Do hipocondríaco ao cibercondríaco

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Achei muito interessante esta notícia que vou passar para vocês. Ouvi em alguma rádio ou TV, não me lembro exatamente. Em uma cidade da Argentina, o dono de um restaurante oferecia, gratuitamente, a todo freguês que concordasse em deixar o celular depositado no cofre da casa, durante o almoço, uma garrafa pequena de um bom vinho.    

Perguntado por que fazia aquilo, respondeu que ficava decepcionado ao ver as pessoas mudas, sem conversar e sem largar o celular, comendo sem saborear a boa comida da casa. Exatamente como nós também assistimos todo o tempo, nas ruas e nos locais públicos da cidade, estas cenas de gente nova e adulta, com os olhos grudados no tal do celular, completamente mudos, só digitando.

Dizem os especialistas que é o mal do nosso tempo. Se antes dizíamos que alguém com mania de doença era um hipocondríaco, agora se diz que o sujeito que procura explicação para tudo no Google é um cibercondríaco.

Uma verdadeira multidão destas pessoas, antes de ir a um médico de carne e osso, corre a procurar no tal “Dr. Google” informações a respeito das coisas que estão ocorrendo com ele. O perigo é que a maioria daquelas informações não é confiável.

A garotada e até mesmo os mais velhos permanecem todo o tempo em estado de alerta, de olhos e ouvidos ligados no celular esperando algum sinal de mensagem e quando nada acontece passam por um estado de desapontamento que se ficar se repetindo com muita frequência pode causar um grande mal emocional.

A coisa fica parecida com a necessidade que os fumantes sentem de dar uma tragada ou o que os dependentes de bebida alcoólica sofrem ao passar muitas horas sem tomar um gole. Uma pesquisa confiável vinda dos Estados Unidos revela que 55% deles usam o celular enquanto dirigem, 35% no cinema, 19% durante um culto religioso e, vejam só esta última, 9% pegam no celular durante o sexo!

Em relação à internet, agora que se pode entrar nela usando o celular, as coisas ficaram mais complicadas ainda, pois a turma pega pesado e não se desliga um minuto, permanecem até altas horas da madrugada de olho em tudo que aparece e começam a sofrer de uma síndrome de esgotamento físico e nervoso, pois mal dormidos não conseguem agüentar o trabalho durante o dia e as coisas só vão piorando com o tempo, até que ocorra um apagão que pode ter sérias consequências e levar a pessoa a precisar de atenção médica especializada e com afastamento de suas atividades.

Se em outros tempos os momentos de lazer da família eram cheios de bate-papo e troca de boas ideias e muita risada, agora são cheios de silêncio misturado com toques no teclado. E vamos em frente que atrás vem gente!

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Dr. Norberto Louback Rocha

Dr. Norberto Louback Rocha

A Saúde da Mulher

O ginecologista e obstetra Norberto Rocha assina a coluna A Saúde da Mulher, publicada às terças no A VOZ DA SERRA. Nela, o médico trabalha principalmente a cultura de prevenção contra os males que atingem as mulheres.

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