Assumir a 'solteirice' ainda pode ser considerado um tabu ou muito difícil para muita gente. Neste sábado, 15, Dia Nacional dos Solteiros, a data não é tão comemorada quanto o Dia dos Namorados ou outras datas especiais, e está longe de ser uma data importante para o comércio.
Além de não ser um status passível de celebrações, os solteiros convivem com a pressão da sociedade, que não vê a opção de estar sozinho como uma escolha, mas a falta dela.
Para o psicólogo e psicoterapeuta Flávio Cordeiro, a escolha desse status de relacionamento é ‘perfeito’, desde que faça as pessoas felizes.
"Há algum tempo, estar solteiro era considerado um estágio provisório. Você estaria solteiro até encontrar o ‘par perfeito’. Nos dias de hoje ‘estar casado’ é cada vez mais considerado também um estado provisório", ressaltou.
Mas comemorar ou não o dia? Segundo o psicoterapeuta, uma data comemorativa, não importa se comercial ou não, é o símbolo de algo que quer reconhecimento.
"É o caso dos solteiros. Eles não querem mais ser vistos como ‘provisórios’, mas como pessoas que podem ter muito prazer e envolvimentos afetivos, sem, necessariamente, ter um status fixo. E estão muito bem com isso", analisou.
As pesquisas no Brasil e no mundo mostram o aumento a cada ano do número de solteiros no país. Cordeiro explica que esse comportamento é determinado por alguns fatores determinantes, tais como: ascensão das mulheres no mercado de trabalho; diminuição da dependência econômica, e mais autonomia para decidir seu destino.
"A maior tendência à valorização da individualidade é um dos itens. Isso às vezes é bom, mas muitas vezes implica muita solidão", alertou o especialista.
E por último, a sociedade vive a era das relações mais voláteis. "As relações estáveis sempre exigem algum grau de renúncia e, nos dias de hoje, cada vez menos pessoas estão dispostas à renúncia de um prazer imediato em nome de estabilidade afetiva", resumiu.
“Consumo para um”
Em 2010, de acordo com o Censo Demográfico do IBGE, o Brasil tinha quase 90 milhões de pessoas solteiras entre a sua população. Já em 2017, uma pesquisa da Ipsos apontou que 54% da população do país se declarou solteira, sendo as cidades de maior concentração deste público: Salvador (60%); e Belo Horizonte e Brasília, ambas com 56%.
O estudo também apontou que 68% dos solteiros procuram manter alimentação saudável. O que sinaliza o que a gestora de marca, Ilana Ferreira, apontou como tendência, nos setores voltados para saúde.
“O número de pessoas que vive sozinho – divorciados, viúvos com filhos adultos e solteiros – está cada vez maior no Brasil e no mundo.
Segundo a pesquisa ‘10 Principais Tendências Globais de Consumo’ realizada pela Euromonitor Internacional, “o número de residências com um único morador deve crescer a uma taxa média anual de 1,9% nesta década”.
Revela ainda que até 2030, a estimativa é que haja um aumento de 120 milhões de residências de uma única pessoa, o que corresponde a um aumento de 30% em relação a 2018.
“No Brasil, a tendência também é confirmada. Segundo o IBGE, em 10 anos, o número de pessoas que vivem sozinhas cresceu de 10,4% para 14,6%. Quando questionados os motivos da decisão para a mudança, responderam: se sentem mais independentes (25%), livres (23%), e com maior privacidade (50%).
Com as mudanças do comportamento e do tamanho da família, surge um novo cenário de consumo: “o consumo para um”, revelou Ilana.
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