Tentações

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

“Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno.” Mateus disse isso no capítulo 5, versículo 29.

Na verdade, ele falava de tentações. A culpa de ceder a uma tentação e ser conduzido ao inferno levava à possibilidade metafórica da automutilação. Basta entregarmo-nos a desejos proibidos para nos mergulharmos numa culpa bíblica.

E como vencer a vontade do que não devemos querer? Por que vencer o nosso desejo? Afinal, somos animais instintivos ou nascemos com o chip do controle de nossos impulsos, bastando ativá-los?

Sei que essas perguntas não têm respostas certas ou erradas e que não conseguiremos chegar a uma conclusão única. Mas compartilhar meus pensamentos com vocês, com certeza nos ajudará a entender melhor o ser humano.

Vivemos em sociedade sob regras de conduta - algumas regras vindas de lei e regulamentação jurídica e outras regras éticas e morais que pautam (ou deveriam pautar) as nossas ações. Por que é tão difícil vencer todas as tentações por que passamos?

Há tentações que só fazem mal a nós mesmos. Pode ser  péssimo ceder a elas, mas não causamos prejuízo a ninguém além de nós mesmos. Trata-se do exemplo clássico do doce da geladeira que roubamos de lá e comemos sem podermos.

Já outras tentações, aquelas ligadas ao que é legal ou ilegal, moral ou imoral, podem muitas vezes prejudicar profundamente terceiros envolvidos e, mesmo assim, muitas vezes as pessoas fraquejam em situações  que vão desde um esquema de propina, um desvio de dinheiro, um roubo pequeno ou grande, a uma traição afetiva ou sexual, uma fofoca maledicente e irresponsavel ou uma trapaça. Tentações do bolso, da carne, da língua, de poder.

Por que caímos nela? Por que fazemos tantas pessoas sofrerem por não segurarmos nosso desejo primal? O que fazermos para minimizar as consequências muitas vezes desastrosas de se seguir instintos e vontades? Devemos ser menos egoístas? Mais racionais? Termos empatia e pé no chão? Sermos mais caretas? Valorosos? Quem sabe desde pequenos trabalharmos Direito e Ética na escola? A melhor saída sempre é pela educação.

Mas eu não tenho respostas, infelizmente. Se tiverem, compartilhem comigo.

O que sei, é que tirar a venda dos olhos  e do instinto humano quase  inevitável, é um bom começo de luta - como se na nossa dualidade humana, lutássemos para que o bem vença o mal. Lembrando que esse mal, não necessariamente o inferno, é a dor e sofrimento que podemos causar a terceiros e até a nós mesmos. 

Cada um é provado ao ser atraído e seduzido pelo seu próprio desejo.”  (Tiago no capítulo 1, versículo 14).

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Bia WIlcox

Bia Wilcox

Bia Willcox sempre escreveu.Professora e advogada por formação, sua grande paixão é conteúdo, texto, assuntos diversos pra trocar e enriquecer.assina a coluna Amores Cariocas na Rádio Bandnews e um blog sobre cultura e entretenimento no Portal R7

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