Como ter alívio em seus relacionamentos difíceis?

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Co-dependente é um tipo de pessoa que quer controlar tudo, quer mudar as pessoas, quer assumir sempre responsabilidades pelos erros dos outros sem deixar que eles os assumam, tem dificuldade de dizer “não” quando deveria, vive obcecada pela vida de outra pessoa, ao ponto de deixar sua vida de lado.

É possível aprender muito sobre si mesmo através das pessoas às quais você se liga. No processo de amadurecimento emocional uma pessoa aprende que não deve mais formar relacionamentos somente baseados na atração. Aprende a ser paciente, a permitir-se considerar fatos importantes e analisar informações sobre aquela pessoa.

O alvo neste tipo de recuperação é passar a conseguir ter atração saudável às pessoas.  Passar a permitir ser atraído ao que as pessoas são, não ao que elas podem vir a ser ou ao que você esperava que fossem.

 Quanto mais você procurar entender os problemas de sua família de origem, percebendo como lhe afetou ao longo de sua infância e juventude, menos precisará trabalhar através deles (dos problemas) com as pessoas para as quais você é atraído. Finalizar seus problemas do passado ajuda a formar relacionamentos novos e mais saudáveis. Exemplo: no casamento, é comum que o esposo e/ou a esposa tenham brigas freqüentes porque cada um pode ter trazido para dentro do relacionamento tensões mal resolvidas da vida do passado geralmente com os pais.

Muda o cenário, muda a pessoa, muda a idade, mas as reações emocionais podem ser ainda parecidas ou iguais proporcionalmente ao que se vivia com o pai e a mãe no passado infantil.

Se você tem tendência a ser um tomador de conta dos outros, quanto mais superar sua necessidade de ser justamente este tomador de conta, menos será atraído para pessoas imaturas que buscam proteção constantemente. Um típico tomador de conta vive arrumando a desordem que o outro faz, pagando as contas que o outro esqueceu de pagar etc.

Mas é importante pensar que seu papel na vida, seja de casado ou não, não é se tornar responsável pela (no lugar da) pessoa, mas para com a pessoa. Ela é que tem que assumir as coisas que competem a ela fazer, não você. Quanto mais aprender a amar e a respeitar a si mesmo, mais será atraído para pessoas que o amarão e respeitarão, e a quem poderá amar, respeitar com segurança e confiar.

 A mudança da maneira antiga e desagradável de ser é lenta. Não tem como acelerar isto. Então, seja paciente consigo mesmo. Talvez você ainda se aproximará de pessoas complicadas por algum tempo. Isto porque você precisará de um tempo para ir abandonando seu papel de tomador de conta, de controlador, de achar que tem que assumir as consequências dos erros dos outros.

O tipo de pessoa que lhe atrai talvez não mudará da noite para o dia. Sentir atração por pessoas problemáticas pode durar bastante no processo de recuperação emocional ou amadurecimento, o que não significa que você tem que permitir que elas o controle. Você iniciará e manterá relacionamentos com pessoas com quem precisa estar até aprender o que for preciso aprender – dure o quanto durar.

Também não importa com quem se relacionará ou o que descobrirá no relacionamento, o problema ainda é seu, e não da outra pessoa. Procure perceber que há algo em sua pessoa, sim, em você mesmo, que lhe dirige para aquela pessoa. É preciso perceber isto para conseguir mudar. Isto o quê? Sua necessidade de se ligar com pessoas difíceis. Quando você era criança, por acaso se sentia responsável pela paz, autocontrole, alegria, de seu pai, de sua mãe? Eles jogavam isto sobre você talvez com colocações do tipo: “Ah! Meu filho (minha filha)! Sem você não sou feliz!”, e isto ficava pesado para você, mas, mesmo assim, você se sentia responsável pelo bem-estar deles e trouxe isto para sua vida adulta?

Podemos aprender a cuidar de nós mesmos ao iniciar e formar um relacionamento. Podemos aprender a ir devagar, prestar atenção, deixar de culpar Deus por nossos relacionamentos, e começar a ser responsáveis por eles. Podemos aprender a desfrutar os relacionamentos saudáveis, afastar-nos rapidamente dos mais problemáticos (pessoas que não querem melhorar) e aprender a procurar o que é bom para nós sem obsessão por procurar o que é bom para a outra pessoa. E isto é diferente de egoísmo. É ser bom (também) para si mesmo.

Fonte: A Linguagem da Liberdade – Melody Beattie, Editora Record, p.135,136, 1999.

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César Vasconcelos de Souza

Cesar Vasconcellos de Souza

Saúde Mental e Você

O psiquiatra César Vasconcellos assina a coluna Saúde Mental e Você, publicada às quintas, dedicada a apresentar esclarecimentos sobre determinadas questões da saúde psíquica e sua relação no convívio entre outro indivíduos.

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