Roger marca um gol de placa

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Roger marca um gol de placa

O atacante Roger, do Botafogo, foi operado no último dia 7 para a retirada de um tumor no rim direito. Tal achado, no final de setembro, resultou no afastamento do artilheiro da equipe, com 17 gols marcados na temporada, até que o diagnóstico de benignidade ou malignidade fosse confirmado.  No último dia 12,  Roger convocou uma entrevista coletiva, no hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, e ao lado do médico que o operou, Raphael Rocha, comunicou que a biópsia tinha revelado se tratar de um tumor benigno.

Os torcedores da equipe de General Severiano, que desde o início se mostraram solidários com o drama de Roger e respiraram aliviados, ainda mais com a afirmação do jogador de que pretende estar em campo no último compromisso do time, no Campeonato Brasileiro, em meados de dezembro. De quebra, com o contrato renovado, pois tão logo a notícia da enfermidade foi revelada, a atual diretoria, num gesto altamente elogiável, se prontificou a prolongar o vínculo que terminaria no final de dezembro.

Roger não é um craque e foi contestado por uma parte da torcida, logo após ser incorporado ao elenco alvinegro. No entanto, a sua dedicação, aliás, o diferencial desse time, e os gols que começaram a ser marcados e que contribuíram para a grande campanha desse ano, o colocaram nos braços da torcida que passou a apoiá-lo e a confiar nele. Assim, o final feliz dessa história foi um motivo de comemoração por parte dos torcedores que rezaram pelo seu pronto restabelecimento.

Na realidade, o Roger tem uma história de vida marcante, em função de dois dramas sérios que teve de enfrentar. O primeiro foi o alcoolismo, no início da vida profissional, o que de certa forma prejudicou sua carreira. Conforme ele mesmo declarou numa entrevista na cidade de Domingos Martins, no Espírito Santo, onde o Botafogo fez sua pré-temporada, bebia muito e não tinha maiores compromissos. Assim, uma carreira promissora, com uma provável convocação para a seleção brasileira se viu comprometida e o atleta passou a rodar por vários clubes do Brasil e exterior. Após sete anos longe do álcool, foi contratado pelo clube da estrela solitária, no final de 2016 e vive, atualmente, um dos melhores momentos de sua trajetória, no futebol.

A segunda surpresa que a vida lhe pregou foi a constatação da perda da visão de sua filha Giulia, aos três meses de idade, em função de uma rara doença do sistema nervoso central. Hoje ela tem 11 anos e convive muito bem com sua deficiência, sendo uma nadadora de primeira e com pretensões de disputar uma paraolimpíada. A menina também já teve aulas de jiu-jítsu. Numa entrevista Roger contou que fez de tudo o que foi possível para tentar recuperar a visão de sua filha, sem sucesso; atualmente a família se rendeu à deficiência, mas com a segurança de que se sequelas psicológicas havia, elas pertencem ao passado.

Infelizmente a meta de ultrapassar os 17 gols já marcados nessa temporada vai ficar para outra ocasião, pois o projeto de voltar a jogar esse ano ficou comprometido. No entanto, com o resultado negativo da biópsia feita no tumor de seu rim, fica a certeza que seu maior gol, um verdadeiro gol de placa foi marcado, não num campo de futebol, mas num laboratório de patologia clínica, onde Roger viu sua vida continuar livre de ameaças e sua carreira mantida num dos grandes clubes do Brasil, o Botafogo de Futebol e Regatas.

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Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

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