Trânsito de Friburgo tem 2 acidentes e faz quase 4 vítimas por dia

Corpo de Bombeiros registrou 411 colisões, com total de 677 pessoas mortas ou feridas, no primeiro semestre de 2017
terça-feira, 25 de julho de 2017
por Dayane Emrich
Trânsito de Friburgo tem 2 acidentes e faz quase 4 vítimas por dia

O último fim de semana foi violento no trânsito de Nova Friburgo. Às vésperas do Dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, celebrado pelos fiéis católicos nesta terça, 25, o Corpo de Bombeiros atendeu vítimas de pelo menos cinco acidentes. Um dos mais graves aconteceu na Avenida Presidente Costa e Silva, em Duas Pedras, onde um carro capotou. O motorista foi levado para o Hospital Municipal Raul Sertã.

Também no domingo, 23, um motorista colidiu contra o muro do Hospital da Unimed, na Chácara do Paraíso, e ficou pendurado dentro do carro. Houve acidentes também em São Pedro da Serra; na ponte da Rua Sete de Setembro, no Centro; e duas colisões na Avenida Engenheiro Hans Gaiser.

O que chama atenção é que este não foi um fim de semana atípico na cidade, pelo contrário. Essa tem sido uma realidade constante em Nova Friburgo. De acordo com dados do 6º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM), de janeiro até ontem, 25, o município registrou 677 vítimas de acidentes de trânsito, entre feridos e mortos. Ao todo foram 288 colisões; 89 quedas de moto;  22 capotagens e 12 quedas de veículos -- contabilizando 411 acidentes.

Em apenas dois meses, os números mais que dobraram. Isso porque, em reportagem divulgada por A VOZ DA SERRA em maio deste ano, haviam sido registrados 173 acidentes de trânsito na cidade, com 435 vítimas. Um aumento de 237% em relação aos acidentes e 155% ao total de vítimas.

Outros dados que demonstram o alto índice de acidentes na cidade, principalmente nos fins de semana, foram apontados em um estudo do Departamento Estadual de Trânsito (Detran - RJ), relativo a 2015. Segundo o órgão, a maior parte dos acidentes no município, naquele ano aconteceu nos sábados e domingos (34%) e durante as férias escolares (29%). Ainda conforme o documento, Nova Friburgo registrou 21 óbitos no trânsito e 357 feridos em 2015.

A pesquisa divulgada pelo Detran aponta ainda que, há dois anos, haviam 117 mil veículos registrados em Nova Friburgo, isto é, seis veículos para cada dez habitantes, 27% de toda a frota da Região Serrana. Segundo dados do órgão, até abril deste ano mais quatro mil veículos passaram a circular nas ruas da cidade, contabilizando um total de 121 mil carros.

Para o comandante do Corpo de Bombeiros no município, tenente-coronel Fábio Gonçalves, o crescimento do índice de acidentes pode estar relacionado ao aumento da frota friburguense. “A quantidade de veículos e motos nas ruas vem crescendo muito e isso colabora para o aumento de casos, mas a pressa, a falta de educação no trânsito e a desobediência às legislações também são fatores bastante comuns”, afirmou o militar.

Entre os trechos mais perigosas da cidade, as rodovias RJ-116 (Itaboraí – Nova Friburgo – Macuco); RJ-130 (Nova Friburgo-Teresópolis) e RJ-142 (Estrada Serramar) foram apontadas pelo Detran como os locais com o maior número de acidentes. Fazem parte da lista também a Avenida Roberto Silveira, conhecida como avenida da morte, o trevo de Duas Pedras e a Avenida Júlio Antônio Thurler, em Olaria.

O último acidente trágico registrado em Friburgo, por exemplo, aconteceu no dia 5 de julho. Na ocasião, um jovem de 24 anos morreu em uma colisão em uma curva na RJ-116, em Furnas. Thayran Dinis da Cruz pilotava uma moto quando, segundo testemunhas, derrapou, caiu do veículo e colidiu contra um carro da Secretaria municipal de Saúde de Cantagalo.

Dados gerais

Em 2016, no Estado do Rio, 36.726 pessoas foram vítimas (entre feridos e mortos) nas estradas e demais vias fluminenses, conforme dados do Detran e do ISP (Instituto de Segurança Pública). Em relação ao país, um levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária, divulgado no ano passado, mostra que o número de vítimas no trânsito brasileiro é o maior do mundo. A pesquisa é baseada no registro do seguro DPVAT (Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre), o qual aponta que o Brasil tem 31,3 vítimas fatais a cada 100 mil habitantes.

Ainda segundo o levantamento, só no ano passado foram contabilizadas pelo DPVAT 60,7 mil mortes, número 4% superior em relação a 2011, além de 352 mil casos de invalidez permanente. A maior parte dos acidentes foi registrada entre jovens de 18 e 34 anos – 41% do total. A irresponsabilidade e imperícia dos motoristas são responsáveis por 95% dos acidentes.

 

OPINIÃO:

Precisamos falar sobre segurança no trânsito

(Vinicius Farah, presidente do Detran-RJ, exclusivo para A VOZ DA SERRA)

A sociedade precisa vestir a camisa da segurança no trânsito. Devemos intensificar e falar sobre a preservação da vida, sempre. Este tema deve ser debatido de forma incansável. Nos últimos meses, no Detran, ampliamos esta discussão e promovemos palestras, conversamos com os cidadãos, participamos de pedalada, e realizamos outras ações que frisaram a importância do cuidado ao volante. E queremos continuar com esta reflexão. A preocupação com os motoristas e pedestres e, consequentemente, com a vida deve ser constante.

O que nos dá essa certeza? Somente em 2015, conforme dados levantados pelo Detran, 1786 pessoas morreram nas vias do nosso estado. Houve um total de 40.477 vítimas nos 30.012 acidentes registrados. Sou de Três Rios, que tem uma população de cerca de 100 mil habitantes. O número de mortos é como se quase 2% da minha cidade tivessem morrido. O número de mortos mais feridos alcança mais de um terço da minha cidade. Também podemos comparar que o número de vítimas fatais é igual à queda de quatro grandes aviões sem sobrevivente. Vítimas que, se não morrem, sofrem sequelas que podem continuar pelo resto da vida. Jovens, mulheres, homens, crianças, velhos, enfim... são cinco vidas abreviadas por dia, principalmente por excesso de velocidade.

Os locais de grande concentração urbana já têm uma gama de questões muito sérias e de grandes proporções. Não podemos deixar que problemas com soluções ou amenizações bastante significativas se percam por inação. A segurança no trânsito é um desses riscos que, se não pode ser eliminado, pode ser muito reduzido. Ações como pintar faixas de pedestres ou conscientizar motoristas de que a faixa da direita deve ser a de menor velocidade podem ser realizadas sem grandes gastos e dar resultados.

Por isso estou abrindo o Detran para conversar com os especialistas de trânsito de cada cidade e atuarmos. Já mapeamos os locais mais perigosos de cada município onde podemos concentrar ações. Na capital, por exemplo, 42 pessoas morreram no trânsito por mês em 2015. O local mais perigoso de todos é a Avenida Presidente Vargas, onde o atropelamento é o problema mais constante. Na Baixada, em Caxias, o número de mortos por mês chegou a sete e no ano foram 78. Já em Nova Iguaçu foram 65 mortos no ano, ou cinco a cada mês, de um total de 1889 acidentados.

Em Nova Friburgo, em 2015, havia seis veículos para cada 10 habitantes, o número de infrações chegou a quatro para cada 10 automotores. São mais de 117 mil veículos por toda a cidade e mais de 47 mil infrações por ano. A frota de Friburgo corresponde a 27% de toda a Região Serrana. A consequência desse comportamento foram 21 óbitos no trânsito e 357 feridos. Em 8% dos acidentes de trânsitos ocorreram óbitos, sendo que 34% deles aconteceram nos fins de semana e 29% nos meses das férias escolares. Uma triste realidade da imprudência. As rodovias RJ-116, RJ-130 e RJ-142 sãos os locais com o maior número de acidentes. Na cidade, a Avenida Roberto Silveira é o ponto de maior incidência de colisões.  

Estes são os números mais atuais. Em breve, até o fim do ano, um novo relatório será apresentado para a sociedade. Esperamos que os dados sejam mais positivos a favor da vida. Por isso, em todas as cidades do Rio de Janeiro, atuar como agentes para a mudança está ao alcance das nossas mãos. Não podemos deixar passar mais. Precisamos falar sobre segurança no trânsito.

 

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
TAGS: acidente
Publicidade