunicação é fundamental. Empresas que mantêm um diálogo aberto e claro com seus colaboradores têm maiores chances de engajar esses jovens profissionais;
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Desenvolvimento e acompanhamento: sessões de feedback constantes e um plano de carreira estruturado são fundamentais para que esses jovens sintam que seu crescimento está sendo valorizado.
A geração Z está trazendo uma nova perspectiva para o mercado de trabalho, desafiando padrões e forçando as empresas a repensarem seus modelos de gestão. Mais do que apenas um salário competitivo, esses profissionais buscam um ambiente onde possam equilibrar vida e carreira sem renunciar a sua saúde mental. As organizações que souberem se adaptar a essas mudanças terão maior facilidade em atrair e reter os talentos dessa nova geração.
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