Mangueiras e mangotes: você costuma checar?

sexta-feira, 02 de junho de 2017

Em meio a toda a tecnologia embarcada em automóveis cada vez mais computadorizados e repletos de sensores, peças relativamente simples como as mangueiras e os mangotes continuam exercendo funções essenciais para o funcionamento da máquina em sistemas como troca de calor, alimentação e frenagem. E, como qualquer outra peça, essas pequenas tubulações também possuem vida útil e precisam ser substituídas de tempos em tempos. A negligência, nessa área, pode ocasionar desde pequenas fervuras do motor até problemas mais graves, como a eventual perda dos freios ou até mesmo o incêndio do veículo.

Mecânico com mais de vinte anos de experiência e premiado pelo Senai, o friburguense Ronaldo Gomes explica como identificar os sintomas de fadiga por parte dessas conexões. “No caso dos mangotes de freio, por exemplo, um sintoma negativo é quando eles estão muito limpos e brilhosos”, comenta. “Porque pouca gente sabe, mas óleo de freio precisa ser trocado a cada ano. A partir desse período ele começa a absorver a umidade do ar através do respiro do sistema, e começa a existir um acúmulo de água em meio ao óleo. O mangote de freio é feito para suportar grandes variações de pressão e temperatura, mas se houver água no sistema ela irá sobrecarregar o pistão, podendo gerar vazamento. Nesse caso, o mangote – que geralmente fica sujo de poeira – passa a estar sempre limpo e lubrificado. Esse costuma ser um sinal de que o óleo, e provavelmente também os mangotes, precisam ser substituídos.”

“É importante observar que, apesar de serem parecidas por fora, cada mangueira ou mangote possui uma composição interna específica”, continua Ronaldo. “As mangueiras do radiador, por exemplo, precisam lidar com grandes variações de temperatura, enquanto os mangotes de freio são projetados para suportar altas pressões. Em todos os casos, eventuais deformações nas bordas das extremidades costumam ser um sinal de fadiga e de que também a peça precisa ser substituída o quanto antes. No caso do radiador, também é importante fazer a troca da válvula termostática a cada 50 mil quilômetros, antes que ela interrompa o fluxo de água e provoque uma fervura. Além disso, deve-se evitar a utilização da água clorada no reservatório. Atualmente, recomenda-se a diluição de até 50% de etileno glicol junto à água, para evitar corrosão e o acúmulo de resíduos”, continua.

Entre todas as mangueiras, no entanto, a última que o motorista irá querer que falhe é a de combustível. Com o motor quente, dependendo do tipo de vazamento, é possível até mesmo que o veículo venha a se incendiar. “Isso não é algo comum, pois as mangueiras têm qualidade e boa durabilidade. Mas é preciso estar atento à vida útil delas, porque em caso de falhas os prejuízos podem ser enormes. Eu já atendi carros que se incendiaram assim”, encerra Ronaldo.

Da próxima vez que abrir o capô, portanto, não deixe de conferir o estado das mangueiras de seu carro. Considerando o baixo custo de reposição e as altas possibilidades de prejuízo, esta certamente é uma área onde não vale a pena economizar.

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Márcio Madeira da Cunha

Sobre Rodas

O versátil jornalista Márcio Madeira, especialista em automobilismo, assina a coluna semanal com as melhores dicas e insights do mundo sobre as rodas

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