Friburgo sem fronteiras: um friburguense na terra dos cangurus

"O fato de se conhecer novas pessoas com novas culturas te faz crescer mentalmente e abrir todos os horizontes. É um ensinamento para vida"
sábado, 20 de junho de 2015
por Karine Knust
Depois de contar um pouquinho das experiências de Luana Matsuoka, Thiago Kirazian e Conrado Trigo, que embarcaram respectivamente para o Japão, Canadá e Irlanda em busca de conhecimento, neste fim de semana nós continuamos indo longe. Depois da Inglaterra, destino de Fernanda Reis, agora vamos parar na Austrália, país escolhido por Janderson Knust. Mais dois exemplos de friburguenses que tomaram suas doses de coragem e foram passar uns meses em universidades internacionais.

O lado da direção dos carros me chamou a atenção. Era bem esquisito olhar para o lado esquerdo do carro e não ver ninguém lá

Janderson Knust, estudante

Saindo da terra da Rainha pulamos para a terra dos cangurus. Na Austrália, país mais importante da Oceania, 5.959 estudantes têm a oportunidade de aprimorar os conhecimentos dentro dos cursos que começaram aqui no Brasil. Eles estão distribuídos em 52 instituições. Em uma delas, a Monash University, estuda Janderson Knust, de 26 anos. Matriculado no curso de Enfermagem da Universidade de Ribeirão Preto, o friburguense foi mais um beneficiado pelo programa Ciência sem Fronteiras e, desde outubro de 2014, estuda Health Science, a “ciência da saúde”, em Melbourne, no sul do país.

Leia mais:

Estados Unidos - Onde tudo começou
Inglaterra - Rumo à terra da Rainha
Irlanda - As frentes que aqui esfriam não esfriam como lá
Canadá - Snowboard, aurora boreal e muita engenharia
Japão - Uma brasileira em busca da sabedoria oriental
Portugal - Mesmo fim, diferentes meios

A Austrália é a maior nação, em território, da Oceania, com uma área de mais de sete milhões de quilômetros quadrados. É administrada por meio de uma monarquia constitucional. O idioma predominante é o inglês e a moeda é o dólar australiano. Grande parte do território é composta por paisagem desértica ou semiárida, e o aquecimento global tem se tornado uma preocupação no país nos últimos anos. Ainda assim, a baixa taxa de pobreza e o fato de possuir a décima terceira maior economia do mundo tornam o país um local receptivo para o estudo.

Para achar a direção...

Como uma apaixonada por desenhos animados, não poderia começar a contar a história de Janderson sem compartilhar algo que ele me contou em uma de nossas conversas durante a produção da série. É com tristeza que informo aos fãs (ainda desavisados como eu) da animação Procurando Nemo que P. Sherman 42, Wallaby Way, Sydney, não existe. Creiam, foi uma das primeiras perguntas que fiz. Claro que não era a princípio um fator a adicionar à matéria, mas eu tinha curiosidade em saber e não podia perder a chance. Janderson também gosta de desenhos e assim que chegou a Sidney foi conferir o tal lugar, e sua frustração foi inevitável. O endereço foi criado apenas para o filme.

Enfim, curiosidades e decepções à parte, a escolha do país não foi uma tarefa muito difícil para ele. Por ter morado em Portugal com sua família há anos atrás, o jovem já havia desbravado alguns países da Europa. Quanto à América do Norte, esta não lhe enchia os olhos. Mas a Austrália era outra história. “Sempre quis conhecer o país e por ser relativamente distante, certamente, seria o mais difícil de visitar caso fizesse uma viagem a passeio. Então fiz as malas e vim pra cá”. Destino resolvido, restou-lhe apenas escolher a universidade e ele garante que a decisão também não foi tão complicada assim. “O aluno pode escolher qual faculdade irá tentar. Quando estava pesquisando, assim que vi a Monash University me encantei. Primeiramente pela faculdade de medicina e enfermagem estar entre as 50 melhores do mundo. Segundo, por esta se localizar em Melbourne, que vem sendo considerada por alguns anos consecutivos como a melhor cidade do mundo para se viver”.

O fuso horário de 13 horas a mais em relação ao Brasil realmente chama a atenção, mas quando perguntamos a ele qual foi o maior choque cultural logo ao desembarcar, a resposta foi rápida e curiosa. “O lado da direção dos carros me chamou a atenção. Sempre quando ia entrar em algum carro, ia para o lado do motorista. Era bem esquisito olhar para o lado esquerdo do carro e não ver ninguém lá”, conta ele, aos risos.

Infraestrutura 100%

Seja para um lado ou para o outro, Janderson teve foco no objetivo, que era aproveitar o período fora do Brasil para estudar. Desde antes da viagem, ele já tinha consciência de que era uma oportunidade única. “Para os brasileiros, estudar fora sempre foi uma coisa muito valorizada. Primeiramente, o fato de obter conhecimentos vindos das melhores universidades do mundo aumenta grandemente as chances de um emprego melhor no mercado de trabalho hoje em dia. Segundo, o fato de poder me aprimorar em um segundo idioma, tendo contato diário com o inglês também terá muito valor quando eu voltar, sempre pensando em uma prospectiva futura”, ressalta.

Quanto à infraestrutura da universidade, Janderson também é só elogios: “A faculdade superou todas as minhas expectativas. Assim que cheguei, tivemos uma recepção só para os alunos internacionais, onde eles explicaram muitas coisas bem relevantes sobre a faculdade em geral e a vida na Austrália. O suporte prestado ao aluno é sensacional. Temos atendimento médico, odontológico e psicológico, advogados, aulas de culinária, ajuda na procura por moradia, um centro religioso com espaço para todas as denominações religiosas, várias bibliotecas, parques dentro dos campi, ônibus gratuito de um campus para o outro, centro de esportes, enfim, a faculdade dá suporte para tudo e tem tudo disponível, caso o aluno precise”, explica o friburguense. 

Nada de jeitinho brasileiro

No que diz respeito aos métodos de ensino, Janderson admite que percebeu muitas diferenças, principalmente na avaliação dos alunos. Segundo ele, na Austrália, nada de malandragem ou daquele “jeitinho brasileiro”. “No Brasil estava acostumado a fazer duas provas por semestre e um trabalho por disciplina. Aqui temos várias provas por matéria e muitos trabalhos. Os trabalhos aqui são levados muito a sério. Todo o trabalho é submetido em um site da faculdade que compara seu trabalho com todos os recursos da internet para que não haja nenhum tipo de plágio”, valoriza o friburguense, que reconhece já ter valido a pena só em ter tido essa oportunidade. “Sem dúvida alguma tudo isso já acrescentou muito na minha vida. Tirando a parte profissional, que com certeza terá um valor maior, o fato de se conhecer novas pessoas com novas culturas te faz crescer mentalmente e abrir todos os horizontes. É um ensinamento para vida.”

  • Como ir à Austrália e não conhecer os cangurus? (Arquivo pessoal)

    Como ir à Austrália e não conhecer os cangurus? (Arquivo pessoal)

  • Janderson encontrou belezas naturais de tirar o fôlego na Oceania (Arquivo pessoal)

    Janderson encontrou belezas naturais de tirar o fôlego na Oceania (Arquivo pessoal)

  • Janderson Knust em frente à Monash University (Arquivo pessoal)

    Janderson Knust em frente à Monash University (Arquivo pessoal)

  • Como ir à Austrália e não conhecer os cangurus? (Arquivo pessoal)

    Como ir à Austrália e não conhecer os cangurus? (Arquivo pessoal)

  • Janderson se encantou com a fauna local (Arquivo pessoal)

    Janderson se encantou com a fauna local (Arquivo pessoal)

  • Janderson encontrou belezas naturais de tirar o fôlego na Oceania (Arquivo pessoal)

    Janderson encontrou belezas naturais de tirar o fôlego na Oceania (Arquivo pessoal)

  • Os estudantes friburguenses Fernanda Reis e Janderson Knust (Infográfico de A Voz da Serra)

    Os estudantes friburguenses Fernanda Reis e Janderson Knust (Infográfico de A Voz da Serra)

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