As novas regras para rótulos de alimentos no Brasil entraram em vigor há um mês, dia 9 de outubro, e de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — que aprovou o novo padrão em 2020 —, além de mudanças na tabela de informação nutricional, a novidade é a adoção de alertas, como o símbolo de lupa, na parte frontal e superior da embalagem sobre alguns nutrientes.
Uma das mudanças estará na tabela de informação nutricional, que passa a ter apenas letras pretas e fundo branco. O objetivo, segundo a Anvisa, é afastar a possibilidade de uso de contrastes que atrapalhem na legibilidade. “Ela não pode ser apresentada em áreas encobertas, locais deformados ou regiões de difícil visualização, exceto em produtos de embalagem pequena — área de rotulagem inferior a 100 centímetros quadrados”, destacou a Anvisa.
Considerada a maior inovação das novas regras, a ideia, de acordo com a agência, é esclarecer, de forma clara e simples, sobre o alto conteúdo de nutrientes com relevância para a saúde. “Para tal, foi desenvolvido um design de lupa para identificar o alto teor de três nutrientes: açúcares totais e adicionados, gorduras saturadas e sódio. O símbolo deverá ser aplicado na face frontal da embalagem, na parte superior, por ser uma área facilmente capturada pelo nosso olhar”, destacou a Anvisa.
Para nutricionistas, a mudança tenta corrigir informações “escondidas”. Se antes a gente encontrava produtos semelhantes mas com informações referentes a porções diferentes, agora não vai ser mais assim. A mudança é extremamente importante e as informações nutricionais serão passadas com maior clareza.
“O objetivo é afastar a possibilidade de uso de contrastes que atrapalhem a leitura. Outra alteração importante é sobre informações disponibilizadas, sendo obrigatória a declaração de açúcares totais e adicionados, do valor energético e de nutrientes por 100 gramas ou 100 mililitros, para ajudar na comparação de produtos. O número de porções por embalagem também se torna obrigatório.
Consumidor desconhece informações de rótulos de produtos alimentícios
Pesquisa revela que maioria lê rótulos e confere data de validade
Pesquisa publicada na Revista Agropecuária Técnica (Agrotec), editada pelo Centro de Ciências Agrárias (CCA),da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), revela que os consumidores têm dificuldade para entender o que dizem os rótulos dos produtos nos supermercados. Foram ouvidas 240 pessoas nas faixas etárias de 15 a 30 anos, de 30 a 45 anos e acima de 45 anos.
Segundo a publicação, 69% dos entrevistados lêem os rótulos e verificam a data de validade no momento da compra. Entre os que conhecem os termos técnicos, mas não sabem o significado, o percentual atinge 70%. A maior parcela desses consumidores está na faixa acima de 45 anos.
Para os pesquisadores, é preciso que os rótulos dos alimentos industrializados apresentem informações, regulamentadas por órgãos oficiais, que contribuam para a escolha adequada do produto pelo consumidor, do ponto de vista nutricional e que indiquem a forma correta de conservação e preparo. Os questionários pediam que os entrevistados dissessem o que entendiam dos termos glúten, ômega 3, gordura trans, diet e light.
Conforme o estudo, os rótulos são o eixo de comunicação entre o consumidor e o produto, por isso, têm participação relevante na aceitação e no consumo do alimento. A partir disso, o estudo avaliou o hábito de leitura e compreensão dos rótulos de produtos alimentícios e, ainda, o entendimento deles pelos frequentadores de supermercados.
A engenheira de alimentos Amanda Roman Guedes, responsável pelo Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) de uma empresa especializada em alimentos saudáveis, diz que a linguagem técnica nos rótulos dos produtos que, em alguns casos, contêm componentes alimentares potencialmente alergênicos pode levar riscos ao consumidor.
Entre as pessoas que já conhecem suas restrições alimentares ou alérgicas, porém, o problema é menor, destaca Amanda. “Elas sabem, e são muito estudiosas, porque é caso de vida ou morte para pessoas que têm alguma restrição alimentar. Elas sabem bem o que estão ingerindo, mas, no dia a dia, quem não tem restrição alimentar, não entende direito.” (Fonte: Agência Brasil e jornal O Dia)
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