O Espaço da Arte

sexta-feira, 17 de março de 2017
Foto de capa
Cena do filme "Moonlight: Sob a Luz do Luar"

Bem-vindos ao Espaço da Arte, o nosso encontro semanal de crítica de filmes, história do cinema e biografias das personalidades do mundo cinematográfico. Será uma honra trocar ideias e construir uma coluna em total harmonia com você, e mais, ampliar nosso entendimento sobre o lugar do cinema em nossas vidas.

As artes referem-se ao desenvolvimento de formas simbólicas, algo que vem sendo praticado pelos seres humanos desde a idade mais remota. Arte e História estão intimamente entrelaçadas. A História, isto é, nosso conjunto de experiências sociais, políticas e culturais, é atravessada pelas artes, que existem em razão de uma demanda da constituição de sentido. É neste contexto que exploramos o papel do audiovisual.

Hoje em dia, não é possível pensarmos em um mundo sem a presença do audiovisual. Em convergência com essa realidade, ao entrar em contato com os filmes, nos defrontamos com um tempo à frente da consciência que temos de nós mesmos e do mundo. A ideia é a de que o efeito desestabilizador dos filmes se prolongue, consiga se desenvolver para uma compreensão posterior, algo transformador. O contato com algo que nos afeta, mas que ao mesmo tempo nos foge da total compreensão, possibilita a construção de novos caminhos do pensamento, uma vez que somos deslocados e provocados.

Foi no dia 26 de outubro de 1989, aos sete anos de idade, que a minha vida mudou, após sair da sessão do “Batman” de Tim Burton. A partir dali, o cinema trouxe algum sentido à minha vida, e mais, sabia como gostaria de conduzir minha vida profissional ao crescer: fazer filmes. A paixão e a admiração pelo cinema só aumentaram com o tempo e as minhas inspirações estão, principalmente, no trabalho de Terrence Malick (preenche meu coração), Ridley Scott (encanta meus olhos) e Apichatpong Weerasethakul (explode minha cabeça). Sou graduado em Pedagogia e Cinema pela PUC-Rio. Hoje coordeno cursos de audiovisual em Nova Friburgo ao lado do meu sócio Rafael Hotz, por meio da nossa produtora Arturius Filmes. Nova Friburgo é linda! Cidade do cinema!

 

Moonlight: Sob a Luz do Luar (Moonlight)

2016 - 1h 51min
País: EUA
Trilha Sonora: Nicholas Britell
Classificação Indicativa: 16 anos

Vencedor na categoria Melhor Filme no Oscar 2017, narra a vida de Chiron em três fases da
vida – Little, Chiron e Black –, marcadas por fatores como o bullying, a figura paterna do traficante, a mãe drogada e a descoberta sexual. Um filme que estabelece a necessidade do debate, digna experiência da sala do cinema para reestruturar ideias e quebrar paradigmas.
São muitos os momentos que vão perpetuar na história do cinema e a bela trilha sonora ajuda na imersão. Atemporal é o adjetivo para a obra de arte do diretor Barry Jenkins.


Logan

2017 - 2h 17min
País: EUA
Diretor: James Mangold
Classificação Indicativa: 16 anos

Logan, o terceiro filme solo do super-herói mutante se afasta do formato dos estúdios Marvel e mostra que é possível ter uma história madura com ótimas interpretações. Logan (Hugh Jackman) está envelhecido e debilitado, não tem mais seu poder de cura e compra remédios de maneira ilegal para o Professor Charles Xavier (Patrick Stewart), um dia a mente mais poderosa do mundo, que hoje sofre de um mal degenerativo. Eles precisam impedir que a enigmática Laura (Dafne Keen) caia nas mãos de um grupo paramilitar liderado por Donald Price (Boyd Holbrook).


Kong: A Ilha da Caveira (Kong: Skull Island)

2017 - 1h 58min
País – EUA
Diretor: Jordan Vogt-Roberts
Classificação Indicativa: 14 anos

Kong ainda não é rei e o filme parece apenas preparar o terreno para o esperado embate com Godzilla em 2020, na medida em que se distancia do que conhecemos da franquia e se apega aos acúmulos de referências à cultura pop, limitando a construção da dramaturgia. No elenco de peso estão Tom Hiddleston, Brie Larson e Samuel L. Jackson, mas seus personagens não se desenvolvem o suficiente para criar empatia. A figura de Kong foi criada a partir de efeitos visuais com ajuda do ator Toby Kebbell, em captura de movimento facial.


A Grande Muralha (The Great Wall)

2016 - 1h 43min
País: China e EUA
Diretor: Yimou Zhang
Classificação Indicativa: 12 anos

A trama tem como base uma suposta lenda em relação à Muralha da China, mas se torna óbvia e vazia. Não há tempo para identificação com o inesperado herói William (Matt Damon) e seu irmão Tovar (Pedro Pascal), e as personagens coadjuvantes são previsíveis e cheias de estereótipos. Apesar da coprodução haver pretendido obter sucesso misturando a técnica do cinema chinês e o cinema pipoca americano, estima-se que o que filme tenha gerado enorme prejuízo.
 

A Bela e a Fera (Beauty and the Beast)

2017 - 2h 9min
País: EUA
Diretor: Bill Condon
Classificação Indicativa: Livre

A Bela e a Fera, de 1991, encantou o mundo, sendo a primeira animação indicada à categoria de melhor filme em um Oscar. Já a versão live-action peca, justamente, em se prender às referências do original, embora acrescente 45 minutos, dando mais consistência aos personagens. A escolha do elenco é primorosa, muito bem protagonizado por Emma Watson e sua Belle moderna, mas o visual do filme deixa a desejar. A representação da Fera lamentavelmente não causa o impacto esperado. Está para agradar os fãs da animação, nada mais.

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