Sumidouro: uma história esquecida de Nova Friburgo - Parte 1

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Sumidouro já pertenceu a Nova Friburgo durante algumas décadas no século 19. Durante o período de sua maior prosperidade econômica, proporcionada pela produção do café, era uma freguesia de Nova Friburgo denominada de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer. O plantio do café associado ao uso do trabalho escravo de africanos gerou a riqueza de vários fazendeiros nessa região, alguns adquirindo títulos nobiliárquicos. Os sobrados do período do Império localizados em Sumidouro são o testemunho dessa época de opulência e de vigor econômico. Sumidouro possui áreas montanhosas com altitude que chegam a 1.300 metros de altura, magníficos vales por onde corre o majestoso Rio Paquequer e seus afluentes. Sua economia é essencialmente agrícola e boa parte da população vive na área rural. A agricultura e a pecuária distribuem-se pelo município de acordo com a sua geografia. O município é dividido em “terras quentes” e “terras frias”.

Há maior produção agrícola nas regiões mais elevadas e de clima mais frio. Já nas áreas mais próximas do nível do mar predomina a pecuária. Quem percorre o município de Sumidouro percebe ao cruzar as áreas da região serrana e do Vale do Paraíba uma vasta exploração agrícola e uma estrutura agrária baseada na pequena propriedade. Sumidouro é um município que conheceu grande prosperidade no século 19, como dito antes, período em que era freguesia de Nova Friburgo. Entre todas as freguesias de Nova Friburgo nos parece ter sido a mais próspera, seguida pela freguesia de São José do Ribeirão. O cultivo do café e secundariamente da cana-de-açúcar representam o período de sua maior expressão econômica no Segundo Reinado. Mesmo com o problema da falta de mão de obra provocada pelo fim da escravidão, a produção de café, até a crise de 1929, ainda representava a atividade econômica de Sumidouro. Igualmente a produção de açúcar e de rapadura permaneceria em pequenos engenhos, alguns deles de propriedade de colonos italianos e suíços. Depois da crise do café, Sumidouro vive uma nova fase econômica na produção agrícola. A partir de 1940, tem início a produção de hortaliças, legumes e flores, base de sua economia até hoje. A evolução político-administrativa do município de Sumidouro passa por diversas fases. Em princípios do século 19 pertencia a Cantagalo. De Curato, o povoado é elevado, em 1843, a categoria de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer e passa a pertencer a Nova Friburgo. A região era tão próspera e disputada que Nova Friburgo perdeu-a para o município de Magé, três anos depois. Porém, em 1848, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer volta a pertencer a Nova Friburgo. Essa freguesia ficará ligada a Nova Friburgo até o ano de 1881, quando será incorporada ao município do Carmo.

Em 1890, a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer desmembra-se do Carmo, ganha status de município e passa a denominar-se Sumidouro. Dois anos depois sofre uma perseguição política e fica suprimido o município de Sumidouro, sendo literalmente retalhado. Uma parte de Sumidouro passa pertencer ao Carmo, outra a Duas Barras e uma terceira a Sapucaia. No entanto, no mesmo ano, em 1892, fica restabelecido o município de Sumidouro com todo o seu território. Não sabemos ainda como determinar em termos numéricos, mas a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Paquequer nos parece ter sido a mais produtiva de Nova Friburgo. Percorrendo as antigas fazendas dessa região, que hoje é Sumidouro, nos conduz a tal conclusão. Os antigos sobrados do tempo do Império são testemunho do vigor econômico dessa freguesia, que nesse período, pertencia a Nova Friburgo.

Continua na próxima semana. 

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    Vista do Vale de Sumidouro. Ao fundo a estrutura da pedra da Ponte Seca, por onde passava o trem (Cortesia Janaína Botelho)

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    Fazenda Boa Vista (Cortesia Janaína Botelho)

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    Fazenda do Encanto (Cortesia Janaína Botelho)

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Janaína Botelho

História e Memória

A professora e autora Janaína Botelho assina História e Memória de Nova Friburgo, todas as quintas, onde divide com os leitores de AVS os resultados de sua intensa pesquisa sobre os costumes e comportamentos da cidade e região desde o século XVIII.

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