Friburgo sem fronteiras: as frentes que aqui esfriam não esfriam como lá

"Com certeza voltei muito mais maduro e experiente"
domingo, 14 de junho de 2015
por Karine Knust
Na segunda parte da série Friburgo Sem Fronteiras contamos a história de Thiago Kirazian, que está aprimorando seus conhecimentos na Carleton University, em Ottawa. Neste domingo, você vai conhecer mais um exemplo de friburguense que foi para fora do país em busca daquele upgrade no aprendizado.

O frio da Irlanda é realmente intenso e o fato de ser friburguense não melhorou muito minha situação

Conrado Trigo, estudante

Depois da passagem pelo Canadá, vamos transportar você para uma viagem à Europa. Nosso desembarque é na Irlanda. O país fica ali bem do ladinho da Inglaterra. Por lá, se fala o inglês e o irlandês. A independência é recente — do início do século XX — e o regime administrativo da nação é a República Parlamentarista. Quatro milhões e meio de habitantes sustentam uma economia cujo PIB gira em torno de 225 bilhões de dólares.

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Inglaterra - Rumo à terra da Rainha
Canadá - Snowboard, aurora boreal e muita engenharia
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Portugal - Mesmo fim, diferentes meios

Da capital, Dublin, seguimos por 300 km até chegarmos ao Condado de Kerry, no sul da Irlanda. Lá foi o lar de mais um desbravador da nossa terrinha, Conrado Trigo, de 23 anos. Ele foi um dos 2.192 beneficiados do programa Ciência Sem Fronteiras que hoje estão espalhados por toda a Irlanda. Lá ele cursava algo semelhante ao que no Brasil seriam as faculdades de zootecnia e agronomia — Agricultural Science. Aluno da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Conrado ficou por mais de um ano no Institute of Tecnology Tralee (ITT). E mesmo vindo da cidade conhecida como Suíça Brasileira foi uma característica considerada típica da nossa serra que chamou a atenção do jovem. “O frio da Irlanda é realmente intenso e o fato de ser friburguense não melhorou muito minha situação. A segunda coisa que me deixou surpreso foi a educação do povo irlandês. Eles são muito amistosos e sempre dispostos a ajudar. Os irlandeses são muito calorosos”, declarou. 

Irlanda: a escolha perfeita para um zootecnista

A rotina de Conrado na Irlanda era bem tranquila. Ele acordava umas oito da manhã, se preparava e seguia de bicicleta do alojamento até a universidade, em um percurso de cerca de um quilômetro. Depois das aulas da manhã, era hora de ir para casa, almoçar, e voltar para o segundo período de atividades na ITT. Mas o dia do estudante não parava por aí. “Geralmente minhas aulas acabavam às 16h e, então, eu ia para a academia onde eu ficava até às 18h, em média. Depois da academia, eu voltava para casa, tomava meu banho, jantava e estudava por uma ou duas horas e depois via alguma série pelo computador e ia me deitar. Havia dias que eu ainda praticava outros esportes, como natação e futebol, porém com menos frequência”, comentou.

Estudar fora do país de origem, de fato, é algo que abre os horizontes. No caso de Conrado, a opção pela Irlanda foi estratégica. “Eu sempre quis ir para um país de língua inglesa, para aprimorar o inglês, e que tivesse certa tradição na minha área de estudo. A Irlanda foi uma escolha perfeita por juntar tudo isso. Ao mesmo tempo em que o país é fortemente agrário — grande produtor de carne bovina, ovina e também de leite — ele é extremamente tecnológico e bem desenvolvido”, conta o friburguense, que reforça: “Estudar fora do país é uma forma de conhecer novas culturas, pessoas e lugares. Além de ser uma perfeita maneira de aprimorar ou aprender uma nova língua e desenvolver nossos conhecimentos. Além disso, o intercâmbio é, sem dúvidas, uma maneira de nos conhecermos melhor e de nos desenvolvermos como pessoa”, ressalta.

Mais estrutura menos especialização

Sobre as diferenças nas universidades, Conrado é bem enfático. “Existem muitas diferenças em relação à infraestrutura. Na Irlanda é praticamente impecável. Os laboratórios são todos muito bem equipados e tudo funciona perfeitamente. Infelizmente, na UFRRJ nem tudo ocorre desta maneira e muitas vezes faltam materiais fundamentais para a realização de aulas práticas. Em relação aos professores, acredito que os da Rural são mais preparados e mais focados nos assuntos abordados por eles. Aqueles que dão aula no Brasil, pelo menos na universidade que estudo, transmitem mais confiança para os alunos do que os irlandeses. No ITT, geralmente um professor leciona inúmeras disciplinas, umas inclusive que eles talvez não dominem tanto. Isso pode passar um pouco de insegurança para os alunos. Na Rural, geralmente os professores sabem muito sobre o assunto por eles lecionados. Em relação ao conteúdo, ao meu ver, as universidades brasileiras não perdem para as irlandesas. Mas é claro que sempre há exceções”.

Conrado retornou ao Brasil há três semanas. Mas já reconhece as mudanças que sua vida terá daqui pra frente, após o período na Europa. “Tenho certeza que minha vida será muito diferente a partir de agora, com mais oportunidades, opções e responsabilidade. Espero colocar em prática tudo que aprendi nesse um ano e meio de intercâmbio, tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Com certeza voltei muito mais maduro e experiente”, concluiu.

  • Conrado Trigo em frente ao Institute of Tecnology Tralee (ITT) (Arquivo pessoal)

    Conrado Trigo em frente ao Institute of Tecnology Tralee (ITT) (Arquivo pessoal)

  • Conrado voltou da viagem impressionado com as belas paisagens irlandesas (Arquivo pessoal)

    Conrado voltou da viagem impressionado com as belas paisagens irlandesas (Arquivo pessoal)

  • A infraestrutura do país europeu chamou a atenção do estudante de Zootecnia (Arquivo pessoal)

    A infraestrutura do país europeu chamou a atenção do estudante de Zootecnia (Arquivo pessoal)

  • O estudante friburguense  Conrado Trigo fez intercâmbio na Irlanda (Arquivo pessoal)

    O estudante friburguense Conrado Trigo fez intercâmbio na Irlanda (Arquivo pessoal)

  • Os estudantes friburguenses Thiago Kirazian e Conrado Trigo (Infográfico de A Voz da Serra)

    Os estudantes friburguenses Thiago Kirazian e Conrado Trigo (Infográfico de A Voz da Serra)

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