A antiga forma de direcionar o ensino, que deu certo durante décadas, já não funciona como antes, não se enquadra na educação do século 21. A realidade é outra e exige um novo olhar sobre o ensino, quando observamos dados estatísticos.
A evasão escolar — um grave problema no país — é um bom exemplo disso. Ela tem como principal causa a falta de interesse dos alunos, que é responsável por mais de 40% dos casos. E se os estudantes estão perdendo o entusiasmo, esse é um forte indício de que algo está errado. Embora não haja uma receita de bolo para solucionar o problema, ignorá-lo, com certeza, não é a melhor opção.
Diversas instituições educacionais, em todos os níveis, já se deram conta da falta de sincronia da antiga metodologia de ensino com os novos tempos. Na busca pela transição para um modelo mais aderente à educação do século 21, novas formas de se transmitir informação estão sendo pesquisadas, testadas, aplicadas.
Construção coletiva do conhecimento
Uma nova maneira de se ensinar sobre a qual os pesquisadores têm se debruçado é a construção coletiva do conhecimento. Mais do que um termo presente em teses e artigos acadêmicos, ela é um fenômeno que já se observa na internet há mais de uma década.
Essa produção de informações de maneira coletiva está presente em músicas, vídeos e textos que não pertencem a um único dono, não foram feitos por uma pessoa só. Nela, as informações se complementam, se aprimoram. Tudo fica à disposição de todos, para consumir ou agregar. O site Wikipédia é um bom exemplo disso.
O fenômeno demonstra uma quebra de paradigma, pois abandona o ideia de que conhecimento é poder, de que o poder está com quem o detém, e de que não deve, portanto, ser compartilhado. Na nova concepção, o estudante não é apenas o receptor de informações, mas também um ator ativo da construção delas. É um cenário no qual todos ensinam e todos aprendem. A informação não é hierarquizada, e sim produzida de forma horizontal.
Aprendizado ativo
Um outro modelo que também está em sintonia com a educação do século 21, e que é bastante similar ao anterior, é o aprendizado ativo. Nele, a participação do aluno é instigada pelo professor que conduz a aula. Há um rompimento total daquilo que o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro alcunhou de “pacto da mediocridade”, no qual o professor finge que ensina enquanto o aluno finge que aprende. No método ativo, a ideia não é que o aluno escute e anote, e sim que ele interaja, critique, escreva, faça. O processo não acontece sem o engajamento dele.
As estatísticas são as maiores aliadas da adoção do modelo. Pesquisa realizada pela Faculdade Paulista de Pesquisa e Ensino Superior (Fappes), que usa a metodologia, mostra dados nada favoráveis aos métodos tradicionais. Conforme o levantamento, os estudantes ouvem 70% do que é dito nos primeiros 10 minutos de aula e apenas 20% nos 10 minutos finais.
Ainda de acordo com a pesquisa, os alunos aprendem 70% do que dizem e escrevem em grupos de discussão e 90% do que fazem quando estão praticando. Já quando assistem a uma palestra, o aprendizado fica em 20%. Ele decai ainda mais quando ocorre pela leitura de artigos, revistas e livros, ficando em 10%. Os dados mostram que a ideia de que o aluno é um invólucro vazio que precisa apenas ser preenchido com conhecimento não faz mais sentido para a educação deste século.
Em uma época em que há tanta abundância de informação, é impensável a ideia de que o estudante chega em sala de aula vazio. Ele também traz conhecimento, então tem a necessidade de interagir, agregar, fazer parte do processo. Para se fazer um ensino aderente à educação do século 21, é importante o entendimento de que o aluno de hoje não se conforma em apenas absorver conteúdo, ele também quer colocá-lo para fora.
É uma grande mudança de mentalidade em relação à forma de se ensinar de outros tempos, mas a capacidade de adaptação é a chave do sucesso. (Fonte: *Jornalista, texto em clipescola.com/)
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