Semana de 1922- É sempre bom lembrar

domingo, 19 de fevereiro de 2017

Fábula

Nêmesis – deusa da vingança, filha de Júpiter e da Necessidade. Castigava os maus e aqueles que abusavam dos dons da fortuna.

(Dicionário da Fábula – Traduzido por Chompré – Ed. Garnier – Paris)

Linha do Tempo

”O fim da arte inferior é agradar, o fim da arte média é elevar, o fim da arte superior é libertar”. (Fernando Pessoa)

"As obras de arte dividem-se em duas categorias: as de que gosto e as de que não gosto. Não conheço outro critério”. (Anton Tchekhov)

Semana de 1922- É sempre bom lembrar

A Semana de Arte Moderna, também chamada de “Semana de 1922”, aconteceu no Teatro Municipal de São Paulo, de 11 a 18 de fevereiro de 1922. Completa, portanto, 94 anos. Foi um encontro de novas ideias estéticas, que mudaram a arte e a literatura brasileiras. Considerado por muitos estudiosos da literatura como um divisor de águas na cultura brasileira, o evento provocou grandes e profundas transformações nas artes de nosso país — que, a partir daquele momento, romperiam definitivamente com a cultura europeizante ao propor o abrasileiramento nas artes plásticas, na música e na literatura.

Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Vítor Brecheret, Heitor Villa-Lobos, Menotti del Pichia, Guilherme de Almeida e Sérgio Milliet foram alguns dos grandes nomes que participaram da Semana, além de inúmeros outros artistas.

Fatos curiosos sobre a Semana de 1922

1. Monteiro Lobato foi ferrenho opositor dos modernistas

As raízes do modernismo brasileiro, e da própria Semana, vêm de um acontecimento de cinco anos antes. Em 1917, Anita Malfatti, recém-chegada da Europa, montou uma exposição com suas obras em São Paulo, considerada a primeira exposição modernista do Brasil. No dia 20 de dezembro, o escritor Monteiro Lobato publica um artigo no jornal O Estado de S. Paulo que sacudiu a sociedade e a crítica.

Com o título de “Paranoia ou mistificação?”, o artigo-bomba critica ferozmente a exposição de Malfatti, apesar de reconhecer seu talento. Ao longo do texto, ele diz que as formas distorcidas e abstratas representadas nas obras modernistas seriam fruto de “cérebros transtornados por psicoses” e defende a arte tradicional da época, dizendo que “todas as artes são regidas por princípios imutáveis”. O resultado: uma extensa briga entre defensores dos movimentos modernistas e apoiadores da arte clássica.

2. A Semana foi financiada pela oligarquia paulista

Com o artigo de Monteiro Lobato, os autores e artistas modernistas começaram a planejar os próximos passos para a difusão do movimento no cenário brasileiro. Mário de Andrade e Oswald de Andrade, que também eram jornalistas, usavam de seu espaço nos jornais para expor o Modernismo e defendê-lo das críticas. Surgiu, então, a ideia de fazer a Semana de Arte Moderna, no suntuoso Theatro Municipal de São Paulo e no mesmo ano em que a declaração de Independência completaria 100 anos. A data escolhida foi simbólica e representaria a “segunda” independência do Brasil — mas, desta vez, no sentido artístico.

Nesse momento, o apoio da elite paulista foi fundamental. À época, em pleno auge do período das oligarquias na República Velha, a oligarquia paulista tinha interesse em tornar São Paulo uma referência em criação cultural, posto que era ocupado pelo Rio de Janeiro. Além disso, o início da efervescência paulista passou a se contrapor ao conservadorismo carioca, que era bem mais tradicional no ramo das artes e, por isso mesmo, tinha um estilo mais consolidado e conservador. Assim, a Semana de Arte Moderna foi amplamente financiada pela elite cafeeira, que tomou a frente do evento que teria projeção nacional.

3. Era para ser uma semana, mas só durou três dias

Talvez porque a intenção fosse, de fato, experimentar e provocar mudanças, a Semana de Arte Moderna, na verdade, durou apenas três dias, alternados. O evento esteve anunciado e programado para ocorrer entre os dias 11 e 18 de fevereiro, mas o Theatro foi aberto para as exposições nos dias 13, 15 e 17.

Em cada dia, as apresentações foram divididas por tema: no dia 13, pintura e escultura; no dia 15, a literatura; e no dia 17, a música. Ironicamente, alguns dos nomes mais importantes do Modernismo não estiveram presentes na Semana. É o caso de Tarsila do Amaral, provavelmente a pintora mais conhecida do movimento, que estava em Paris, e Manuel Bandeira, que ficou doente e faltou à declamação do seu próprio poema, Os sapos, no segundo dia.

4. O público não gostou

Toda aquela modernidade não agradou o público. As pinturas e esculturas, de formas estranhas, fizeram os visitantes se perguntarem se os quadros estavam pendurados da maneira certa. Os poemas modernistas eram declamados entre vaias e gritos da plateia. Conta-se, inclusive, que no último dia o músico Heitor Villa-Lobos entrou para sua apresentação calçando sapato em um pé e chinelos no outro, o que foi considerado um desrespeito pelo público presente. Não deu outra: ele foi vaiado furiosamente. Depois, o maestro explicou que fora calçado assim porque estava com um calo no pé.

A reação dos visitantes ecoou entre os especialistas, que tratou o movimento como desimportante e retomou as críticas vorazes de Monteiro Lobato. De fato, à época, a Semana de Arte Moderna não teve tanta importância. Mas, nos anos seguintes, o evento passou a ser considerado o marco que inaugurou o Modernismo no país e provocou os efeitos sentidos em todos os aspectos da cultura brasileira até os dias de hoje.

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